Essa diferença é clara quando ouvimos a primeira faixa, "My Propeller". Nota-se logo o andamento mais lento, e a sonoridade mais musculada do álbum, certamente devido à influência do produtor, o nosso velho conhecido vocalista e guitarrista dos Queens of The Stone Age, e baterista dos Eagles of Death Metal, Josh Homme. Essa diferença no som deve-se em parte pela viagem ao deserto do Mojave, para onde Homme levou a banda, com o intuito de os inspirar na criação de novas músicas. Duas semanas isolados do mundo, os Arctic Monkeys não fizeram nada senão tocar, escrever e compôr. E dessas duas semanas nasceu grande parte de "Humbug", um álbum digno de louvores, pois mostra a capacidade de mudança de Alex Turner e companhia. Um bom álbum, devo dizer.
Porém, e infelizmente, não passa disso. Não se sente a surpresa dos dois primeiros álbuns. Não tem a magia que os outros registos tinham, não nos impressiona, não nos enfeitiça. Claro que os inteligentes jogos de palavras de Alex Turner estão lá, tal como a qualidade técnica inegável da banda. Contudo, falta algo. Falta alguma criatividade no som, e essa lacuna grave faz com que o álbum tenha um som demasiado homogéneo. Atenção, eu aprecio que um álbum tenha um objectivo, um caminho comum a percorrer e que todas as músicas apontem nessa direcção. No entanto, o som deste álbum soa demasiado igual. Em algumas músicas sente-se algum aborrecimento, não por falta de qualidade dos temas, mas sim porque ficamos com a impressão que já ouvimos aquilo em algum lado. E, de facto, ouvimos, algumas faixas antes...
No entanto, algumas músicas têm o mérito de nos surpreender e nos fazer trautear. Faixas como "My Propeller", "Crying Lightning", "Potion Approaching" e "Dance Little Liar" mostraram-me alguma da magia dos álbuns anteriores, combinada com a mudança geral do álbum. No entanto, não são quatro músicas que fazem um álbum. Álbum este que dificilmente aguentará muito tempo, o que nos faz pedir por um novo lançamento, pelo menos nos próximos dois anos. Este álbum soa mais a um "trabalho em progresso" do que um álbum acabado. Algumas músicas têm potencial, mas não soam a trabalho final, o que tira qualidade ao álbum. Em suma, este álbum soube-me a pouco.
Por estas razões, este álbum não passa da marca do "Bom", o que não envergonha. Simplesmente, esperava-se mais dos Arctic Monkeys. Porém este álbum serve para mostrar duas coisas: que é inegável a influência do projecto secundário de Alex Turner, os Last Shadow Puppets (com o antigo líder dos The Rascals, Miles Kane) na sonoridade dos Arcitc Monkeys, e que este "amadurecimento" dos jovens ingleses deverá ser combinado com a jovialidade dos álbuns anteriores, o que deverá dar resultados encantadores. Esperamos mais dos meninos Arctic Monekys, a coqueluche do Indie Rock inglês.
Nota Final: 7,3/10
o Criador:
João Morais
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