sábado, 24 de dezembro de 2011

Curtas 2011 - Série II


The Sea of MemoriesBush (Setembro)
- Dez anos depois de Golden State, os Bush de Gavin Rossdale regressaram a estúdio para gravar o seu sexto álbum, num retorno que tinha tudo para correr mal, mas que acabou por se traduzir em The Sea of Memories, um álbum surpreendentemente bom. Trazendo alguma frescura ao Alternative Rock dos Bush, este LP aposta em músicas fortes e enérgicas e em canções bastante viciantes e bem construídas. Apesar de defeitos como a inconsistência e a perda de fôlego a meio impedirem que este disco seja uma obra-prima, este The Sea of Memories é um bom álbum, bem capaz de relançar a carreira do grupo. Confesso que fiquei com algumas expectativas para um próximo lançamento.
Pontos altos:
- The Mirror of Signs
- She’s a Stallion
- Stand Up
Nota Final: 7,2/10
 It’s Been A Long Night – Sean Riley & the Slowriders (Maio)
- Ao 3º disco de originais, o grupo coimbrense liderado por Afonso Rodrigues decidiu não arriscar muito, e manteve a aposta no seu Folk Rock temperado com Blues tão característico dos Sean Riley & the Slowriders. É certo que em It’s Been A Long Night nota-se que a produção, a cargo de Nelson Carvalho, está mais limpa e cuidada do que em Farewell (2007) e Only Time Will Tell (2009), mas este disco é uma clara aposta na manutenção de uma sonoridade que tem tido bons resultados. Apesar de não ser o meu disco favorito do quarteto, It’s Been A Long Night mostra uns Sean Riley & the Slowriders em grande forma, algo que eu espero que se mantenha.
Pontos altos:
- Silver
- Travelling Fast
- Night Owls
Nota Final: 7,8/10
 Arabia Mountain – Black Lips (Junho)
- Experimentada banda do Garage Punk norte-americano dos últimos 10 anos, os Black Lips  decidiram trabalhar com o famosíssimo Mark Ronson (Kaiser Chiefs ou Amy Winehouse estão no seu currículo) para gravar e produzir o seu sexto disco de originais. O resultado desta experiência foi Arabia Mountain, o álbum com produção mais polida e cuidada de sempre da história da banda. Contudo, ao nível da sonoridade, este continua a ser um disco típico dos Black Lips, com o Garage Punk de revivalismo inspirado nos The Kinks e na British Invasion a marcar uma presença forte. Jovial e enérgico, este Arabia Mountain não justifica, a meu ver, o hype que gerou, mas é uma bela obra.
Pontos altos:
- Modern Art
- Bicentennial Man
- New Direction
Nota Final: 7,5/10

Hurry Up, We’re Dreaming – M83 (Outubro)
- Para o sexto álbum, os M83 apostaram numa obra megalómana: um álbum duplo que, segundo as palavras de Anthony Gonzalez, explora a temática dos sonhos. Trazendo a característica Dream Pop de influência Electronica a que o grupo já nos habitou, Hurry Up, We’re Dreaming revela-se num belíssimo conjunto de 22 canções, mostrando uma ambição que nos lembra Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995), dos The Smashing Pumpkins. É certo que este disco do quinteto francês tem alguma inconsistência e alguns fillers, fruto da sua lona extensão, mas a verdade é que este Hurry Up, We’re Dreaming não deixa de ser um belíssimo LP por causa disso. Um grande disco de 2011.
Pontos altos:
- Midnight City
- This Bright Flash
- New Map
Nota Final: 8,4/10

Lulu – Lou Reed + Metallica (Outubro)
- Sendo eu fã confesso de Metallica e de Lou Reed, custa-me dizer que este Lulu foi das piores coisas que me passou pelos ouvidos neste 2011. A cooperação entre os grandes do Thrash Metal e o decano do Rock não parecia acertada ao início, e os medos da comunidade musical revelaram-se certeiros quando este álbum saiu. Admito que o conceito de misturar spoken word de Lou Reed com o instrumental dos Metallica, com letras inspiradas num musical alemão do século XIX parecia interessante à partida, mas acabou por soar a algo demasiado insípido e pouco apelativo. Enfim, fica para a próxima.
Pontos altos:
- The View
- Cheat on Me
- Junior Dad
Nota Final: 3,7/10

Bad as Me – Tom Waits (Outubro)
- Com quase 40 anos de carreira, e com 17 álbuns de originais editados até à data, Tom Waits é já um veterano do Rock, tendo uma posição já bem firmada no panteão, juntamente com figuras como Bob Dylan ou Neil Young. Contudo, o norte-americano de 62 mantém-se criativo como sempre, e sete anos depois de Real Gone (2004) lança este Bad as Me, um álbum que nos traz a voz distinta e icónica do músico, e que nos mostra um Rock com gostinho a Blues que Waits faz tão bem. Cheio de influências do Jazz, Rockabilly e Rythm & Blues, Bad as Me pode não ser o melhor que o artista já fez, mas é sem dúvida uma prova que Tom Waits se mantém tão relevante e actual como sempre.
Pontos altos:
- Chicago
- Bad as Me
- Satisfied
Nota Final: 8,1/10


Rome – Danger Mouse & Daniele Lupi (Maio)
- Partindo de uma premissa bastante interessante, de fundir o som das bandas-sonoras dos Western Spaghetti  com música Pop mais actual, Rome é o resultado da colaboração do músico e produtor norte-americano Danger Mouse (dos Gnarls Barkley) e do compositor italiano Daniele Lupi, que levou a pioneira ideia. Com instrumentações belas e cinematográficas, que pintam paisagens musicas muito apelativas, Rome conta ainda com as participações especiais de Jack White (The White Stripes, The Raconteurs) e Norah Jones, que juntaram as suas vozes a alguns dos temas presentes, e que enriqueceram este belo trabalho. Em suma, Rome não é perfeito, mas Danger Mouse e Daniele Lupi conseguiram criar aqui um trabalho sólido, original e bem conseguido, e isso é de louvar.
Pontos altos:
- Season’s Trees
- Two Against One
- The Matador Has Fallen
Nota Final: 8,0/10

Wild Flag – Wild Flag (Setembro)
- Composto por antigos membros de bandas consagradas do Alternative Rock norte-americano (Sleater-Kinney, Helium e The Minders), as Wild Flag são um “super-grupo” feminino que lançou este ano o seu primeiro disco, o homónimo Wild Flag, que traz um Indie Rock com uma grande influência de sonoridades Punk e Post-Punk, que se traduz em canções rápidas, frenéticas e imbuídas numa “aura” juvenil com muito boa onda. Apesar de não conseguir chegar ao nível dos discos “históricos” das bandas que antecederam este grupo, a verdade é que esta é uma das estreias mais interessantes deste ano.
Pontos altos:
- Boom
- Short Version
- Racehorse
Nota Final: 7,9/10

Hysterical – Clap Your Hands Say Yeah (Setembro)
- 3º disco deste grupo de Brooklyn, Hysterical traz-nos uma versão mais mitigada e radio-friendly da Indie Pop a que os Clap Your Hands Say Yeah nos habituaram. Com uma produção mais polida, e com forte aposta em orquestrações clássicas, longe estão os tempos de experimentalismo e arrojo do disco de estreia homónimo de 2005, onde a música dos Clap Your Hands Say Yeah faziam lembrar os Talking Heads. É verdade que, em momentos, este Hysterical parece recordar esses momentos áureos da banda, mas infelizmente este disco mostra um grupo muito mais Pop, com a voz de Alec Ounsworth a trocar os seus vocais pitorescos por um registo mais normal. Confesso que esperava mais deste quinteto.
Pontos altos:
- Same Mistake
- Into Your Alien Arms
- Ketamine and Ecstasy
Nota Final: 6,2/10

Strange Mercy – St. Vincent (Setembro)
- Sucessor do muito aclamado Actor (2009), Strange Mercy é o terceiro disco da norte-americana St. Vincent, e traz-nos mais um trago de Baroque Pop de fino recorte que caracteriza a sonoridade que a artista tem vindo a desenvolver desde Marry Me (2007). Com recurso a influências vindas do Alternative Rock e até do Jazz, este disco traz-nos também letras de tom introspectivo, e uma estética geral bastante intimista que me agradou bastante. Contudo, nem tudo é brilhante neste Strange Mercy, e alguns dos seus defeitos, como a inconsistência e a falta de apelo de algumas canções, impedem-me de poder dizer que este é um LP perfeito. Porém, este 3º disco de Annie Clark é bastante bom, e poderá traduzir-se numa boa descoberta para os mais distraídos.
Pontos altos:
- Cruel
- Surgeon
- Year of the Tiger
Nota Final: 8,0/10

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