quarta-feira, 3 de abril de 2013

Curtas'13 #1

Anything in ReturnToro y Moi [16 Jan]
- Apesar de ter sido aclamado, juntamente com Washed Out e Neon Indian, como um dos nomes de proa da suposta onda Chillwave que varreu a música independente em finais da década passada, Toro y Moi (aka Chaz Bundick) sempre se distinguiu do eremitismo sintético prevalente no género e foi desenvolvendo, ao longo dos seus dois primeiros álbuns (Causers of This em 2010 e Underneath the Pine em 2011), uma sonoridade extrovertida, repleta de fusões de Synthpop, Electronica e Funk com uma linguagem Indie Pop. Anything in Return, terceiro álbum de Bundick, não foge a esta regra e tenta explorar ao máximo a relação entre a Indie Pop e os terrenos electrónicos mais dançáveis, acrescentando para isso ao melting pot de estilos algumas texturas retiradas da R&B mais lânguida e sensual. Porém, a verdade é que, por mais promissora que a premissa pareça, o resultado final falha em superar as expectativas, carecendo das canções marcantes e da admirável consistência que marcava os seus antecessores. Apesar de não ser um mau álbum, Anything in Return é, em suma, um disco que traz um Toro y Moi a meio gás.
Pontos altos:
- Harm in Change
- Rose Quartz
- Never Matter
Nota final: 6.3/10

Black Sundae Automagik [1 Jan]
- Um dos poucos álbuns que foi capaz de me cativar por completo só por causa da capa (olhem bem para ela e digam lá se não está um mimo!), Black Sundae é o segundo disco de originais dos norte-americanos Automagik, seguindo-se à estreia, homónima, lançada em 2010. Porém, apesar da deliciosa capa, a verdade é que a música presente neste LP não nos traz, infelizmente, nenhum sabor novo ou particularmente gostoso. Com um Indie Rock/Pop deslavado, derivativo e sem nada de refrescante para acrescentar ao género, Black Sundae acaba por não ser nada mais do que um conjunto de canções que se ouvem e rapidamente se esquecem, onde o único ponto digno de nota (pelas piores razões, diga-se de passagem) surge na voz e na forma horrível como esta se insere no contexto sonoro do grupo. Resumindo, à excepção dos pontos altos abaixo assinalados, este Black Sundae é uma obra que se trinca uma vez e se deita fora, para não causar indigestão.

Pontos altos:
- I’m Only 21
- Moneyshot
- Starlight Rollecoaster
Nota final: 2.3/10

Lysandre Christopher Owens [15 Jan]
- Primeiro disco a solo do ex-líder dos já extintos Girls, Lysandre apresenta-se como uma obra conceptual que, segundo as palavras de Christopher Owens, nos conta a história da primeira tour da sua antiga banda, fazendo o título referência a uma rapariga francesa conhecida pelo meio. Por mais mirabolante que a premissa possa parecer à partida, a verdade é que o resultado final não deverá ser surpresa nenhuma para quem tem acompanhado, ao longo dos últimos anos, o percurso de Owens: um álbum que mistura, em doses iguais, um Indie Rock taciturno com uma Folk bucólica e campestre, sempre acompanhado com um tom ironicamente upbeat e por uma produção entre o Lo-Fi e os arranjos lustrosos dos sopros de madeira e de metal. Contudo, a verdade é que, à semelhança de Father, Son, Holy Ghost (2011), segundo (e último) álbum dos Girls, este Lysandre acaba por ficar aquém do esperado, pautando-se por uma mediania nas composições e nas canções que deixa um sabor amargo na boca. É certo que irá agradar aos fãs de longa data de Owens, mas confesso que esta “estreia” não me deixou muito feliz.
Pontos altos:
- Here We Go Again
- Love is in the Ear of the Listener
- Part of Me (Lysandre’s Epilogue)
Nota final: 5.5/10

We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic Foxygen [22 Jan]
- Formados em 2005 no solarengo estado da Califórnia pelos multi-instrumentalistas Jonathan Rado e Sam France, os norte-americanos Foxygen fizeram a sua estreia em disco de forma discreta, mas auspiciosa, em 2011, com Take the Kids Off Broadway, editado pela Jagjaguwar. We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic, segundo longa-duração dupla, surge menos de um ano depois e a sua fórmula só deverá surpreender quem não teve oportunidade para ouvir o seu antecessor: doses elevadas de Psychedelic Rock banhado pelo sol e com um travo a revivalismo dos anos 60, com as descaradas influências de grupos como The Rolling Stones ou The Velvet Underground a serem filtradas pela inspiração em Anton Newcombe, lendário líder dos The Brian Jonestown Massacre e “revivalista-mor” desde o início dos anos 90. Porém, apesar de esta ser uma boa obra, We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic padece, à semelhança do seu antecessor, duma certa inconsistência que mina, de forma notória, a qualidade geral do registo. Ainda assim, apesar das falhas, a verdade é que, com álbuns assim, os Foxygen fazem-nos pensar que à frente deles está um brilhante futuro.
Pontos altos:
- No Destruction
- On Blue Mountain
- We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic
Nota final: 7.5/10

II Unknown Mortal Orchestra [5 Fev]
- Inseridos na corrente de revivalismo do Psychedelic Rock dos anos 60, a par dos Tame Impala e dos acima referidos Foxygen, os Unknowm Mortal Orchestra puseram muito boa gente interessada na sua música (eu incluído) com o seu álbum de estreia, homónimo, lançado em Junho de 2011, em particular devido à sua interessante mistura de influências muito bem escolhidas com uma estética Lo-Fi muito suja e analógica. Com o seu segundo disco, apropriadamente intitulado de II, os Unknown Mortal Orchestra continuam a desenvolver essa mesma sonoridade do primeiro trabalho, retendo como influências nomes da laia dos The Beatles ou dos The United States of America e conjugando-as com a sujidade e o grão da baixa-fidelidade. Contudo, apesar de reter, em teoria, todos os ingredientes estilísticos da obra de estreia, II acabou por ser, para mim, uma pequena desilusão; as melodias não são tão apelativas, as letras (quando perceptíveis) não me puxaram quase nada e as estruturas não trazem nada de novo. É certo que não é um mau disco e que Faded in the Morning, faixa que surge quase no final do registo, é uma das melhores peças que ouvi nos últimos tempos, mas infelizmente devo dizer que II acabou por, na minha opinião, não cumprir grande parte das promessas “feitas” por Unknown Mortal Orchestra.
Pontos altos:
- One at a Time
- The Opposite of Afternoon
- Faded in the Morning
Nota final: 6.5/10

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