sábado, 29 de dezembro de 2012
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Roque Popular
Formados pelas mãos do veteraníssimo Jorge Cruz, em conjunto com outros nomes “sonantes” da música
alternativa nacional, como Bernardo
Barata e João Gil (dos Feromona), ou B Fachada
(que abandonou o grupo este ano), os Diabo na Cruz são, indubitavelmente,
um dos mais interessantes projectos que despontaram em Portugal nos últimos
anos. Depois da estreia com o muito aclamado Virou!, em 2009, o grupo
lançou a 23 de Abril deste ano o seu segundo LP, Roque Popular, e é dele que vamos falar hoje.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Mixtape da Semana // Week 39
Não há muito para dizer acerca da 39ª edição da Mixtape
da Semana, além disto: é random,
é caoticamente diversa e traz-vos uma colecção de 10 canções tremendamente
apelativas e que vão, decerto, fazer com que a vossa semana se torne um
bocadinho melhor. Enfim, é só carregar no play
e sentir a música a puxar.
Esta Mixtape conta com as seguintes
faixas:
·
Swimming
Pools (Drank) – Kendrick Lamar
·
Atlas –
Battles
·
Don’t Let
the Man Get You Down – Fatboy Slim
·
Monks –
Frank Ocean
·
Brother
Sport – Animal Collective
·
Stanley
Kubrick – Alvin Band
·
I’m
Writing a Novel – Father John Misty
·
Out of
Touch – Lotus Plaza
·
Station –
Russian
Circles
·
Mama
Taught Me Better – Black Rebel Motorcycle Club
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Mixtape da Semana // Week 38
Depois de uma semana de interregno (sabem como é, a vida
académica e as suas vicissitudes), a Mixtape da Semana está de volta para
a sua 38ª edição, e com ela traz 10 magníficas canções para vos encher o
coração. Desde Daniel Johnston a Radiohead,
passando por Jorge Cruz ou The
Strokes, esta é uma playlist
totalmente random mas com músicas que
vale a pena ouvir.
Esta Mixtape conta com as seguintes
faixas:
·
Heaven –
The
Walkmen
·
Helplessness
Blues – Fleet Foxes
·
True Love
Will Find You in the End – Daniel Johnston
·
Crest –
The
Antlers
·
Baby’s
Wearing Blue Jeans – Mac DeMarco
·
Entre
Iguais – Jorge Cruz
·
Vision of
Division – The Strokes
·
Apple
Blossom – The White Stripes
·
Não
Pratico Habilidades – B Fachada
·
Videotape -
Radiohead
sábado, 1 de dezembro de 2012
Três EPês #3
Illusion – Poor Moon [27 Mar]
- Vindos de Seattle e formados em 2012, os Poor
Moon são um side-project de Casey Wescott e Christian Wargo, ambos membros dos Fleet Foxes, aos quais se juntam também Ian e Peter Murray. Assinados pela Sub Pop, verdadíssima editora
norte-americana, este quarteto pratica um Folk
que, apesar de demonstrar parecenças com a “nave-mãe” de Wescott e Wargo, não se
limita a ser uma fotocópia ou um offshoot
da sonoridade dos Fleet Foxes. Com um tom intimista, despido e que por vezes
evoca influências do Blues e do Country, este Illusion traz-nos um
conjunto de 5 canções bucólicas e belas. Um excelente EP, que abre certamente o apetite para Poor Moon, o homónimo LP que o grupo lançou a 28 de Agotso.
Pontos altos:
- Once Before
- Widow
Nota Final: 4.2/5
Undersea – The Antlers [24 Jul]
- Sucedendo a Burst Apart (2011), este Undersea
mostra uma grande continuidade com o trabalho demonstrado no quarto LP do grupo de Peter Silberman, trazendo de novo uma sonoridade Dream Pop etérea e relaxante que
contrasta com a penumbra e a tristeza de Hospice, magnum opus da banda nova-iorquina e que data de 2009. No entanto,
à semelhança de Burst Apart, este quarto EP
do grupo também peca por uma grande inconsistência, que se vai sentindo ao
longo do registo e que lhe retira o brilho e lhe confere uma incoerência muito
pouco lisonjeira. Apesar de este não ser um mau EP, confesso que (e correndo o risco de ser apelidado de saudosista)
à medida que vou ouvindo as mais recentes obras dos The Antlers, cada vez
mais sinto saudades dos tempos de Hospice e da sua depressão bela e
certeira.
Pontos altos:
- Endless Ladder
- Crest
Nota Final: 3.1/5
Letur-Lefr – John Frusciante [17 Jul]
- Ex-guitarrista dos Red Hot Chili Peppers, barco de onde
ajuizadamente saltou antes do naufrágio, John
Frusciante decidiu dedicar-se de novo à sua carreira a solo, lançando como
aperitivo de PBX Funicular Intaglio Zone (11º disco de estúdio do artista,
lançado a 25 de Setembro) este Letur-Lefr. Pautando-se por uma abordagem
muito experimental, Letur-Lefr traz-nos uma colecção de 5 peças que, ao contrário
do que se poderia esperar do virtuoso guitarrista, estão muito longe do Rock e aproximam-se muito de territórios
como a Electronica, a Synthpop ou até o Hip-Hop. Apesar de, aqui e ali, a guitarra ainda aparecer, a
verdade é que o verdadeiro foco deste EP
vai para a vasta utilização de sintetizadores, drum machines e samples,
que dão a este registo o aspecto de uma collage
de beats e sons diversos. Apesar de
mostrar alguma inconsistência na sua segunda metade e de se apresentar algo desconexo,
este Letur-Lefr
deixou-me muito curioso para ouvir o seu “irmão mais novo”, pois mostra um John Frusciante nunca antes visto.
Pontos altos:
- In Your Eyes
- 909 Days
Nota Final: 3.8/5
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Mixtape da Semana // Week 37
Para fechar Novembro em beleza, a 37ª Mixtape
da Semana traz-vos mais uma playlist
criada aqui pelo Música Dot Com para vos animar os dias vindouros. Desta vez, a
temática é a Electronica francesa e
algumas das melhores faixas que ela já criou. Com nomes incontornáveis como o
pioneiro Jean Michel Jarre, os
ilustríssimos Daft Punk ou grande parte do plantel da Ed Banger Records, esta Mixtape promete pôr o vosso cérebro
a trabalhar e as vossas pernas a dançar!
Esta Mixtape conta com as seguintes
faixas:
·
Oxygène IV
– Jean Michel Jarre
·
Hun – Mr. Oizo
·
Walkman –
SebastiAn
·
Pacific
Coast Highway - Kavinsky
·
Music
Sounds Better with You – Stardust
·
Pedrophilia
– Busy P
·
Phantom –
Justice
·
Cassius 99
– Cassius
·
Sexy Boy –
Air
·
Fresh –
Daft
Punk
domingo, 25 de novembro de 2012
Zammuto
Apesar de ter começado a lançar discos a título
individual ainda no ano 2000, Nick
Zammuto só começou a ganhar notoriedade depois de formar, juntamente com Paul de Jong, um dos grupos mais
experimentais e sui generis da última
década, os nova-iorquinos The Books. Após a separação do duo,
anunciada este ano, o norte-americano enveredou de novo pela carreira solitária, lançando
a 3 de Abril o seu terceiro LP (e
primeiro pós-The Books), o homónimo Zammuto, álbum que vai estar em
análise hoje aqui no MDC.
Quem está familiarizado com a carreira e o trabalho dos The
Books sabe bem que, ao longo dos anos, estes foram desenvolvendo um
estilo muito próprio (e quase impossível de catalogar e etiquetar por críticos
e fãs, diga-se de passagem), baseado numa técnica de “sound collage” imersa numa Folk
misturada com Electronica, produzindo
resultados muito crus, experimentais e extremamente originais.
Pois bem, foi com isso em mente que parti para este Zammuto,
esperando que o norte-americano reproduzisse essa abordagem na sua reacesa
carreira a solo. Porém, a verdade é que aquilo que encontrei na minha primeira
audição deste LP deixou-me totalmente
espantado; apesar de manter o espírito experimental e irreverente que tem
demonstrado ao longo do seu percurso, com este Zammuto o artista
traz-nos uma sonoridade muito sua e bastante diferente daquilo a que nos
habituou nos The Books.
A primeira coisa em que se nota neste Zammuto
é o facto de a abordagem em forma de “manta de retalhos” sonora desvanecer
quase por completo, sendo substituída por uma sonoridade mais próxima da música
dita “convencional”. As canções têm estruturas mais definidas, a guitarra e os sintetizadores
assumem o protagonismo outrora dado aos samples
(que aqui são raros) e o baixo e a bateria substituem as “secções rítmicas” dos
The
Books compostas por brinquedos e bugigangas. É certo que o estilo continua
a estar bem situado na mistura da Folk
com os trejeitos da Electronica, mas
a verdade é que este LP aproxima-se
muito mais dos Animal Collective de Sung Tongs do que dos The
Books de The Way Out (2010).
Nos vocais, no entanto, o estilo patenteado dos The
Books volta ao de cima e Nick
Zammuto vê-se a percorrer de novo territórios bem familiares. As vozes, quando
não são produzidas por um aparelho de “text-to-speech”,
passam muitas vezes pelo vocoder ou
pelo auto-tune (que aqui distorce e
computadoriza, em vez de corrigir ou mascarar defeitos), dando ao disco um
aspecto muito robótico. Quanto às letras, quando inteligíveis, mostram uma
abordagem bastante abstracta e que aposta nos jogos de palavras e nas expressões
com múltiplos significados. Na produção, vemos que este LP nos traz uma estética que, apesar de
ser mais polida do que nas obras dos The Books, retém um certo pendor Lo-fi que dá ao disco uma grande
angularidade e rudeza.
Quanto aos defeitos deste Zammuto, confesso que não
tenho muitos argumentos para utilizar. No entanto, é certo que está presente
neste LP uma evidente inconsistência
que se vai sentindo de forma pontual, aliada à presença de algumas canções
menos cativantes, o que acaba por afectar a performance geral do registo.
Tirando isso, é seguro afirmar que este é um disco sólido e que mostra um lado
animado e colorido da música experimental.
Na hora de apontar peças favoritas, as minhas escolhas
recaem na “saltitona” Yay, na densa F U C-3PO, na pujante Zebra Butt, na esquizofrénica Weird Ceiling e na agridoce Full Fading, tudo peças que, a meu ver,
demonstram um grande valor. Por outro lado, as desinspiradas Idiom Wind, Too Late to Topologize e Harlequin
acabam por ser as canções de que menos gostei e que falharam em me agarrar.
Em suma, com este Zammuto o músico nova-iorquino Nick Zammuto faz um reboot ao seu percurso a solo e
mostra-nos uma nova abordagem e uma nova visão. Mantendo algum do legado dos The
Books, Zammuto consegue, ainda
assim, subverter tudo o que poderíamos esperar dele e apresentar-nos um disco
bastante experimental que, não recusando a música Pop, brinca com as suas barreiras e apresenta-se como desafiante. É
certo que tem alguns pontos menos bons, mas no geral, este Zammuto é uma aposta
ganha quando se está à procura de um álbum animado, excitante e inovador.
Nota Final: 8.2/10
João Morais
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Curtas #5
- Acarinhados por grande parte da crítica desde a sua
estreia nos LP’s em 2008, com Alpinisms,
os School
of Seven Bells são, actualmente, uma dupla nova-iorquina composta por Benjamin Curtis e Alexandra Deheza, e apostam numa sonoridade Indie Pop pintada com inspirações vindas do Shoegaze e da Synthpop.
Contudo, por mais que o hype se
esforce por elevar aos panteões de 2012 o terceiro disco dos School
of Seven Bells, a verdade é que este Ghostory revelou-se, na
minha opinião, uma autêntica desilusão. Sensaborão, inconsistente e com muitos
momentos mortos, este registo acaba por ser demasiado mediano e não justifica
em nada o entusiasmo que se colocou à sua volta. É caso para dizer: “Don’t believe the hype”.
Pontos altos:
- The Night
- Scavenger
- When You Sing
Nota Final: 5.3/10
- Um dos mais respeitados artistas da música britânica
dos últimos 40 anos, Paul Weller
chegou, aos 54 anos, a um estatuto que lhe dá a vantagem de já não ter de
provar nada a ninguém. No entanto, se o desvanecer das pressões da opinião
alheia pode ter os seus benefícios e permitir aventuras como o experimentalismo
de Wake
Up the Nation (2010), a verdade é que também pode deixar que algum
laxismo e indulgência se instalem, como se pode assistir em Sonik
Kicks. Não quero com isto dizer que o 11º disco a solo de Weller seja mau; pelo contrário, o seu Alternative Rock enérgico e bem pensado
chegou a fazer-me, em algumas ocasiões, as delícias e até me fez lembrar em
momentos a Britpop dos anos 90.
Porém, a verdade é que, depois de bem pesados os pros e os contras, Sonik
Kicks é um LP bastante
desequilibrado e que não consegue fazer jus à carreira estelar de Weller nem suceder condignamente a Wake
Up the Nation.
Pontos altos:
- Green
- That Dangerous
Age
- Drifters
Nota Final: 6.3/10
- Vindos da cidade norte-americana de Minneapolis, no
estado do Minnesota, os Poliça são um quinteto composto por Channy Leaneagh, Chris Bierden, Ben Ivascu,
Drew Christopherson e Ryan Olson, estando no activo desde
2011. O 1º disco, Give You the Ghost, tem sido alvo de grande atenção por parte
da crítica, especialmente depois do “apadrinhamento” por parte de Justin Vernon (líder dos Bon
Iver), e traz-nos uma sonoridade Indietronica
com claras influências da R&B.
Contudo, apesar desta mistura poder parecer, à partida, algo de novo e
original, a verdade é que a sonoridade do grupo neste LP acabou por me soar entediante e bastante vulgar. É certo que tem
alguns pontos luminosos, mas no geral este Give You the Ghost é um álbum que
não recomendo a ninguém.
Pontos altos:
- Violent Games
- Happy Be Fine
- Wandering Star
Nota Final: 2.7/10
- Com uma sonoridade que pode ser triangulada algures
entre a penumbra do mundo de Tom Waits,
o despojamento intimista de Daniel
Johnston e o lo-fi de R. Stevie Moore, Willis Earl Beal é um artista norte-americano vindo de Chicago que
lançou este ano o seu primeiro disco, Acousmatic Sorcery, depois de uma
longa e tortuosa história de vida. Misturando Blues e Soul com um
espírito de luta e sofrimento reminiscente das origens do Rock & Roll e com uma estética despida e muito DIY, o LP de estreia de Willis Earl
Beal demonstra um grande
experimentalismo na forma como conjuga a genuinidade da dor com a frieza
abrasiva do sintetizador fantasmagórico e da guitarra desalinhada. Contudo,
apesar da extrema originalidade do som de Acousmatic Sorcery, não posso dizer
que me tenha convencido, pois apresenta-se como um registo extremamente
desalinhado, confuso e que, apesar das promessas, nunca “concretiza” algo que
me agarre verdadeiramente. Apesar disso, confesso que fico curioso para ver o
que é que Beal tem para nos mostrar
no futuro.
Pontos altos:
- Ghost Robot
- Swing on Low
- Angel Chorus
Nota Final: 5.0/10
- Quarto disco dos norte-americanos Chromatics, Kill
For Love mantém a linha conceptual que o grupo iniciou em Night
Drive (2007) de juntar uma sonoridade Synthpop e electrónica dançável com influências vindas da Dream Pop e do Post-Punk. E, à semelhança do que se passou com o seu antecessor,
este Kill
For Love falhou em agarrar a minha atenção. O som pareceu-me demasiado
vulgar e derivativo e as canções, no seu geral, pareceram-me tão aborrecidas
nas suas estruturas e composições que não me conseguiram cativar nem um
bocadinho. A isso junta-se também a vil afronta de terem feito uma ABOMINÁVEL
versão de Into the Black, lendária
canção de Neil Young, o que só
serviu para incendiar na negativa os meus ânimos neutros em relação a este
inócuo trabalho dos Chromatics. Salvo os pontos luminosos abaixo referidos, este Kill
For Love não tem, para mim, uma pontinha por onde se pegar.
Pontos altos:
- Kill For Love
- The Page
- The River
Nota Final: 2.0/10
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Mixtape da Semana // Week 36
Chegando um bocadinho mais tarde do que o costume, a 36ª Mixtape
da Semana traz-vos, ainda assim, a receita do costume: 10 canções para
entreter os vossos ouvidos sedentos de boa música. Mais uma vez em modo “shuffle”, a playlist de hoje consegue, ainda assim, ter uma certa abrasividade
que é comum a (quase) todas as peças. Uma Mixtape cinzenta para dias
cinzentos.
Esta Mixtape conta com as seguintes
faixas:
·
Better Living Through Chemistry – Queens of the Stone Age
·
How Long Must I Wait – Dr. Dog
·
Shot By Both Sides – Magazine
·
Doused – DIIV
·
Minor Threat – Minor Threat
·
So Far Away – A Place to Bury Strangers
·
Agoraphobia – Deerhunter
·
Chissy E – Trust
·
Kerosene – Big Black
·
Crime Time – Pop. 1280
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Open Your Heart
Formados em 2008 em Brooklyn, capital oficiosa da música
independente, os The Men são um dos nomes mais promissores da música alternativa
norte-americana, algo que se deverá ao facto de terem animado meio mundo com o
seu Alternative Rock com laivos de Punk, Noise e Post-Hardcore,
entre outros géneros. Depois da tímida estreia com Immaculada (LP de 2010 de tiragem inicial limitada a
500 exemplares) e do seu sucessor, Leave Home (2011), o grupo lançou, a
6 de Março, Open Your Heart, disco de que vamos falar hoje.
Como já tive oportunidade de referir em ocasiões
anteriores, uma das minhas (poucas) labels
de estimação é, sem dúvida, a Sacred
Bones Records, instituição Indie nova-iorquina
em que confio quase cegamente e que tem no seu “plantel” um rol de artistas e
bandas mui respeitável e interessante. Foi por isso mesmo que, ainda na (já)
longínqua Primavera deste ano, tive a felicidade de “descobrir” os The
Men e o seu terceiro álbum, uma das mais sólidas obras de 2012.
Para quem teve a oportunidade de ouvir em antemão Immaculada
e Leave
Home fica aqui o aviso: se estão à espera de encontrar em Open
Your Heart o mesmo Noise Rock
monolítico e pouco limado e não estão dispostos a conceder ao grupo espaço para
variações e mudanças, este disco não é para vocês. Ao terceiro álbum, os The
Men dão um passo de gigante na direcção duma sonoridade mais “aberta” e
experimental, que junta ao Alternative
Rock do quarteto sonoridades e inspirações vindas de géneros como o Surf Rock (no delay e reverb
esporadicamente usados), Country (nas
guitarras acústicas solarengas e campestres), Blues (em alguns versos de guitarra mais tradicionais e na parca
utilização da lap steel guitar) e até
Doo-Wop (nos raros coros femininos e
nos riffs mais gingões).
A estas alterações estilísticas junta-se também uma
mudança clara nas opções estéticas; apesar de os The Men ainda manterem
uma forte componente Noise na maioria
das suas composições e de estas ainda serem acima de tudo bastante sujas e
cruas, a verdade é que também se nota um esforço na produção para fazer com que
a sonoridade se torne mais acessível. Isso é notório na forma como o grupo alia
a abrasividade da distorção com melodias e estruturas mais pop, algo que faz lembrar de certa forma os trabalhos de grupos
como The
Replacements, Hüsker Dü ou Yo La Tengo.
Ao nível das vozes, também é notório um “apaziguamento”
dos ânimos dos vocalistas Mark Perro
e Nick Chiericozzi. Apesar de ainda
ser possível sentir algum angst na
entrega vocal dos dois artistas, este está muito mais sublimado quando
comparado com os gritos e vociferações presentes em muitas das faixas de Immaculada
e Leave
Home. Este refrear de emoções também é acompanhado no departamento
lírico, onde os temas acabam por ser muito mais intimistas, dóceis e despreocupados
do que nos discos anteriores.
No entanto, aquelas que são as maiores qualidades de Open
Your Heart acabam por ser, de certa forma, os seus maiores defeitos: no
“reverso da medalha” da heterogenia em larga escala está uma certa sensação de desalinho
e de falta de balanço; a opção por uma via mais experimental e variada acaba
por comportar também, infelizmente, uma certa perda de identidade pessoal; e o
grande recurso a elementos estilísticos inspirados num revivalismo da
sonoridade de outros grupos faz com que, em alguns momentos, os The
Men acabem por ser um pouco derivativos demais. No entanto, a verdade é
que estas imperfeições, no fim de contas, acabam por não retirar ao grupo o
mérito deste belo disco.
Quanto aos destaques individuais deste Open
Your Heart, sublinho a encorpada Oscillation,
a veloz Please Don’t Go Away, a
sincera Open Your Heart, a corrosiva Cube e a desarmante Ex-Dreams como os pontos mais positivos deste álbum. Pelo
contrário, já a desinspirada Presence
e a descabida Country Song aparecem,
a meu ver, como as únicas faixas remotamente dispensáveis de todo este LP.
Em resumo, com este Open Your Heart os norte-americanos The
Men demonstram, de forma quase paradoxal, uma maior maturidade na
experimentação aliada a uma maior despreocupação com a estrutura e a coesão do
disco. Filtrando inspirações de vários nomes já mencionados (e aos quais
podemos facilmente juntar outros como Buzzcocks, Sonic Youth ou The
Jesus Lizard), o grupo acaba por criar uma “manta de retalhos” bem
variada e difícil de categorizar. É certo que este registo também tem as suas
falhas e os seus momentos menos positivos, mas uma coisa é certa: Open
Your Heart é a prova segura de que os The Men fazem aquilo que
lhes dá na real gana. E nós estamos cá para os ouvir.
Nota Final: 8.6/10
João Morais
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Mixtape da Semana // Week 35 [Emanuel Graça]
Por esta altura o Emanuel
Graça já não deve ser nenhum desconhecido para os leitores do MDC.
Por isso, e porque me estava a apetecer descansar um bocadinho desta tarefa,
decidi convidá-lo para elaborar mais uma playlist
aqui para o blog. Desta feita, a 35ª
edição da Mixtape da Semana é da completa responsabilidade dele, e é isto
que o rapaz tem a dizer sobre as suas escolhas:
“Com uma selecção completamente “random”, esta playlist mostra-vos
o que mais se tem ouvido por estas bandas nestes últimos tempos. Bastante ampla
e ecléctica, com esta dezena de músicas é possível viajar desde a música
abstracta e complexa dos Disco Inferno até ao Hip-Hop experimental de Flying Lotus, que lançou um dos meus
discos favoritos de 2012 (Until The Quiet Comes). Destaco
também a inclusão de Nick Drake e Tim Buckley nesta lista, para não falar
do (para que me já me conhece razoavelmente bem) mui cliché Jeff Buckley.”
Esta Mixtape conta com as seguintes
faixas:
·
In Sharky
Water – Disco Inferno
·
Time,
Gentleman, Time – Oxbow
·
Nothing
Much to Lose – My Bloody Valentine
·
... And
the World Laughs with You – Flying Lotus
(ft. Thom Yorke)
·
Things
Behind the Sun – Nick Drake
·
Song to
the Siren – Tim Buckley
·
Dream
Brother – Jeff Buckley
·
Panic –
The
Smiths
·
Memories
Can’t Wait – Talking Heads
· Threads – This Will
Destroy You
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Música Nova: JUBA
É engraçado ver como o mundo ainda nos consegue
surpreender: numa altura em que estávamos todos à espera de novidades do
prodígio do chillwave nacional Tropical Tobacco, o rapaz decidiu
trocar-nos as voltas, ir buscar amigos (os Colour is a Common Mistake e João Isaac dos Super Clarks) e “criar”
os JUBA.
Sediado em Lisboa, este quarteto descreve a sua sonoridade como “Hindu Surf Riot”, uma belíssima mistura
de Indie Rock com influências quentes
do Surf Rock e muitos laivos de um
psicadelismo trippy e despreocupado.
O primeiro resultado deste “cozinhado” chegou-nos no
início de Outubro sob a forma de Lion
King (vídeo acima), gravação “caseira” para o casting do Vodafone Mexefest,
mas foi preciso esperar até ao dia 23 do mês passado para podermos ouvir, via Bodyspace, o primeiro single oficial do grupo: Bloodvessels. Produzida por Makoto Yagyu e Fábio Jevelim, a faixa foi lançada no Bandcamp do grupo no dia 25 e serviu para aguçar, e de que maneira,
as expectativas em relação a estes rapazes. Agora resta-nos esperar que os JUBA
dêem seguimento ao trabalho, de preferência ainda em tempo frio, para nos
poderem aquecer no Inverno com os seus ritmos quentes e hipnóticos.
Para saberem mais sobre os JUBA e poderem
ouvir/sacar Bloodvessels:
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Mixtape da Semana // Week 34
Na edição de hoje da Mixtape da Semana, e que é já a 34ª,
voltamos a ter uma playlist completamente
random e que é composta por algumas
das músicas que mais andamos a ouvir nos últimos tempos. Misturando os
clássicos com as novas tendências, esta é mais uma compilação a não perder, com
o selo de qualidade MDC.
Esta Mixtape conta com as seguintes faixas:
·
Never
Meant – American Football
·
Massive
Windows – The Act of Estimating as Worthless
·
A Token of
Gratitude – The Radio Dept.
·
Tessellate
– Alt-J (∆)
·
Squirrel
Song – Shellac
·
Good
Worker – iamamiwhoami
·
Blitzkrieg
Bop – Ramones
·
Thank God
for Sinners – Ty Segall
·
Motoring –
TOY
·
Song About
an Angel – Sunny Day Real Estate
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Mixtape da Semana // Week 33 [Ornatos Violeta]
Numa altura em que já vamos mais ou menos “a meio” dos
concertos de celebração dos Ornatos Violeta, o MDC
achou por bem dedicar uma playlist
aquela que é, para muitos, uma das mais importantes bandas da música Pop portuguesa de sempre. Por isso
mesmo, a 33ª edição da Mixtape da Semana é composta apenas
por músicas da banda portuense e é “meio cão, meio monstro”, com cinco canções
do primeiro disco do grupo (Cão!, de 1997) e cinco peças do
segundo LP (O Monstro Precisa de Amigos,
de 1999).
Esta Mixtape conta com as seguintes
faixas:
·
Punk Moda
Funk
·
Dia Mau
·
Homens de
Princípios
·
Chaga
·
Débil
Mental
·
O.M.E.M.
·
1 Beijo =
1000
·
Deixa
Morrer
·
A Dama do
Sinal
·
Fim da
Canção
terça-feira, 23 de outubro de 2012
The Money Store
Projecto californiano formado por Zach Hill, Andy "Flatlander" Morin e MC Ride em 2010, os Death
Grips são um dos nomes que mais burburinho tem gerado na indústria
musical nos últimos tempos devido à irreverência que mostram no seu som, na
sua postura e no seu marketing.
Depois de uma mixtape lançada em
2011, Exmilitary, que lhes valeu um contrato com a Epic (subsidiária da Sony Music) e a atenção de muito boa
gente na “comunidade alternativa”, o trio norte-americano comprometeu-se a
editar este ano dois LP’s. O
primeiro, lançado a 21 de Abril, tem o título de The Money Store e é dele
que vamos hoje falar.
Apesar de não ter ficado totalmente rendido a Exmilitary
(como as 3 pessoas que acompanharam as Curtas do final de 2011 bem sabem),
admito que fiquei bastante interessado na invulgar mistura de Industrial e Noise com Hip-Hop dos Death
Grips e que vi neles um grande talento e um tremendo potencial. Por
isso mesmo não é de estranhar que The Money Store estivesse num lugar
bem cimeiro da minha lista de discos mais esperados para 2012, algo que só foi
exacerbado quando as primeiras canções do álbum começaram a surgir na internet.
Porém, por muito elevadas que estivessem as minhas
expectativas, tenho de confessar que nada me preparou para a autêntica bomba
que me rebentou no colo no momento em que The Money Store me passou pelos
ouvidos pela primeira vez. Com os seus 41 minutos recheados de caos, rebeldia e
experimentação absolutamente viciantes, o primeiro LP dos Death Grips arrebatou-me o coração quase por completo e
depressa se tornou num dos discos mais rodados dos últimos meses aqui em casa
(para grande infelicidade dos vizinhos). Resumindo, The Money Store é um dos
meus discos favoritos deste ano.
Quem ouviu Exmilitary sabe que uma das suas características
mais fortes foi a forma como fundiu uma agressividade sonora cega com uma incrível
sensibilidade Pop para criar versos
infecciosos e memoráveis. Em The Money Store, o que assistimos
não é a uma alteração deste esquema mas sim à sua afinação: a abrasividade e a
agressividade aparecem de forma mais forte e direccionada, e os refrães e os hooks são ainda mais catchy. Ao nível da produção, a cargo de Zach Hill e Flatlander, assistimos
à mistura de vários samples e loops com instrumentação mais “analógica”
(sobretudo bateria e sintetizadores), o que ajuda a dar ao disco o aspecto
duma “colagem sonora” que, com a estética suja e crua, assume tonalidades muito
negras e sombrias.
Quanto às letras, vemos em The Money Store uma
composição por camadas: se à superfície temos MC Ride a encarnar um mero vagabundo violento, à medida que vamos
mergulhando na lírica do disco vamos compreendo que, mais do que um mero
delinquente, a personagem do álbum assume-se como uma espécie de “oráculo” das
ruas que, para resumir, já viu e sofreu muita merda marada, desde crimes a
brutalidade policial. Para além disso existem múltiplas referências à Pop culture actual (Lady Gaga ou WikiLeaks,
por exemplo) que dão ao disco uma grande actualidade e uma dimensão de crítica
social mordaz bem vincada. Isso, quando aliado à entrega vocal brutal e furiosa
de MC Ride, dá a The
Money Store uma força que vem não só da violência sonora mas também da
violência do conteúdo conceptual, o que separa os Death Grips de quase tudo
o que se faz actualmente no Hip-Hop.
No que toca aos defeitos, a minha única queixa a fazer a The
Money Store é o facto de estarem incluídas no disco algumas faixas que, a
meu ver, não se encaixam bem e que, por retirarem algum do ritmo ao álbum,
podiam muito bem ser retiradas que daí não viria mal nenhum. Se não fosse esse
problema, e uma ou outra aresta que poderia ter sido limada, e este The
Money Store seria um LP
perfeito e de excepção.
Quanto às escolhas de canções individuais, no rol das
minhas favoritas incluem-se a demolidora The
Fever (Aye Aye), a desconcertante Hustle
Bones, a contagiante I’ve Seen
Footage, a esquizofrénica Punk Weight
e a viciante Hacker. Quanto às peças
de que menos gostei, Lost Boys, Blackjack e Fuck That são tudo canções que, como já referi anteriormente, por
mim poderiam nem estar presentes no disco.
Resumindo, com The Money Store os Death
Grips vêm chocar grande parte da cena alternativa e afirmam-se como
um dos mais interessantes, inovadores e thought
provoking da música actual. Mesclando Experimental
Hip-Hop com Noise, Industrial e uma atitude muito digna do DYI e do Punk, o trio norte-americano consegue, com o seu primeiro LP,
esbater as fronteiras do Hip-Hop e
alargar os seus alcances. É certo que não é um álbum perfeito e que, devido à
sua aspereza e abrasividade, acaba por ser um “gosto adquirido” que não é
facilmente entendível por todos. Mas a verdade é que, ainda que não chegue a
toda a gente, The Money Store é um dos poucos álbuns que consegue abalar as
fundações de um género por completo.
Nota Final: 9.0/10
João Morais
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