Desde 1979 que Mike D, MCA e Ad-Rock, os Beastie Boys, estão
juntos, tendo atingido com o passar dos tempos o estatuto de “decanos do Hip-Hop”, pelo seu contributo para o
género, com uma discografia que chega aos oito discos de originais. Após um registo
instrumental pouco acolhido pela crítica, The Mix-Up (2007), o grupo de
Brooklyn chega agora com Hot Sauce Committee Part Two, que
saiu a 27 de Abril, e que o MDC irá analisar hoje.
Sou fã de Beastie Boys, confesso.
Canções como No Sleep till Brooklyn, Sabotage, ou Ch-Check It Out são referências óbvias para muitos fãs de Hip-Hop, e este trio é certamente uma
das grandes figuras do género. Daí que muitos tenham ficado surpreendidos com The
Mix-Up, o disco que sucedeu ao brilhante To the 5 Boroughs(2004),
e que chocou com a sua abordagem instrumental, chegando a “roçar”, por vezes,
géneros como o Funk ou até o Post-Punk, algo inédito para o trio.
Contudo, neste Hot Sauce Committee Part Two,
os Beastie
Boys regressaram ao Hip-Hop,
com uma abordagem um pouco mais electrónica, mas com as rimas “afiadas” de
sempre. Apesar de continuar a preferir To the 5 Boroughs, este disco, mais cerebral e menos imediato, é uma
bela incursão por um género tão variado como o Hip Hop, estilo esse em que os Beastie Boys sempre se mostraram
mestres.
Como disse, este álbum claramente mostra
uma vertente mais electrónica dos Beastie Boys, havendo aqui pouco
espaço para o crossover com o Rock que é tão habitual na banda. Ao
contrário do que estamos habituados, aqui não há riffs a rasgar, mas sim batidas computadorizadas, que remontam para
uma Electronica de ritmo rápido e
pesado, muito agradável ao ouvido. A produção mais “suja” também ajuda a dar um
clima mais “negro” a este Hot Sauce Committee Part Two, que só
lhe fica bem.
Contudo, este disco não está isento de
falhas. A mais gritante será a inconsistência, que faz com que faixas bastante
boas sejam intercaladas por canções que, a meu ver, não fazem falta nenhuma ao
álbum. Isso é também aliado ao facto de
haver alguns “interlúdios” que por vezes cortam o ritmo ao LP, algo que não me
agradou por completo.
Outro defeito está, a meu ver, na Electronica de algumas das faixas de Hot
Sauce Committee Part Two, que chega por vezes a ser repetitiva e
cansativa. Apesar deste problema não se ter revelado das primeiras vezes que
ouvi o álbum, a verdade é que a audição continuada fez-me perder muitas vezes o
vagar de ouvi-lo de novo, ou pelo menos de escutá-lo inteiramente, algo que
certamente não ajudou no veredicto final.
Entre as canções do álbum, destaco a
vibrante OK, a relaxada Don’t Play No Game That I Can’t Win (com
uma bela participação de Santigold)
e a minha favorita, a rápida e frenética Lee
Majors Come Again, a única faixa que puxa para o lado mais “tradicional”
dos Beastie
Boys, e que me trouxe alguma nostalgia. Entre as de que menos gostei estão
Nonstop Disco Powerpack, Tadlock’s Glasses e The Lisa Lisa/Full Force Routine (que a meu ver, fecha mal o álbum).
Em suma, Hot Sauce Committee Part Two
mostra uns Beastie Boys que continuam a querer inovar e experimentar, algo
que acho muito salutar e que prezo muito nos artistas e bandas. Contudo, apesar
de ser um álbum muito bom, não está livre de falhas, e mesmo sendo uma melhoria
em relação a The Mix-Up, falha em ultrapassar To the 5 Boroughs, um
disco de excepção. Porém, se ouvirem este oitavo LP do trio, não irão ficar nada
mal servidos.
Nota
Final: 8,1/10
João Morais
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