Olá a todos. Hoje, o MDC traz-vos a reportagem do último dia de concertos do CCBeat, a série de três concertos duplos ocorridos nos dias 19, 20 e 21 de Maio, no Centro Cultural de Belém. Na última sessão (que irei recordar nas seguintes linhas) actuaram duas proeminentes bandas da cena alternativa portuguesa: Diabo Na Cruz e Linda Martini.
Abrem-se as portas para o Grande Auditório do CCB. À medida que os fãs são encaminhados para os seus lugares, o álbum “Physical Graffiti”, dos Led Zeppelin toca como música de fundo. Apesar de não ter nada a ver com a sonoridade de nenhuma das bandas presentes, devo admitir que esta escolha musical é capaz de entusiasmar um morto.
Cerca das 21:00: levanta-se o pano, e vislumbramos o sexteto: Jorge Cruz na guitarra e na voz, B Fachada na viola braguesa e nos vocais de apoio (vocais esses que ao longo do show enfrentaram algumas adversidades técnicas), Bernardo Barata no baixo, João Pinheiro na bateria e João Gil no teclado, e um novo elemento, Manuel Pinheiro, na percussão. Estes seis artistas abriram a noite com o medley introdutório “Eito Fora/Macaco de Imitação”, retirado do EP “Combate” (que se juntou a “Vitou!”, álbum de estreia do grupo, datado de 2009). A partir daí, foi um festim de dança na plateia, com uma forte interacção entre o público e a banda (com direito a piadas sobre o bigode de Jorge Cruz, e histórias acerca de cassettes do Quim Barreiros).
Com uma setlist relativamente curta (o show durou cerca de 45 minutos), Belém teve direito a grandes faixas, como “Tão Lindo”, “Os Loucos Estão Certos”, “Casamento” (com coros cantados a plenos pulmões pela audiência), “Corridinho de Verão” (com especial participação dos elementos do sexo feminino presentes na plateia, a pedido da banda), e a música que findou o concerto, “Fecha A Loja”. Depois disto, sai a banda de palco (após grande confusão sonora causada por Fachada, na bateria, na viola e nos teclados), cai o pano e voltam as luzes. Um breve intervalo para recuperar o fôlego para o que vem a seguir.
Setlist Diabo Na Cruz
1. Eito Fora/Macaco de Imitação
2. Tão Lindo
3. Os Loucos Estão Certos
4. Combate com Batida
5. Lenga-Lenga
6. Bico De Um Prego
7. Casamento
8. Bom Tempo
9. D. Ligeirinha
10. Corridinho de Verão
11. Fecha a Loja
São sensivelmente dez horas da noite. O pano volta a subir, e em palco vemos uma configuração pouco usual: ao invés das posições standard (baterista atrás, guitarristas e baixista na frente), a banda está disposta em linha: da esquerda para a direita, estão André Henriques (guitarra e voz), Cláudia Guerreiro (baixo e vocais de apoio), Pedro Geraldes (guitarra e vocais de apoio) e Hélio Morais (bateria), todos no mesmo plano. Soam os primeiros “guinchos” do feedback, e o quarteto abre com “Nós os Outros”, seguido de “Mulher-a-Dias” e “Amigos Mortais”, as três do mais recente álbum, “Casa Ocupada” (2010).Logo nos primeiros acordes, já todo o CCB ignorava as cadeiras, e vemos uma maré de gente a encher as escadas. Hélio Morais queixa-se: diz que gostaria que o palco estivesse mais perto da plateia. Segue-se “Dá-me A Tua Melhor Faca”, do primeiro álbum (“Olhos de Mongol”, de 2006). O público está claramente ligado à banda, envolto numa rede de sedução criada pelas letras profundas, as vozes sentidas, as guitarras frias e a bateria forte e compassada. Podem não ter a interacção dos Diabo Na Cruz, mas compensam com o esforço que colocam em cada canção.
Começa “Amor Combate”, a faixa mais popular da banda (resultado do extensivo radioplay em estações como a Antena 3), e Belém está hipnotizada. Depois, “Juventude Sónica”, (título que mais parece piada dirigida a quem os critica por soarem aos seminais Sonic Youth) que leva o Grande Auditório ao rubro com a sua energia imparável. “Estuque” volta a trazer o hipnotismo mais melancólico, tão típico das canções dos Linda Martini. Para o fim, fica um medley “Belarmino/O Amor É Não Haver Polícia”, e o “encore fingido”(a banda não gosta de sair de palco para os encores, e preferiu fazer de conta que saiu e voltou a entrar “estilo ninja”, segundo Hélio Morais). “Cem Metros Sereia” terminou a noite, com o baterista a fazer um convite ao público para uma invasão de palco, prontamente aceite por grande parte da audiência. Perante isto, os seguranças ficaram meramente a olhar e a tentar estabelecer alguma ordem na simbiose que se criou em palco, entre músicos e ouvintes, com ambas as partes a gritar a plenos pulmões o refrão da canção que fechou o CCBeat deste ano.
Concluindo, foi com chave de ouro que este ciclo de shows duplos em Belém terminou. Com a mistura popular e roqueira dos Diabo Na Cruz e a explosão alternativa e apaixonada dos Linda Martini, aliado às óptimas condições acústicas do recinto, creio que não tenha havido alguém desiludido. Só se espera é que iniciativas como esta continuem a aparecer, para incentivar a cultura.
Setlist Linda Martini:
1. Nós os Outros
2. Mulher-a-Dias
3. Amigos Mortais
4. Dá-me A Ttua Melhor Faca
5. Quarto 210
6. Cronófago
7. Amor Combate
8. Juventude Sónica
9. Ameaça menor
10. Estuque
11. Elevador
12. Belarmino/O Amor É Não Haver Polícia
13. Lição de Vôo Nº1
14. Cem Metros Sereia
(Mais uma vez, não foi possível tirar fotografias, devido à falta de autorização prévia. Assim sendo, o MDC decidiu utilizar as fotos da autoria de Mariana Paramês, retiradas da reportagem do concerto, e que podem ser encontradas aqui: http://www.imagemdosom.com/index.php/component/k2/item/590-diabo-na-cruz-%20-linda-martini-%7C-centro-cultural-de-bel%C3%A9m)
João Morais
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