Vindos do frio estado de Washington, os Death Cab for Cutie, de Ben Gibbard, são uma banda já bem conhecida dentro e fora da cena Indie Rock norte-americana. Começando em 1997, o grupo já assinou sete discos de estúdio, sendo o mais recente, Codes and Keys, que chegou às prateleiras das lojas de música em Maio deste ano, e que será hoje analisado pelo Música Dot Com.
Apesar de ter começado a ouvir a obra dos Death Cab for Cutie recentemente, reconheço que daquilo que ouvi, gostei, e muito. A sonoridade intimista e as letras tristonhas que povoam a maioria das canções do grupo podem não ser do gosto de todos, mas é certo que, a mim, atingem um ponto frágil no meu coração. Contudo, confesso que o sexto disco da banda, Narrow Stairs (2007), não foi muito do meu agrado. Por isso, este Codes and Keys tinha uma tarefa relativamente fácil para suplantar o seu antecessor.
Se em Narrow Stairs assistíamos a um certo “negrume” nos riffs e nas letras, com a guitarra a ter bastante destaque, neste Codes and Keys encontramos uma banda com uma sonoridade muito mais “luminosa” e com letras mais alegres, com o piano a roubar o “papel principal”. Ocasionalmente, também encontramos uma instrumentação mais orquestral, e de quando em vez, o sintetizador também decide aparecer, explorando a sonoridade electro-acústica característica do outro projecto de Gibbard, os agora abandonados The Postal Service.
A produção deste disco também corta com o anterior Narrow Stairs, que tinha uma sonoridade mais suja e crua. Pelo contrário, este Codes and Keys utiliza um som mais límpido. Admito, sou fã de LP’s mais crus, mas este só ficou a ganhar com esta produção, que encaixa bem com a disposição geral do álbum. Todos estes factores fazem com que Codes and Keys seja um disco de grande qualidade.
No entanto, existem alguns defeitos. Se é verdade que esta faceta mais feliz de Gibbard traz consigo um som mais luminoso, a verdade é que discos como Something About Airplanes (1998) ou Transatlanticism (2003) conseguiam criar uma maior ligação com o ouvinte, devido às suas canções intimistas e enternecedoras. Não digo que os Death Cab for Cutie devessem manter-se sempre no mesmo registo, mas a verdade é que por vezes, esta alegria soa “forçada”, quando a tristeza lhes saía muito mais naturalmente.
Outra questão é a da falta de consistência que às vezes se sente; enquanto que canções como Codes and Keys (a belíssima faixa-título) ou Doors Unlocked and Open estão cheias de energia e brilho, faixas como Home is a Fire (que abre mal o disco, na minha opinião) ou St. Peter’s Cathedral acabam por despertar indiferença em mim, devido à falta de algo que agarre a minha atenção.
Destaco pela positiva a vibrante Doors Unlocked and Open, a poderosa Underneath the Sycamore, ou a minha favorita, You Are a Tourist, o primeiro single a ser extraído deste Codes and Keys, e que prima pela sua beleza em estado puro. Pela negativa, devo referir, Home is a Fire, Unobstructed Views, e St. Peter’s Cathedral, que a meu ver impedem que este disco atinja um patamar mais alto de qualidade.
Concluíndo, Codes and Keys é, a meu ver, uma melhoria em relação a Narrow Stairs, mas a verdade é que a alegria que preenche este disco, apesar de soar bem ao ouvido, ainda está um pouco longe do pico de qualidade alcançado pela banda em tempos anteriores. Fico à espera que, no próximo disco, os Death Cab for Cutie consigam trazer-nos um álbum ainda melhor. Contudo, não ficamos mal servidos com este Codes and Keys.
Nota Final: 7,8/10
João Morais
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