quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Curtas 2011 - Série V


What Did You Expect From The Vaccines? – The Vaccines (Março)
- Tendo conquistado meio mundo com o seu Indie Rock juvenil e despreocupado, What Did You Expect From the Vaccines? foi sem dúvida uma das estreias mais aguardadas de 2011, e com boas razões. Com uma estética fortemente influenciada pelo Punk, e com uma sonoridade pueril, despretensiosa e animada, a urgência da música dos The Vaccines revelou ser uma das melhores descobertas que este ano teve para oferecer. É certo que está longe de ser perfeito, e que problemas de inconsistência e homogeneidade exagerada pejam este LP, mas este What Did You Expect From the Vaccines? é um auspicioso início de carreira, que faz crescer a expectativa em relação ao que estes quatro rapazes londrinos.
Pontos altos:
- A Lack of Understanding
- Nørgaard
- Post Break-Up Sex
Nota Final: 8,0/10

Dye It Blonde – Smith Westerns (Janeiro)
- Depois de uma aclamada estreia em 2009, com o homónimo The Smith Westerns, que primava pelo extenso uso do Lo-Fi cru e agressivo numa sonoridade Garage Rock, este trio norte-americano de Indie Rock decidiu mudar o jogo para o seu segundo LP, Dye It Blonde, que mostra uns Smith Westerns com um estilo mais Pop, de produção limpa e clara e com claras influências vindas do Glam Rock. Apesar das alterações não serem profundas ao ponto de fazer com que o som dos Smith Westerns seja irreconhecível, e de ainda se notar alguma crueza neste Garage Rock de “cara lavada”, a verdade é que a mudança é grande o suficiente para retirar algum do entusiasmo ao som do grupo, algo que eu lamento.
Pontos altos:
- Imagine Pt. 3
- Fallen in Love
- Dance Away
Nota Final: 6,7/10

Kaputt – Destroyer (Janeiro)
- Banda canadiana de Indie Pop liderada por Dan Bejar, os Destroyer lançaram este ano o seu nono LP, Kaputt, disco que tem sido alvo de grande aclamação por parte da crítica desde que chegou às lojas, em Janeiro. Considerado por muitos como o melhor álbum de 2011, Kaputt traz uma sonoridade calma e terna, que através do seu pendor acústico e das incursões pelos sintetizadores etéreos pinta relaxantes e contemplativos quadros sonoros. É certo que considero que o hype que se gerou à volta deste álbum foi um pouco exagerado, pois este Kaputt mostra, a meu ver, alguma inconsistência, mas a verdade é que este nono disco de originais do conjunto canadiano é uma autêntica delícia.
Pontos altos:
- Chinatown
- Savage Night at the Opera
- Kaputt
Nota Final: 8,4/10

Smoke Ring For My Halo – Kurt Vile (Março)
- Ex-membro dos The War on Drugs, Kurt Vile abandonou a companhia de Adam Granduciel para se dedicar a uma carreira que, ao quarto LP, começa a dar frutos. Estando presente em quase todos os tops de final de ano da crítica especializada, Smoke Rings For My Halo traz uma sonoridade Folk rica em distorção e influências retiradas do Roots Rock de Bruce Springsteen, que se traduzem num som quente e acolhedor digno de uma qualquer garagem do frio estado de Pennsylvania. Não posso dizer que este álbum seja o meu favorito para 2011, mas é certamente um LP a que irei retornar no futuro.
Pontos altos:
- Jesus Fever
- Runner Ups
- In My Time
Nota Final: 8,2/10

No Color – The Dodos (Março)
- Ao quarto LP, este duo de Indie Folk vindo de San Francisco continua a dar cartas no género a que se dedica desde 2005. Com uma sonoridade que permanece estreitamente ligada a uma instrumentação mais acústica, os The Dodos trazem-nos, com este No Color, um álbum forte, fervilhante e que, ironicamente, se vai pintando com cores alegres e exuberantes que mostram o experimentalismo e o arrojo de Meric Long e Logan Kroeber. Contudo, apesar de admirar a tentativa de manter fresca a fórmula do grupo, este No Color está longe do melhor que os The Dodos já fizeram, nomeadamente o disco de 2008, Visiter. Porém, se procuram música volátil e empolgante, este No Color é bom para vocês.
Pontos altos:
- Good
- When Will You Go
- Don’t Stop
Nota Final: 7,7/10

Chromatic – You Can’t Win, Charlie Brown (Maio)
- Álbum de estreia deste sexteto nacional (que conta com David Santos, mais conhecido por Noiserv), Chromatic é uma aposta na experimentação, combinando a Baroque Pop e Folk de grupos como os Fleet Foxes com os desvarios electrónicos da Neo-Psychedelia dos Animal Collective num molde de Psych-Folk nunca antes visto em Portugal. Com uma faceta acústica bem evidente, e com um psicadelismo “orgânico”, fruto da utilização pouco ortodoxa de instrumentos de sopro e de percussão mais tradicionais, este Chromatic é um disco singelo e pastoril, que muito me agradou. Apesar de se perder a meio, e de por vezes ser demasiado difuso, este álbum dos You Can’t Win, Charlie Brown é uma bela obra portuguesa.
Pontos altos:
- Over the Sun/Under the Water
- I’ve Been Lost
- Green Grass #2
Nota Final: 7,3/10

Within and Without – Washed Out (Julho)
- Mais um dos muitos projectos Chillwave que ganharam fama em 2011, Washed Out é o pseudónimo musical de Ernest Greene, um norte-americano que lançou este ano o seu primeiro disco, Within and Without. Misturando Synthpop e componentes mais dançáveis no género de que é pioneiro, Washed Out criou, em Within and Without, um álbum perfeito para qualquer ocasião, desde um relaxante descanso depois de um dia de trabalho a uma ida à praia. A razão para a sua polivalência é a facilidade com que Greene consegue atingir o equilíbrio entre uma estética mais relaxada e etérea e uma componente mais festiva e animada. Uma estreia em grande, que é ainda mais espectacular por incluir Amor Fati, uma daquelas faixas que (felizmente) não me sai da cabeça.
Pontos altos:
- Amor Fati
- Far Away
- You and I
Nota Final: 8,4/10

Space Is Only Noise – Nicolas Jaar (Janeiro)
- Norte-americano de origem chilena, Nicolas Jaar lançou este ano um álbum que se mostra como sério candidato ao prémio de disco mais hiper-inflacionado dos últimos tempos, Space Is Only Noise. Trazendo uma Electronica de pendor minimalista e cerebral, este LP de estreia do músico caracteriza-se pelas camadas de loops e samples que o compõem, que se vão acumulando para pintar uma sonoridade de tons frios e cinzentos. Contudo, apesar de ser visto por muitos como o melhor que 2011 tem para oferecer, o interessante conceito de Space Is Only Noise não me convenceu, pois pareceu-me, ao fim de algum tempo de audição, um pouco monótono e aborrecido. Mais uma vez, o hype não se justifica.
Pontos altos:
- Keep Me There
- Space is Only Noise if You Can See
- Specters of the Future
Nota Final: 4,3/10

Share the Joy – Vivian Girls (Abril)
- 3º disco deste trio feminino de Indie Rock, Share the Joy traz-nos o regresso das Vivian Girls após o desaire de Everything Goes Wrong (2009). Pegando na estética simples e de inspiração Noise Pop e Punk que fez do seu primeiro disco (Vivian Girls, de 2008) a pérola que é, as Vivian Girls conseguiram “atinar” e trazer uma abordagem mais fresca e directa neste novo LP. Apesar de eu ter alguns problemas residuais com a voz nasalada de Cassie Ramone, e do disco às vezes poder tornar-se algo sonolento e repetitivo, este Share the Joy não deixa de ser um álbum bom, que agradará qualquer fã de Indie Rock bem distorcido e intenso.
Pontos altos:
- Dance (if You Wanna)
- Sixteen Ways
- Light in Your Eyes
Nota Final: 7,1/10

These New Countries – We Trust (Outubro)
- Primeiro disco deste projecto musical do realizador português André Tentugal, These New Countries é uma obra digna de admiração, devido à complexidade das melodias que o compõe, e pela ousadia e arrojo com que aborda a Indie Pop. Com uma produção limpa e polida que complementa muito bem a delicadeza do som, These New Countries é um LP que traz uma música de fino recorte que é raro de se ver em Portugal. Sem dúvida um dos melhores discos nacionais de 2011, este álbum vem afirmar que We Trust é um nome a ter em conta no panorama da música portuguesa dos próximos tempos.
Pontos altos:
- Time (Better Not Stop)
- Reasons
- Freedom Bound
Nota Final: 8,5/10

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