“Friendly Fires”, a obra homónima de 2008, valeu-lhes elogios da crítica (foi nomeado para o prestigiado Mercury Prize), pela forma como cria uma sonoridade que ousa misturar a Sythpop e o Dance Rock, através dos seus ritmos animados e fervilhantes. Agora, em 2011, os britânicos Friendly Fires voltam com um segundo disco, “Pala”, saído a 16 de Maio. Hoje, o Música Dot Com traz-vos a análise deste álbum. Preparados?
Começo por dizer que gostei do primeiro disco, “Friendly Fires”. Apesar de não ser nenhum LP brilhante, é “fresco” e soa bem, cumprindo os requisitos mínimos para ser considerado uma boa estreia. Logo, quando soube que iria sair um segundo registo da banda oriunda de Hertfordshire, fiquei curioso. Não chego ao ponto de dizer que estava ansioso, mas é certo que fiquei à espera para ver o que dali saía. E a verdade é que não fiquei nada mal impressionado com “Pala”, um disco que, a meu ver, consegue estar um patamar acima do álbum de estreia.
Se “Friendly Fires” já passava um certo “calor” na sua sonoridade, então “Pala” é um disco que “tresanda” a Verão passado à beira da piscina, com canções como “Live Those Days Tonight” ou “Hawaiian Air” a mostrarem um “mergulho” ainda mais profundo para a Pop amiga das pistas de dança. Enquanto que o disco de estreia ainda tinha uma certa influência do Post Punk ou até do Shoegaze, neste “Pala” essas influências desvaneceram quase por completo, para o espaço ser agora ocupado pela Electronica, que é extremamente visível através de um (ainda) maior número de sintetizadores e ritmos computadorizados. É certo que por vezes o Dance Rock ainda faz sentir a sua presença (especialmente em “Running Away” ou no refrão frenético de “Blue Cassette”), mas a verdade é que este disco mostra uns Friendly Fires com ainda mais apetência para a discoteca. Confesso que esta mudança é bem-vinda, pois se há coisa que estes britânicos fazem bem é pôr toda a gente a dançar, algo que vai ser ainda mais fácil com este belo LP.
Contudo, “Pala” está longe de ser um álbum perfeito. Uma das primeiras coisas que reparei neste disco foi a sua grande homogeneidade, que é, ao mesmo tempo, a sua maior qualidade e o seu maior defeito; se é verdade que nas primeiras reproduções escutei um disco extremamente coeso, cativante e apelativo, também constatei que esse brilho vai-se aos poucos desvanecendo quando repetimos variadas vezes as audições, fazendo-me reparar que o disco soa todo muito semelhante. Não quero com isto dizer que condeno os álbuns que têm um som que é transversal a todo o registo, mais este “Pala” podia ter um pouco mais de variedade, para evitar cair na redundância. Também tenho a criticar a escolha de “Helpless” para o fecho do LP, a meu ver uma música mais pobre em termos de qualidade, e que acaba por deixar o disco “mal resolvido”. Estas falhas, apesar de fazerem a diferença, não fazem com que “Pala” seja um mau álbum, mas que apenas poderia ser melhor.
Entre as minhas canções favoritas estão “Live Those Days Tonight” (que abre o disco de forma extremamente energética), “Pala” (a faixa-título, que conta com um beat mais lento, que monta uma atmosfera muito interessante) e aquela que é, para mim, a melhor canção do registo, “Hawaiian Air” (uma peça extremamente poderosa, com um ritmo que faz com que seja impossível ficar quieto). Entre as menos boas contam-se “Helpless”, “Chimes” e “True Love”, peças medianas que não ficam bem no meio de canções que se destacam pela positiva.
Em suma, “Pala” é um bom álbum, e que eleva a fasquia em relação ao homónimo disco de estreia. Não sendo um disco brilhante, é um LP bastante bom para dançar, especialmente nestas noites de Verão. Fica-se à espera de mais e melhor destes meninos para a próxima vez que entrarem em estúdio, mas por agora, a gente contenta-se com este “Pala”.
Nota Final: 7,8/10
João Morais
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