Vindos do frio e longínquo Alaska, os norte-americanos Portugal. The Man são uma das bandas mais prolíficas dos últimos tempos, com seis discos de originais lançados desde que começaram, em 2004. O mais recente, In the Mountain in the Cloud, está nas lojas desde 19 de Julho, e sucede a American Ghetto, o aclamado álbum de 2010. Será que os Portugal. The Man conseguiram superar-se?
Para mim, os Portugal. The Man são uma daquelas bandas bastante consistentes, que apesar de ainda não terem criado nenhuma “obra-prima”, também nunca desiludiram, mantendo sempre o nível de qualidade dos seus discos acima da “linha de água”. American Ghetto conseguiu subir ainda mais o patamar a que os norte-americanos nos tinham habituado, com uma produção mais rica e uma atitude ainda mais experimental, bem visível nos sintetizadores e nos ritmos que aproximaram a banda do Electronic Rock.
Em In the Mountain in the Cloud, porém, o grupo de John Gourley decidiu cortar com essa sonoridade, aproximando-se mais do Psychedelic Rock dos Flaming Lips, ou até de David Bowie (mais concretamente do disco Space Oddity, de 1969). É certo que existe uma certa continuidade, especialmente no que toca à produção, que se mantém bastante sólida e polida. No entanto, este é um álbum com uma sonoridade bastante diferente.
A aposta na instrumentação acústica é evidente: aqui não há guitarras eléctricas a “rasgar”, mas sim um som acústico a “piscar o olho” à Psychedelic Folk. Também temos uma forte presença de orquestração clássica, que dá uma maior riqueza ao som, sempre bem-vinda. Isto, com as letras alegres e bem-dispostas, cria um “ambiente” muito positivo. Confesso, gostei muito de ouvir estas inovações no som dos Portugal. The Man, que conseguiram criar em In the Mountain in the Cloud um disco que cai bem no ouvido.
Contudo, este disco também padece de falhas que, a meu ver, fazem com que este LP não consiga superar American Ghetto, a começar pela inconsistência; se é verdade este In the Mountain in the Cloud tem belíssimas canções, também não é mentira que, a meu ver, houve momentos de total marasmo, que fizeram com que me desligasse do disco.
Outro problema é a homogeneidade in extremis deste LP; apesar de apreciar discos que têm um “fio condutor” que se faz sentir ao longo de toda a obra, a verdade é que In the Mountain in the Cloud abusa desse “fio”, fazendo com que muitas canções soem exactamente às que as antecederam. Isto ajuda ao tal marasmo de que falei anteriormente.
Pela negativa, destacam-se Head Is a Flame (Cool With It), All Your Light (Times Like These) e Once Was One, canções a meu ver inferiores, e que contrastam com as belas So American, Senseless ou a minha favorita, Sleep Forever, que conseguem trazer qualidade a um álbum que seria, sem elas, medíocre.
Resumindo, In the Mountain in the Cloud não é um mau álbum, mas também não uma grande obra, e certamente que não é uma melhoria em relação a American Ghetto. Que o Psychedelic Rock lhes fica bem, quanto a isso não há dúvidas; porém, é preciso fazer discos mais sólidos e consistentes. Contudo, este LP não deixa de ser uma boa aposta para ouvir, especialmente no fim de tarde de Verão. Fica-se à espera do próximo álbum, que muito provavelmente sairá no próximo ano.
Nota Final: 7,2/10
João Morais
(Este texto foi publicado originalmente no Espalha Factos, e pode ser visto aqui)
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