quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Slave Ambient


Em 2003, Adam Granduciel Kurt Vile, ambos da cidade de Philadelphia, decidiram juntar-se e criar um grupo de Folk Rock, os The War on Drugs. Após um elogiado disco de estreia, Wagonwheel Blues (2008), Vile saiu da banda, para perseguir uma bem sucedida carreira a solo. Agora, quase três anos depois do primeiro LP, surge o segundo registo do grupo, Slave Ambient, que chegou às lojas no passado dia 15 de Agosto, e que será hoje alvo de crítica.

Ao ouvir Wagonwheel Blues, encontrei uma banda cuja sonoridade se assemelhava à obra a solo de Kurt Vile: uma mistura do Folk e Folk Rock com a distorção e efeitos vindos do Shoegaze de bandas como os My Bloody Valentine ou The Jesus and Mary Chain. Confesso que apreciei, mas não posso dizer que Wagonwheel Blues tenha sido uma obra prima, pois a meu ver sofria de desequilíbrios de qualidade tremendos. Contudo, o mesmo não se passa com Slave Ambient.

À semelhança do primeiro álbum, Slave Ambient também aposta no cruzamento do Folk e do Folk Rock com o Shoegaze e a Dream Pop. Porém, se em Wagonwheel Blues encontrávamos um maior aproximação à Folk e uma instrumentação mais forte, neste segundo disco os The War on Drugs apostaram pelo outro lado do espectro, surgindo com um LP muito mais inclinado para os ambientes etéreos e hipnóticos da Dream Pop.

Contudo, no departamento vocal, Granduciel continua a soar a um meio caminho entre Bob Dylan e Bruce Springsteen, um autêntico regalo para quem, como eu, gosta dessas vozes “carismáticas”. Ao nível da produção, existe um maior cuidado do que no disco de estreia, mas continuamos a ter um clima muito “sonhador” em todo o registo, algo que me agradou bastante. A homogeneidade de Slave Ambient também é, sem dúvida, um factor muito positivo.

Porém, devo dizer que nem tudo esteve do meu agrado neste álbum. Um dos principais problemas é, a meu ver, o facto de existirem alguns “interlúdios” instrumentais entre canções, que destoam do ambiente geral do resto do disco, e que chegam a cortar várias vezes o andamento do LP.

Outro problema é o facto de alguma das canções deste Slave Ambient me soarem um pouco desinspiradas. Não digo que sejam más, mas simplesmente não estão ao nível de outras, e eu falho em sentir uma ligação com elas, o que a meu ver retira algum do brilho deste disco.

Como melhores faixas deste disco, destaco a alegre Brothers, a fervilhante Your Love Is Calling My Name, e a minha preferida do álbum, Baby Missiles, que passa um sentimento de urgência que faz dela uma canção muito forte. As peças menos boas são, a meu ver I Was There, The Animator ou City Reprise #12, que padecem de todas as falhas que enunciei anteriormente.

Em suma, Slave Ambient é um belo disco, que mostra uma franca melhoria em relação ao seu antecessor, Wagonwheel Blues. Apesar de manter alguma da estética do álbum de estreia, este LP mostra uma banda que não tem medo de mudar a sua sonoridade e arriscar, e isso é algo que valorizo muito. Esperemos que essa coragem se mantenha para ver se da próxima vez os The War on Drugs conseguem surpreender ainda mais.

Nota Final: 8,2/10


João Morais


[Este texto foi originalmente publicado no Espalha Factos, podendo ser lido aqui]

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