sábado, 25 de junho de 2011

Blood Pressures

Em 2000, a dupla anglo-americana The Kills (composta pelo inglês Jamie Hince e pela norte-americana Alison Mosshart) surgiu, em plena explosão Garage Rock Revival, com uma sonoridade Punk Blues “suja”, directa, sem subtilezas e com muita atitude, que lhes valeu comparações com bandas como The White Stripes ou Black Keys. Em Abril deste ano chegou às lojas o quarto LP do duo, “Blood Pressures”, sucessor do aclamado “Midnight Boom” (2008). Hoje, o MDC traz-vos a review deste disco. Preparados?

Confesso que não sou um entendido em The Kills. Dos três discos que antecedem este “Blood Pressures”, apenas ouvi “Midnight Boom”, e devo dizer que foi uma experiência agradável. Por isso, quando comecei a ouvir este LP, tinha na ideia que o que viria aí seria um belo disco, digno de suceder a “Midnight Boom”. Contudo, a desilusão não podia ser maior. Não sendo “Blood Pressures” um disco terrível, certamente não passa da fasquia do mediano. Mas analisemos com mais pormenor.

Começo por dizer que não sou o maior fã da voz de Alison Mosshart. Em “Midnight Boom”, não posso dizer que tenha desgostado dos vocais, mas apenas porque a sonoridade no seu todo estava bastante cativante, e a voz inseria-se por completo nas músicas, e fazia passar uma certa crueza que aprecio muito. No entanto, isso falta em “Blood Pressures”. Neste LP, a maioria das músicas soa-me a pouco inspirada e a demasiado distante para eu poder sentir alguma ligação com o registo. É verdade que a distorção suja e a produção lo-fi que tanto apreciei no antecessor ainda lá estão, mas surgem como artifícios que, para mim, são pouco hábeis a tapar a falta de substância que infesta este disco. Apesar de alguns “pontos luminosos” estarem espalhados por “Blood Pressures”, a maioria das canções soa a filler, que facilmente teria sido descartado em discos anteriores. Não digo que não estejam aqui presentes algumas boas ideias, mas acabam por ser abafadas pela mediocridade que é geral no álbum.

Faixas há que soam extremamente bem ao ouvido, como “Future Starts Slow” (a canção que abre o disco e que tem uma potência enorme), “Satellite” (um ritmo “gingão” deliciosamente despreocupado) ou “Baby Says” (a minha canção favorita do disco, muito directa e abrasiva, ao bom estilo dos The Kills). No entanto, a maioria do disco soa a mediano, polvilhado com canções como “Heart Is a Beating Drum”, “Wild Charms” ou “The Last Goodbye”, que chegam a ser sofríveis de ouvir.

Em suma, se não são fãs de The Kills, dificilmente vos recomendo este disco. Apesar de algumas canções serem bastante boas, a maioria do disco soa a “enchimento”. Devo dizer que fiquei desapontado com a dupla Alison Mosshart/Jamie Hince, pois aqui mostraram-me uma faceta menos inspirada do que é costume. No entanto, fico à espera do próximo LP, com esperança que eles voltem cheios de força e atitude, algo que sempre apreciei neles.

Nota Final: 4,8/10

João Morais

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