Em 2008, os Fleet Foxes surgiram com o seu LP de estreia, o homónimo “Fleet Foxes”, que com a sua mistura do Folk e Baroque Pop, conseguiram criar uma sonoridade acústica de fino recorte, que levou a que o registo fosse universalmente aclamado pela crítica, chegando a ser considerado o melhor disco de 2008 por algumas publicações de música. Em Maio deste ano, chegou às lojas “Helplessness Blues”, o muito aguardado segundo álbum da banda de Seattle. Hoje, o MDC vai analisar este disco, e tentar descobrir se o quinteto norte-americano conseguiu superar as expectativas com esta sua segunda obra. Comecemos, pois então.
Com um gigantesco hype, gerado por “Fleet Foxes”, o grupo liderado por Robin Pecknold não tinha uma tarefa fácil ao tentar suceder ao disco de estreia, a meu ver uma obra brilhante. Portanto, escusado será dizer, as expectativas estavam muitíssimo elevadas, desde o momento em que se soube que os Fleet Foxes iriam voltar a estúdio. Mas, a meu ver, não me parece que essa pressão tenha afectado o resultado final, pois a trupe de Seattle conseguiu, com “Helplessness Blues”, assinar um magnífico sucessor digno do seu primeiro disco.
À primeira audição, pode-se dizer que pouco mudou. É verdade que o som soa menos acessível (não terão aqui faixas tão “instantâneas” quanto “Your Protector” ou “Oliver James”), mas não existe nenhuma mudança drástica, com os Fleet Foxes a continuarem com o seu Baroque Folk, fortemente alavancado numa sonoridade acústica. No entanto, depois de ouvir algumas vezes o álbum, constatei que havia algo de novo na sonoridade, que lhe trazia uma nova dinâmica. Falo de uma certa influência oriental, que se sente especialmente em canções como “Bedouin Dress” ou “Sim Sala Bim”, que através da percussão ou de instrumentos específicos, conseguem fazer passar um novo feel ao LP, trazendo uma nova “frescura” ao som dos Fleet Foxes, sem o alterar de raiz. Devo confessar que esta “lufada de ar fresco” realmente agradou-me imenso, pois mostra uns Fleet Foxes que, querendo continuar na trilha da sua sonoridade original, não têm medo de lhe adicionar novos elementos. Nas letras, os Fleet Foxes mantiveram a sua “imagem de marca”, com uma lírica que me apelou à contemplação sobre as questões mais simples da vida, algo que me cativou imenso. Também há que louvar o trabalho de Phil Ek (que já havia trabalhado com a banda em “Fleet Foxes”), que fez em “Helplessness Blues” um brilhante trabalho de produção, fazendo com que a instrumentação neste disco, extremamente variada, conseguisse soar a algo belo, orgânico e delicado, apesar da avassaladora quantidade de instrumentos que está presente neste registo.
Quanto aos aspectos negativos deste “Helplessness Blues”, não há nada a que possa realmente apontar o dedo. Contudo, existem faixas que me cativaram menos que outras. Falo de “Battery Kinzie”, “The Cascades” e de “Blue Spotted Tail”, que apesar de não serem más, são as de que menos gostei no disco, talvez por lhes faltar algo de especial. Contudo, estas três são a excepção num disco que está carregado de canções belíssimas, com particular destaque para “Helplessness Blues” (a faixa-título, que carrega uma força enorme), “The Plains/Bitter Dancer” (uma canção cujas alterações de tempo a tornam numa peça extremamente hipnótica) e a minha favorita, “Sim Sala Bim” (uma música com uma carga muito introspectiva, e que se vai construindo até culminar num clímax poderoso).
Resumindo, “Helplessness Blues” é um brilhante disco, e que não vai deixar desapontado aqueles que gostaram de “Fleet Foxes”. Não vou estar a apontar qual dos dois é o meu favorito, pois apesar de partilharem um som muito semelhante, cada um dos registos têm as suas peculiaridades que fazem deles dois álbuns de excepção. No entanto, posso afirmar que os Fleet Foxes não poderiam ter desencantado melhor sucessor que este “Helplessness Blues”, LP que irá sem dúvida figurar em muitas listas de final de ano. Se irá estar no Top 10 do MDC? Veremos. Até lá, escutem este disco. Vão por mim, é mesmo muito bom.
Nota Final: 8,9/10
João Morais
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