sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Hot Sauce Committee Part Two


Desde 1979 que Mike D, MCA e Ad-Rock, os Beastie Boys, estão juntos, tendo atingido com o passar dos tempos o estatuto de “decanos do Hip-Hop”, pelo seu contributo para o género, com uma discografia que chega aos oito discos de originais. Após um registo instrumental pouco acolhido pela crítica, The Mix-Up (2007), o grupo de Brooklyn chega agora com Hot Sauce Committee Part Two, que saiu a 27 de Abril, e que o MDC irá analisar hoje.

Sou fã de Beastie Boys, confesso. Canções como No Sleep till Brooklyn, Sabotage, ou Ch-Check It Out são referências óbvias para muitos fãs de Hip-Hop, e este trio é certamente uma das grandes figuras do género. Daí que muitos tenham ficado surpreendidos com The Mix-Up, o disco que sucedeu ao brilhante To the 5 Boroughs(2004), e que chocou com a sua abordagem instrumental, chegando a “roçar”, por vezes, géneros como o Funk ou até o Post-Punk, algo inédito para o trio.

Contudo, neste Hot Sauce Committee Part Two, os Beastie Boys regressaram ao Hip-Hop, com uma abordagem um pouco mais electrónica, mas com as rimas “afiadas” de sempre. Apesar de continuar a preferir To the 5 Boroughs, este  disco, mais cerebral e menos imediato, é uma bela incursão por um género tão variado como o Hip Hop, estilo esse em que os Beastie Boys sempre se mostraram mestres.

Como disse, este álbum claramente mostra uma vertente mais electrónica dos Beastie Boys, havendo aqui pouco espaço para o crossover com o Rock que é tão habitual na banda. Ao contrário do que estamos habituados, aqui não há riffs a rasgar, mas sim batidas computadorizadas, que remontam para uma Electronica de ritmo rápido e pesado, muito agradável ao ouvido. A produção mais “suja” também ajuda a dar um clima mais “negro” a este Hot Sauce Committee Part Two, que só lhe fica bem.

Contudo, este disco não está isento de falhas. A mais gritante será a inconsistência, que faz com que faixas bastante boas sejam intercaladas por canções que, a meu ver, não fazem falta nenhuma ao álbum.  Isso é também aliado ao facto de haver alguns “interlúdios” que por vezes cortam o ritmo ao LP, algo que não me agradou por completo.

Outro defeito está, a meu ver, na Electronica de algumas das faixas de Hot Sauce Committee Part Two, que chega por vezes a ser repetitiva e cansativa. Apesar deste problema não se ter revelado das primeiras vezes que ouvi o álbum, a verdade é que a audição continuada fez-me perder muitas vezes o vagar de ouvi-lo de novo, ou pelo menos de escutá-lo inteiramente, algo que certamente não ajudou no veredicto final.

Entre as canções do álbum, destaco a vibrante OK, a relaxada Don’t Play No Game That I Can’t Win (com uma bela participação de Santigold) e a minha favorita, a rápida e frenética Lee Majors Come Again, a única faixa que puxa para o lado mais “tradicional” dos Beastie Boys, e que me trouxe alguma nostalgia. Entre as de que menos gostei estão Nonstop Disco Powerpack, Tadlock’s Glasses e The Lisa Lisa/Full Force Routine (que a meu ver, fecha mal o álbum).

Em suma, Hot Sauce Committee Part Two mostra uns Beastie Boys que continuam a querer inovar e experimentar, algo que acho muito salutar e que prezo muito nos artistas e bandas. Contudo, apesar de ser um álbum muito bom, não está livre de falhas, e mesmo sendo uma melhoria em relação a The Mix-Up, falha em ultrapassar To the 5 Boroughs, um disco de excepção. Porém, se ouvirem este oitavo LP do trio, não irão ficar nada mal servidos.

Nota Final: 8,1/10

João Morais

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