Boa noite, e antes de mais, espero que tenham passado uma Feliz Páscoa. Após uma pequena pausa nas publicações (o MDC também precisa de férias), estamos de volta com uma review “fresquinha” dum álbum lançado em Fevereiro. Falo de “Let England Shake”, o oitavo disco de originais da britânica PJ Harvey. O que é que será que o Música Dot Com pensa deste LP?
Começo por dizer que a obra de Polly Jean, no geral, nunca foi alvo do meu interesse. Não por ter algo contra a senhora, mas nunca senti curiosidade em aventurar-me a ouvir alguma coisa dela. Por isso, quando decidi ouvir este “Let England Shake”, soube que iria ter de fazer algum “trabalho de casa”. E foi isso mesmo que fiz: ouvi algumas coisas da discografia de Harvey, para poder saber no que é que me ia meter, e o que descobri foi que este mais recente álbum de PJ é uma mudança radical em relação ao seu antecessor, “White Chalk” (2009). Enquanto que “White Chalk” é um álbum conduzido pelo piano, “Let England Shake” traz uma faceta mais ligada ao Folk Rock e à guitarra, se bem que não excluindo de todo o piano, relega-o para segundo plano.
No que toca à temática do álbum, esta é bastante clara: se atentarmos às letras, “Let England Shake” é uma ode à “Inglaterra Gloriosa” de outrora (não é por acaso que uma das canções se chama “Glorious Land”), e denota-se uma forte vertente interventiva por todo o disco, com uma crítica contundente às políticas recentes do Reino Unido no geral, e uma postura fortemente anti-Guerra em particular. Este álbum só vem reafirmar aquilo que há anos que é claro: no departamento do songwriting, Harvey é brilhante. No entanto, não é só de letras que se faz um álbum. Em “Let England Shake” é verdade que existem momentos onde a composição musical é muito boa, mas há outros onde a qualidade é, a meu ver, menor.
Se canções como “The Last Living Rose” (melhor canção do disco, sem dúvida) ou “The Words That Maketh” (uma secção de metais simplesmente primorosa) são espectaculares, outras há que são simplesmente medianas, como “Let England Shake” (a faixa-título que abre o disco) ou “All And Everyone” (apesar da promessa, não aquece nem arrefece), havendo ainda faixas que foram, para mim, um autêntico tormento, como é o caso de “The Glorious Land” ou “On Battleship Hill”, que apesar das grandes letras, musicalmente não me apelaram nada. Isto demonstra a grande falha de “Let England Shake”: a sua inconsistência, que acaba por matar o ritmo em certas ocasiões do disco.
Resumindo, “Let England Shake” é um álbum com momentos de génio (especialmente ao nível lírico), mas que falha na coerência, com momentos grandiosos a serem cortados por músicas menos boas. No entanto, creio que este álbum vai agradar todos os fãs de PJ Harvey, e aguçar o interesse de quem não a conheça muito bem (pelo menos a mim conseguiu despertar-me o interesse para ouvir mais do trabalho desta britânica). Espero é que, para a próxima, Polly Jean consiga fazer um álbum mais coeso. Mas até lá, vale a pena ouvir este “Let England Shake”.
Nota Final: 7,8/10
João Morais
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