sábado, 30 de abril de 2011

Yuck

Saudações. Hoje é Sexta-Feira, e o Música Dot Com traz-vos a review da semana. Desta vez, temos um disco de estreia: “Yuck”, álbum homónimo dos Yuck, é o álbum escolhido. Como não há tempo a perder, vejamos quem são estes novatos, e do que é que saiu das mentes deste grupo.

Os Yuck surgiram em 2009, em Londres (ou no deserto, em Israel, segundo afirmações dos próprios). A formação é composta por quatro artistas: Daniel Blumberg e Max Bloom, ambos ingleses, que se ocupam dos vocais e das guitarras, Mariko Doi, japonesa e baixista do grupo, e Johny Rogoff, americano e baterista. Estes quatro indivíduos juntaram-se e formaram esta particular banda, e é notório que os Yuck têm o coração Alternative Rock americano dos anos 80/90. Pavement (banda que, aliás, indicam como grande influência), Sonic Youth ou Dinosaur Jr são apenas alguns dos nomes que surgem mal ouvimos o disco deste grupo. Aliás, a própria capa deste disco tem um aspecto muito “DinosaurJr-Pavement-esco”, e isso despertou-me, mesmo antes de ouvir a música, muita curiosidade. Analisemos então, com mais detalhe, este “Yuck”.

A abertura do disco é feita com “Get Away”, uma grande canção, e que nos leva logo para um “ambiente” onde as camisas de flanela, as botas Doc Marten e as sapatilhas All-Star são abundantes, e essa sensação é transversal ao longo de todo o álbum. “Get Away” e “The Wall” estão recheadas de “teen angst” (dignas duns Sonic Youth), “Holing Out” e “Georgia” têm uma guitarra solo extremamente ácida (J Mascis dos Dinosaur Jr cobra direitos de autor) e “Suicide Policeman” e “Sunday” são mais calmas e contemplativas (lembrando um pouco os Pavement, que, de resto, estão sempre presentes, nos vocais dos vocalistas, que me fazem lembrar, e muito, Stephen Malkmus). Como podemos ver, está tudo aqui. No entanto, apesar das influências serem notórias, o que é espantoso nos Yuck é que conseguem trazer um elemento muito próprio, e misturar todos estes ícones dos anos 80 e 90 americanos com distorções dignas do Shoegaze (The Jesus and Mary Chain ou My Bloody Valentine podem ficar orgulhosos de “Rubber”), ou divagar, por vezes, para caminhos mais etéreos, tipicamente Post Rock, como em “Rose Gives a Lilly” (instrumental que balança entre Explosions in the Sky e Sonic Youth em momentos mais experimentais). Estes “casamentos” entre géneros e sub-géneros fazem com que os Yuck tenham criado uma belíssima obra, à qual eu rendo-me completamente.

Os momentos menos bons do disco são raros (“Shook Down” e “Suck” são, para mim, as duas faixas mais fracas, mas estão longe de ser más), e não pesam muito na hora de reflectir. “Yuck” é um LP sólido, coerente, e com uma sonoridade muito interessante, que, não sendo totalmente inovadora, consegue trazer alguma frescura quando a ouvimos. Um disco brilhante, a meu ver.

Em suma, devo dizer que recomendo veemente a toda a gente que escute este disco. Se forem fãs do Alternative Rock, vão conseguir, sem dúvida, encontrar as vossas bandas favoritas neste “Yuck”. Isso diz tudo acerca dos Yuck: podem não ter inventado a roda com este álbum, mas criaram, sem dúvida uma jante janota, que me agradou imenso. Esperemos que continuem assim, por muitos e bons anos!

Nota Final: 9,1/10

João Morais

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