quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 5

E cá estamos nós hoje aqui, numa quarta-feira, fora da nossa rotina habitual. O porquê? Simples: devido à rápida aproximação do final do ano, vamos acelerar a escrita de reviews, aproveitando as férias e o tempo livre que estas me deixam para ouvir música. Por isso, até dia 31, esperem mais posts “fora de horas”. Comecemos, então, mais esta série de três álbuns.

LCD Soundsystem – “This Is Happening” – Começamos com os LCD Soundsystem, o projecto de Dance Punk de James Murphy. Depois dos aclamados “LCD Soundsystem”(2005) e “Sound of Silver”(2007), este ano Murphy e companhia trouxeram-nos “This Is Happening”, um álbum que segue a cartilha lançada pelos seus predecessores. Ou seja, mais longas “jams” que nos arrancam dos nossos assentos e quase que nos obrigam a irmos para a pista de dança, dançar de forma frenética e desenfreada até ficarmos exaustos. Já se sabe, em equipa vencedora não se mexe, e Murphy tem esta lição bem estudada. Contudo, apesar deste álbum estar repleto de grandes momentos, a verdade é que há músicas (nomeadamente “Somebody’s Calling Me” e “One Touch”) que podem chegar a soar enfadonhas ao fim de alguns minutos. No entanto, Murphy contrapõe com as deliciosas “Drunk Girls”, “All I Want” (um momento tremendamente épico) e “Home”, faixas que são de um brilhantismo notável, que atestam a genialidade deste grande senhor que está por trás dos LCD Soundsystem. Murphy lançou rumores que após este álbum, não haveria mais banda, mas para bem da música, esperemos que seja só bluff, pois nós precisamos destes senhores para fazerem o mundo Indie dançar.

Músicas obrigatórias:

- “Drunk Girls”

- “All I Want”

- “I Can Change”

- “Home”

Nota Final: 8,9/10

The Black Keys – “Brothers” – E do Dance Punk partimos para o Blues Rock. Os Black Keys são um duo vindo do Ohio, EUA, e fazem Blues Rock e Garage Rock Revival, com claras semelhanças com o outro duo famoso, os The White Stripes. No entanto, apesar das semelhanças, os Black Keys são uma banda bastante original, com um som próprio e uma atitude diferente em relação à música, talvez um pouco mais experimental. Com este “Brothers”, vão já no sexto álbum de originais, e ninguém os quer parar. Este é um disco que regressa às origens dos primeiros registos, depois de uma fase um pouco mais psicadélica pelo meio. Apesar de ainda reter, em casos pontuais, alguma dessa influência mais “trippy”, este é um álbum muito centrado no Blues Rock puro e duro, e a gente gosta assim. Dan Auerbach e Patrick Carney conseguiram criar, assim, um álbum muito analógico, que pode soar como algo de outro tempo, mas que ao mesmo tempo parece intemporal, como um disco de vinil, que ao mesmo tempo é tão “datado” como “fixe”. Enfim, o “vintage” está na moda, e assim, os Black Keys garantem sucesso, com a sua mescla de sons que mistura ao mesmo tempo Led Zeppelin, Robert Johnson, Jimi Hendrix e os Allman Brothers. Essa mistura consumou-se neste disco, que consegue com “Everlasting Light”, “The Only One” ou “Unknown Brother” exemplificar como tanta gente pode caber num só disco. A falta de falhas é um dos grandes pontos deste registo, fazendo dele um dos mais consistentes dos últimos tempos. Em suma, fiquei rendido a este “Brothers” que é, sem dúvida, um dos discos do ano. Esperamos mais álbuns assim, pois é desta maneira que se fazem grandes bandas.

Músicas obrigatórias:

- “Everlasting Light”

- “Tighten Up”

- “The Only One”

- “Ten Cent Pistol”

Nota Final: 9,2/10

Black Rebel Motorcycle Club – “Beat The Devil’s Tattoo” – E o terceiro e último disco de hoje vem de mais uma banda norte-americana, os Black Rebel Motorcycle Club, banda de Alternative e Garage Rock vinda de São Francisco, California. Este “Beat The Devil’s Tattoo” chega após a entrada de um novo baterista para a banda, Leah Shapiro (para substituir o membro fundador Nick Jago), que aparentemente veio dar um novo fôlego à banda californiana. Com Shapiro, os B.R.M.C. assinam um disco cheio de Noise Rock, muito na trilha do álbum de 2007, “Baby 81”, mas com mais garra, mais potência e mais ambição. Apesar de eu estar longe de ser um verdadeiro fã da banda, consigo notar uma diferença na atitude da banda, que mostra que não quer ser esquecida, e deseja manter-se viva durante os próximos tempos. Exemplos disso são a faixa-título “Beat The Devil’s Tattoo", “Conscience Killer” ou “Mama Taught Me Better”, autênticas demonstrações de vitalidade. E a música final, “Half-State”, de 10 minutos (!!!) consegue manter-se fresca apesar do seu grande comprimento. Contudo, “Beat The Devil’s Tattoo” não é um álbum perfeito. Algumas músicas pecam por não serem apelativas o suficiente, sendo apenas “normais”, e fazendo com que tenhamos a vontade de passar à frente depois de metade da canção. No entanto, aquelas que não nos dão essa vontade são, de facto, pujantes, mexidas e “sujas”. Em tom de conclusão, apesar deste não ser um grande álbum, “Beat The Devil’s Tattoo” consegue mostrar uns B.R.M.C. cheios de vida, e que poderão almejar a grandes vôos a partir daqui. Um bom disco.

Músicas obrigatórias:

- “Beat The Devil’s Tattoo”

-”Conscience Killer”

- “Mama Taught Me Better”

- “Half-State

Nota Final: 8,0/10

E por hoje é tudo. Sexta-feira, véspera de Natal, teremos mais três álbuns sob a lupa do Música Dot Com. Até lá, oiçam boa música.

o Criador:

João Morais

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