Olá a todos. Para hoje, o MDC decidiu trazer-vos uma review dum álbum lançado no mês de Fevereiro. Falo-vos de “Different Gear, Still Speeding”, o álbum de “estreia” dos Beady Eye (os “ex-Oasis”, menos Noel Gallagher). Só o facto de a banda ser composta pelos antigos membros do grupo de Manchester, mas com a subtracção daquele que foi, sem dúvida, a figura-chave da subida ao estrelato do grupo (não podemos esquecer que Noel era o principal compositor e escritor de letras da banda) já causou grande expectativa. A dúvida era: será que Liam consegue mostrar ao mundo que não precisa do irmão para ter uma banda? Vejamos a resposta.
Começo por dizer que sou um fã confesso dos Oasis. É certo que tiveram os seus momentos menos bons, mas os dois primeiros álbuns (“Definitely Maybe”, de 1994 e “(What’s the Story) Morning Glory”, de 1995) não são nada menos do que brilhantes, e essenciais para perceber o que é que aconteceu na música, desde o nascimento (e queda) do Britpop à ascensão do Indie Rock (termo que uso com muitas reservas). Devo dizer que fiquei particularmente triste com o fim da banda. Eles tinham acabado de lançar um grande álbum (“Dig Out Your Soul”, 2008), que pôs fim à época de discos medianos que “atormentou” o grupo, e isso dava algum ânimo para o que viria a partir daí. No entanto, o facto de Liam ter preferido continuar com o grupo após o abandono do irmão não pode ser visto como uma grande surpresa: ele sempre tentou ser a figura proeminente da banda, e essa atitude vai nessa linha. Mas falando agora dos Beady Eye, e deste “Different Gear, Still Speeding”: devo dizer que este disco não é, de todo, a “bomba” que Liam anunciou. É óbvio que nunca se poderia esperar melhor do que o melhor dos Oasis (algo que Liam nos tentou vender, vezes e vezes sem conta), no entanto, a confiar nas palavras do frontman, esperava-se, pelo menos, melhor do que isto. Sejamos honestos: o álbum está muito mediano.
É óbvio que o disco tem boas música, diria até espectaculares, como “Four Letter Word” (música que abre o disco, e que faz lembrar os tempos áureos dos Oasis, com uma letra que parece referenciar o fim da “outra” banda: “Nothing ever lasts forever”), “Beatles & Stones” (que curiosamente, não soa nem a Beatles, nem a Rolling Stones, mas mais a The Who) ou “The Roller” (um “copy-paste” por parte dos Beady Eye de “Instant Karma”, de John Lennon, mas que é, de facto, uma música muito gira), mas infelizmente também tem músicas que me provocaram um tédio imenso. O exemplo mais claro desse aborrecimento está em canções como “Wind Up Dream” ou “Wigwam”, que me fizeram desesperar (e não estou a exagerar, juro). Pelo meio, o LP é polvilhado por músicas mais “medianas”, que não aquecem nem arrefecem, como “The Beat Goes On”(que tem claramente como inspiração “All The Young Dudes”, de David Bowie, mas falha em causar impacto) ou “Bring the Light” (para mim, aquele piano “estrangulou” por completo aquela que poderia ser uma grande canção). Mas o que é talvez o pior deste disco não é o número de canções boas ou más que tem: o seu maior defeito é a dificuldade que os Beady Eye tiveram, neste álbum, em estabelecer uma identidade musical que viva por si só. Neste “Different Gear, Still Speeding”, Liam e companhia soam a Oasis (nos bons e nos piores momentos), a Beatles, a Rolling Stones, a The Who, a Kinks, e a muitas outras coisas, mas não soam a Beady Eye, e isso é de lamentar.
Em suma, este disco tem grandes momentos, mas infelizmente também tem grandes falhas. Confesso que sinto alguma tristeza, porque realmente desejava que este álbum fosse um “passo em frente” para Liam, por quem sempre nutri muita simpatia (aquela atitude “Rock ‘N’ Roll” de quem diz tudo o que pensa sempre me causou fascínio). Mas espero que estes rapazes tenham tirado notas acerca do que fizeram de mal, e que para a próxima consigam realmente “brilhar” com um disco estrondoso. Ou isso, ou Liam pede desculpas a Noel e os Oasis voltam a reunir-se. Para mim, qualquer das duas opções está bem.
Nota Final: 6,0/10
João Morais
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