sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Hurley

Olá, amantes de música. Hoje, sexta-feira, é dia de review semanal, neste novo calendário de Inverno que o Música Dot Com passou a adoptar. E para marcar este regresso à escrita, decidi avaliar o mais recente álbum da banda americana Weezer: “Hurley”, que saiu no dia 10 de Setembro. Ora comecemos.

Para começar, devo confessar que nunca acompanhei muito de perto os Weezer. Conheço os seus hits, e sei que fazem um Rock Alternativo interessante, mas é só isso. Por isso, não sabia bem no que me ia meter quando comecei a ouvir “Hurley” (o disco com a capa mais insólita que já vi, devo admitir), mas a verdade é que dei de caras com um álbum engraçado. As músicas são giras, ficam no ouvido, e nota-se que o álbum está bem produzido. Apesar de eu gostar de álbuns mais “crus”, o som polido de “Hurley” não fica mal, e vai na calha do que eles costumam fazer. As letras são engraçadas, chegando a ser disparatadas (“Where’s My Sex” foi escrita, segundo o vocalista Rivers Cuomo, ao substituir a palavra “Socks” pela palavra “Sex”, e o resultado é... bem... interessante), mas no final do dia cumprem o seu objectivo: entreter. Não sendo um álbum de antologia, e não ficará para a história, “Hurley” prima pela sensação de satisfação que nos traz depois de ouvirmos. Percebemos que estes rapazes não estão à procura de reconhecimento por parte dos críticos, pois não se preocupam nem um pouco com isso, o que resulta numa frescura e jovialidade que irá certamente agradar os fãs. Neste disco, os Weezer não arriscam muito nem experimentam, mas podem ficar orgulhosos deste álbum.

Apesar deste álbum às vezes ter “momentos mortos”, ou seja, músicas que não aquecem nem arrefecem, este disco conta também com um trio de músicas que, devo admitir, considero espectaculares: “Memories”, o single de avanço, “Hang On”, com um espírito roqueiro bastante agradável, e “Time Flies”, que tem um “feeling” acústico muito positivo. De resto, o álbum é todo “audível”, mas não aconselho ouvirem muitas vezes de seguida. Este álbum fraqueja nesse ponto. Passada a novidade, torna-se num álbum que perde o seu brilho e não dura.

Concluindo, “Hurley” é tudo o que poderíamos esperar dum álbum dos Weezer. Divertido, bem produzido e interessantemente estruturado, é suficiente para mostrar que Rivers Cuomo e companhia estão aqui para ficar. E isso não é uma coisa má.


Nota Final: 7,7/10


o Criador:

João Morais

terça-feira, 14 de setembro de 2010

In Utero

Hoje, no Música Dot Com, damos início ao segundo capítulo da saga “Álbuns da Minha Vida”, com um dos meus álbuns favoritos dos anos 90: “In Utero”, dos Nirvana. Apesar de “Nevermind”, o álbum anterior a este, ser considerado por muitos “o grande disco” dos Nirvana, eu tendo a gostar mais deste 3º e último álbum da banda de Seattle. Ora vejamos porquê.

Para começar, este álbum tem a minha música favorita dos Nirvana: “Heart-Shaped Box”. Inspirada na relação (conturbada) entre Cobain e Courtney Love, a música é, para mim, o melhor exemplo das letras crípticas e a guitarra simples e distorcida que caracteriza os Nirvana. Depois, temos outros clássicos, como “Rape Me”, ou “Serve the Servants”, que aqui serve como abertura do disco, que contrastam com outras músicas, que por serem muito mais alternativas, não entram tão facilmente no ouvido, mas que para mim são verdadeiras obras-primas, como “Radio Friendly Unit Shifter” ou “Scentless Apprentice”. Estas músicas verdadeiramente prestam tributo às bandas de Rock Alternativo dos anos 80 que serviram de inspiração aos Nirvana, como Sonic Youth, Dinosaur Jr. ou Pixies. E como complemento temos “Dumb”, uma música mais calma, a balada do álbum, mas que mantém os temas corrosivos sempre presentes.

Este álbum, que foi gravado com o produtor Steve Albini, que produziu “Surfer Rosa”, dos Pixies (banda predilecta de Kurt Cobain), é, a meu ver, aquele em que os três elementos da banda se juntam melhor em estúdio, por oposição à desintegração do grupo, que nesta altura já era visível por quem os rodeava. Cobain já não estava interessado em trabalhar com Novoselic nem com Grohl, e isso traduziu-se numa maior crueza do som, e numa maior amargura das letras, que ironicamente produziram a melhor obra da banda. Pode não ser um álbum seminal do Rock Alternativo, mas pode ser considerado uma belíssima peça do género. Também tem o valor de ser o derradeiro disco da "cena de Seattle"(vulgo Grunge, termo que desvalorizo), pois cerca de um ano após o lançamento do LP, Cobain morre e a "cena" perde o seu líder. Por estas razões, este álbum está envolto numa mística, que aliada a uma sonoridade bastante interessante, e de qualidade, produz um disco para mim deveras especial.

Se desconhecem o álbum e procuram por onde começar, posso recomendar as faixas “Heart-Shaped Box”, “Radio Friendly Unit Shifter” e “Dumb”, pontos de partida obrigatórios do álbum que veio a seguir ao “álbum que marcou a década”.

Resumindo, este disco costuma viver na sombra de “Nevermind”, por razões óbvias, contando-se entre elas a diferença de apelo comercial entre os dois discos. No entanto, quem gosta de Rock Alternativo, Nirvana, ou apenas de boa música não irá ficar desiludido.

o Criador:

João Morais

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Interpol

Uma das bandas mais conhecidas do movimento Post-Punk Revival, os Interpol são uma das bandas que vêm cá em Novembro deste ano, mais concretamente a 12 desse mês. Com eles trazem este álbum homónimo, “Interpol”, que estive a ouvir atentamente para fazer a review. Ora vejamos o que é que os nova-iorquinos estiveram a fazer.

Este álbum, o quarto de originais, foi o último a contar com o baixista Carlos Dengler, considerado por muitos uma das peças fundamentais da banda, devido às suas linhas de baixo imponentes e que servem de fio condutor das músicas do grupo. Pouco depois de terminadas as gravações do álbum, Dengler saiu da banda, estando desagradado com a forma como as coisas corriam. Sendo assim, este álbum é o último com Dengler “a bordo”, e por isso foi muito aguardado por fãs e críticos. Será que depois do menos conseguido “Our Love To Admire” os Interpol conseguiriam “tirar um coelho da cartola”? Bem, depois de ouvir o álbum na íntegra, a impressão que o álbum me dá é que, apesar do álbum ser bom, não consegue chegar ao nível que os dois primeiros, “Turn On the Bright Lights” e “Antics” atingiram.

Não me interpretem mal, o álbum está bem construído e bem conseguido, com a voz grave de Paul Banks a inserir nas músicas um tom dramático já familiar, juntando a uma bateria segura de Sam Fogarino, e o já referido baixo poderoso de Carlos Dengler a trazer força às músicas, e com a guitarra tristonha de Daniel Kessler a completar o embrulho. A nível lírico, o álbum segue a linha do “prato da casa” dos Interpol, com as letras sombrias a marcarem presença. No entanto, denotei que neste álbum falta uma certa garra e velocidade na sonoridade, sendo assim, um álbum marcado por músicas mais vagarosas e lentas.

Devo assinalar que este álbum contém, no entanto, duas músicas que considero de grande qualidade: “Success”, a faixa que abre o disco, e “Barricade”, o single de estreia. Essas duas músicas serão, provavelmente, as mais memoráveis, e que irão perdurar.

Em suma, “Interpol” é um álbum bom, mas apenas conta com duas músicas dignas de nota, com o resto a cair na categoria de “enchimento”, que é como quem diz, músicas que não aquecem nem arrefecem. Um álbum dominado por um ritmo mais lento e menos mexido, que apesar de ter qualidade, tende a tornar-se enfadonho depois de um certo tempo. Contudo, os fãs da banda deverão gostar do álbum, pelo seguimento que dá ao trabalho já mostrado.

Nota Final: 7,9/10

o Criador:

João Morais