sábado, 2 de abril de 2011

Angles

Boa noite a todos. Hoje, o Música Dot Com traz-vos a review a um dos álbuns mais esperados dos últimos anos, e que saiu no passado dia 24 de Março. Estou a falar, é claro, do quarto disco de originais dos The Strokes, “Angles”, que demorou cinco anos a suceder a “First Impressions of Earth”, de 2006. Será que saiu algo de bom, ou será que os rapazes de Nova Iorque perderam o jeito?

Para começar, é necessário um pouco de contextualização: sem dúvida que os The Strokes são uma das grandes bandas dos anos 00 do Rock, mas a verdade é que desde o seu primeiro álbum, “Is This It” (2001) que estão em declínio. O primeiro álbum foi brilhante (qualquer dia ainda aparece na rubrica “Álbuns da Minha Vida”, porque é MESMO bom), e veio dar um novo fôlego ao Rock numa altura de crise. O segundo disco, “Room On Fire” (2003) é um álbum de grande qualidade, com grandes músicas, como “Reptilia” ou “The End Has No End”. Não é tão bom quanto o primeiro, mas consegue ser, ainda assim, soberbo. E depois, veio “First Impressions of Earth”, um disco que dividiu opiniões. E apesar de eu conseguir gostar de muitas das canções do disco, é verdade que não tem tanto brilho quanto os outros dois. E agora chega este “Angles”, depois de um longo hiato que fez com que os fãs da banda (dos quais eu faço parte, orgulhosamente) receassem pela continuidade do grupo, medo esse reforçado pelo facto de quase todos os membros do grupo terem desenvolvido projectos alternativos, ou a solo. No entanto, cinco anos volvidos, e cá estamos nós. E devo dizer, que a espera podia ter sido mais bem recompensada.

Não querendo dizer que seja um álbum péssimo, a verdade é que os The Strokes conseguiram chegar a um nível ainda mais baixo. O álbum falha em ter um tema estruturante, e não sendo isso uma coisa má, a verdade é que nem todas as músicas conseguem aguentar-se por si próprias. Isto criou um álbum desequilibrado, com momentos muito bons, mas também com momentos de tédio. Mas vejamos o disco ao pormenor.

A abertura do LP, com “Machu Pichu”, é interessante, pois demonstra uma sonoridade mais dançante, um caminho ainda não explorado pela banda. Logo a seguir, cortamos com esta onda de “inovação” com “Under Cover of Darkness”, a faixa mais tipicamente Strokes que encontramos no disco, e que retém aquele “feeling” tão familiar, mas que nunca soa mal. Daqui, passamos para “Two Kinds of Happiness”, a faixa que começa sonolenta, mas que rapidamente evolui para um refrão extremamente frenético. Mas depois, chegamos a duas músicas que são momentos baixos do disco: “You’re So Right” e “Taken For A Fool”, faixas que poderiam ter sido bem melhores, mas que falham em causar impacto, e que chegam a causar aborrecimento, matando o ritmo que o disco estava a ganhar. Depois, “Games”, que retoma a tendência dançante de “Machu Pichu”, e que mostra que “Phrazes For The Young” (álbum a solo de Julian Casablancas, de 2009) e os seus sintetizadores foram, em parte, influência para este disco. Depois, “Call Me Back” surge como a balada “bipolar” do disco, alternando entre um ritmo calmo e outro “corrido”, mas que não convence. “Gratisfaction” e “Metabolism” chegam depois, e surgem com um contraste que, devo confessar, achei interessante: a primeira surge como uma faixa muito “upbeat”, e que transparece uma certa despreocupação, ao passo que a segunda mostra um lado mais negro da banda. Aliás, a imagem que se formulou na minha cabeça ao ouvir “Metabolism” foi a de que estava a escutar a “Heart In A Cage”, com retoques electrónicos e sem a rapidez cortante da guitarra. E por fim, temos “Life Is Simple In The Moonlight”, o meio termo entre uma balada e uma “explosão Rock”. Achei extremamente irónico o encerramento do disco com esta faixa, pois tal como esta música está dividida entre dois extremos, também o álbum está dividido entre a tentativa (talvez forçada) de mudar e a sonoridade já típica da banda nova-iorquina. Esta divisão entre “o que já foi” e “o que poderá ser” resultou em alguma confusão. Sinal disso é a irregularidade do disco, com canções bastante boas junto a faixas que facilmente poderiam ter sido retiradas, que ninguém dava por nada. “Inconsistente” é, para mim, a palavra que melhor define este “Angles”.

Concluindo, “Angles” não é um mau álbum, mas a sua irregularidade fez com que a espera de muitos fãs tenha saído “furada”. A potencialidade está lá, e a exploração por novas sonoridades também, mas na verdade, este disco está longe de ser memorável, pelas inúmeras falhas de que sofre. Esperemos que Casablancas e companhia não demorem mais cinco anos a lançar o sucessor para este disco, pois não foi desta que ficámos convencidos.

Nota Final: 7,3/10

João Morais

1 comentário: