quinta-feira, 2 de junho de 2011

Collapse into Now

Com 14 álbuns de originais editados desde o início da banda, em 1980, os R.E.M. atingiram ao longo destes 31 anos de existência um estatuto de grande relevância no panorama musical mundial. Considerada uma das bandas mais importantes do Alternative Rock americano dos anos 80 (opinião que partilho), a formação proveniente de Athens, Georgia lançou em Março deste ano o seu 15º disco, “Collapse into Now”. Hoje, o MDC propõe uma análise desse mais recente LP da banda liderada por Michael Stipe. Vamos a isso?

Para começar, devo dizer que o antecessor deste “Collapse into Now”, ”Accelerate” (2008) foi um disco que conseguiu dar uma nova vida aos R.E.M., especialmente depois do flop de “Around the Sun” (2004). Por isso, as expectativas para este 15º de originais estavam bem elevadas. Contudo, a banda de Stipe não conseguiu, a meu ver, capitalizar esse “rejuvenescimento”. Enquanto que “Accelerate” ia numa direcção mais veloz, roqueira e abrasiva, este “Collapse into Now” soa disperso e difuso, com poucas faixas que consigam realmente criar uma ligação convincente com o ouvinte. Foi com tristeza que constatei que este álbum estava muito medíocre, pois considero-me fã da banda, e estava com esperanças que este novo fôlego se prolongasse aos próximos álbuns.

Em termos de sonoridade, “Collapse into Now” mantém o “selo R.E.M.”, com a banda a soar a si mesma. Contudo, a forma como esta sonoridade nos é entregue é, na maioria das vezes, pouco satisfatória. Faixas como “Discoverer” (faixa que abre o disco), “Oh My Heart” (que promete com a sua intro orquestral, mas que acaba por “descambar” numa balada acústica pouco inspirada) ou “Walk It Back” (mais uma balada, desta feita ao piano, muito repetitiva e nada emocionante) conseguiram desligar-me do álbum e querer mudar de música. Isso é aliado ao facto da maioria das canções soarem a filler, desprovidas de qualquer energia ou significado. Estou a falar de canções como “All the Best”, “It Happened Today” ou “Blue”, (faixa que encerra o disco de uma forma pouco sólida, indo buscar o riff da faixa de abertura, e que acaba por soar a um final forçado), que ajudam a fazer com que este “Collapse into Now” seja uma obra medíocre.

É certo que canções como “Überlin” (uma faixa slow tempo, que consegue transmitir um sentimento de melancolia), ”Alligator_Aviator_Autopilot_Antimatter” (um belo tema, muito enérgico e frenético) ou “Me, Marlon Brando, Marlon Brando and I” (mais uma faixa imersa numa completa melancolia, que impressiona pela sua simplicidade) têm uma grande aura, e conseguem mostrar que há “focos luminosos” no LP, mas de cada vez que essas faixas tentam criar embalo, esse momentum é cortado por faixas medíocres (e por vezes más), levando a que a obra, no seu todo, soe descoordenada, desorganizada e pouco aprazível ao ouvido.

Resumindo, “Collapse into Now” está longe de ser um bom disco. Não sendo inaudível, este 15º trabalho dos americanos R.E.M. soa a um flop tremendo, pois não só falhou em cativar-me, como foi incapaz de suceder de forma digna a “Accelerate”. Eu só espero (quase que rezo, apesar de ser ateu) que para a próxima Michael Stipe e companhia nos presenteiem com um álbum de grande nível, porque eu não estou com vontade de ouvir mais nenhum “Around the Sun”.

Nota Final: 4,3/10

João Morais

1 comentário:

  1. Bem, pelos vistos temos uma opinião diferente em relação a este álbum! Não sendo um álbum genial, considero um bom regresso dos R.E.M. e um álbum bastante aceitável, acima das minhas expectativas.

    Posso até concordar que seja um disco um pouco "disperso", falta-lhe alguma coesão. Mas tem excelentes temas, não concordo quando dizes, por outra palavras, que a maior parte dos temas é "só para encher". Tem temas bastante directos (gostei do fôlego que apresentam) e tem temas mais calmos, de mais introspecção. Achei que só 1 ou 2 temas é que estivessem a mais.

    De referir também que não concordo com a tua análise ao último tema, eu gostei da maneira como o álbum acabou! A mim soube-me bem acabar o álbum a ouvir Patti Smith..
    Mas como disse, não é um álbum genial. Apenas acho que é melhor do que o fizeste parecer e merece melhor pontuação do que os 4,3 que deste ;)

    (btw, obrigado pelo comentário no blog. Tentei responder no próprio post mas não consegui, não sei porquê.. Aproveito também para te dar os parabéns pelo blog, gosto bastante da tua escrita e já ouvi um álbum graças a uma review tua! Fizeste-me ouvir o álbum dos Yuck.)

    Abraço

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