sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Top 10 de 2010

Boa tarde a todos. Hoje, dia 31 de Dezembro, é altura de fazer balanços ao ano que está agora a terminar. Por isso, hoje apresento-vos o Top 10 de 2010 do Música Dot Com. Este top foi feito com base nas reviews que foram feitas ao longo do ano, em junção com as várias partes do “2010 em Revista” (se não tiveram oportunidade de as ver até agora, elas estão disponíveis aqui no blog, à distância de um click). Posto isto, aqui está o Top 10:

10. Deerhunter - “Halcyon Digest” - 8,4






9. The Drums - “The Drums” - 8,5






8. MGMT - “Congratulations” - 8,5






7. Ariel Pink’s Haunted Graffiti - “Before Today” - 8,8






6. LCD Soundsystem - “This Is Happening” - 8,9






5. Kanye West - “My Beautiful Dark Twsted Fantasy” - 9,0






4. B Fachada - “B Fachada É Pra Meninos” - 9,0






3. Black Keys - “Brothers” - 9,3






2. Broken Social Scene - “Forgiveness Rock Record” - 9,6






1. Arcade Fire - “The Suburbs” - 9,6






Este é o Top 10 que o Música Dot Com compilou ao longo do ano. Amanhã, no primeiro dia do ano 2011, teremos mais novidades, incluindo a escolha das cinco melhores músicas de 2010. Até lá, espero que tenham uma boa entrada em 2011 (diz o cliché que deve ser com o pé direito), e que se divirtam, e não se esqueçam, oiçam sempre boa música. Feliz passagem de ano!

João Morais

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 8 (e última)

E assim chegamos à oitava e última parte de “2010 em Revista”. Depois de sensivelmente um mês a passar os olhos pelo ano que está a terminar, consegui concluir esta verdadeira saga. E hoje, trago-vos quatro álbuns, os últimos a que faço review este ano. Espero que tenham gostado desta viagem que fizemos a este ano tão singular que foi 2010, e que se preparem para embarcar na última parte desta jornada. Comecemos, pois então.

Ariel Pink’s Haunted Graffiti – “Before Today” - E começamos com o senhor Ariel Pink e os seus Haunted Graffiti, o grupo que ele usa como suporte para as suas criações musicais. Este “Before Today” é já o 12º álbum de Ariel Pink (se bem que ele diz que é o seu primeiro, vá-se lá saber porquê. Excentricidades.), e trás algumas novidade na sonoridade de Ariel Pink. Não é uma total ruptura, mas o Freak Folk que se fazia sentir em outros registos desaparece aqui por completo. Mas para fazer uma descrição do álbum, pode-se fazer uma simples equação: Lo-Fi (sempre presente na obra de Ariel Pink) + Experimentalismo + Revivalismo Rock + Pitadas de Chillwave + traços de New Wave = “Before Today”. E devo dizer que esta equação não soa nada mal não senhora. Apesar de algumas músicas estarem abaixo da média (a faixa que abre o álbum, “Hot Body Rub”, pode ser um pouco dissuasora, mas se arriscarem e ouvirem o resto do disco, não vão sair desapontados), em geral o álbum está bem feito, soa bem ao ouvido, e tem poucos defeitos. Músicas como “Bright Lit Blue Skies” (uma cover duma canção clássica do Rock N’ Roll) ou “Revolution’s a Lie” (uma linha de baixo a soar a Post-Punk dos anos 70/80) fazem deste um dos discos obrigatórios de 2010.

Músicas obrigatórias:

- “Bright Lit Blue Skies”

- “Round and Round”

- “Beverly Kills”

- “Revolution’s a Lie”

Nota Final: 8,8/10

Joanna Newsom – “Have One On Me” – E prosseguimos com a cantautora (peço desculpa pelo neologismo, que se está a tornar frequente nas minhas reviews, mas eu gosto da palavra, e não posso fazer nada quanto a isso) californiana Joanna Newsom, que nos traz neste 2010 “Have One On Me”, o seu 3º disco de originais, e que segue a linha Indie Folk acompanhada de harpa e piano que tem vindo a ser usual nos seus discos. Devo dizer que Newsom não é de fácil entrada (muito por causa da sua voz “carismática”, chamemos-lhe assim), e eu sei isto muito bem porque a música dela simplesmente não me convenceu. Vou ser franco, não gostei do álbum. Aliado à voz pouco apelativa de Joanna, temos a repetição das músicas, com a mesma fórmula quase sem tirar nem pôr, e uma monotonia que é sentida por quase todo o disco. Apesar de ter algumas músicas engraçadas (“’81” e “Soft As Chalk”, por exemplo), 5 faixas que se aproveitem num álbum de 18 é uma obra de pouco mérito. O meu veredicto é que este é um álbum muito mediano, e que não merece o hype que as publicações de música lhe têm dado. Por isso, se não conhecem a obra ou não são fãs de Joanna Newsom, oiçam por vossa conta e risco.

Músicas obrigatórias:

- “’81”

- “Good Intentions Paving Company”

- “Soft as Chalk”

- “Kingfisher”

Nota Final: 4,8/10

Deerhunter – “Halcyon Digest” – Prosseguimos com os nova-iorquinos Deerhunter, banda de Indie Rock que assina em “Halcyon Digest” o seu quarto Longa Duração. Este disco tem vindo a ser apontado em algumas listas como o álbum do ano. Discordo dessa consideração, mas admito que esta é uma obra bastante boa. Contendo um Indie Rock vestido com roupas experimentalistas (que chegam a cheirar a Shoegaze e a Noise Rock em momentos), “Halcyon Digest” é um disco sólido, coerente e bem estruturado. Os Deerhunter criaram aqui um álbum repleto de músicas que fazem o pé bater e a cabeça abanar. Tirando algumas faixas menos conseguidas, este é um álbum para ouvir e voltar a ouvir, e que entretém em qualquer ocasião. Da minha parte, está aprovado, e esperemos que os Deerhunter fiquem connosco por muitos e bons anos, para continuarem a fazer boa música.

Músicas obrigatórias:

- “Memory Boy”

- “Desire Lines”

- “Fountain Stairs”

- “Coronado”

Nota Final: 8,4/10

Sufjan Stevens – “The Age of Adz” – E terminamos com um dos cantores mais populares do mundo Indie, o senhor Sufjan Stevens, o americano que nos trouxe álbuns memoráveis como “Michigan” ou “Illinois”, e que fez desta vez “The Age of Adz”, que corta com o trabalho mais recente, e volta às experiências electrónicas que fazem lembrar “Enjoy Your Rabbit”, deixando o Folk a que já tínhamos sido habituados totalmente de parte. Contudo, esta Electronica, apesar de ter algumas semelhanças, é diferente da do álbum de 2001. Podemos dizer que Sufjan, ao romper com o aclamado “Illinois”, mostra um desejo de evitar a repetição que eu admiro. No entanto, a primeira parte do disco foi, para mim, quase intragável. O experimentalismo aí presente tornou-se aborrecido pelo facto das canções serem muito compridas e repetitivas. Contudo, a segunda metade do álbum está pejada de genialidade. O brilhantismo de Sufjan que vimos em “Illinois” aparece aqui, em “The Age of Adz”, após uma “longa travessia no deserto” que dura quase meio álbum. Não quero com isto dizer que a sonoridade seja semelhante à do disco anterior (não é, nem um pouco), mas conseguimos encontrar pontos de contacto que nos fazem pensar: “este é um álbum do Sufjan Stevens”. Devo também referir a colossal “Impossible Soul”, faixa que fecha o disco, e que tem 25 minutos de duração, mas que, apesar do seu tamanho, consegue manter-se surpreendentemente fresca e renova-se a cada minuto que passa. No entanto, não devo deixar de lembrar que este disco é muito incoerente, e a segunda parte não consegue (por pouco) compensar a desilusão que foi a primeira. Espero que no próximo álbum, Sufjan tenha a lição bem estudada e nos apresente algo mais sólido.

Músicas obrigatórias:

- “Get Real Get Right”

- “Vesuvius”

- “I Want to Be Well”

- “Impossible Soul”

Nota Final: 7,2/10

E assim chega ao fim o nosso “2010 em Revista”. Como balanço, devo dizer que este ano foi bastante generoso no que toca à boa música. Tivemos lançamentos bastante bons, e que me deixaram absolutamente arrebatado. Claro que houve sempre alguns discos mais mauzinhos, mas nem sempre tudo corre pelo melhor, não é verdade? Agora, é esperar pelo Top 10 que sai amanhã, aqui, no Música Dot Com. Até lá!


João Morais

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 7

Boa noite, meus caros leitores e melómanos: bem-vindos à sétima parte do “2010 em Revista”. O ano novo está quase a chegar, e está será a penúltima edição desta “saga” de mini-reviews que tem estado a ser compilada pelo Música Dot Com desde finais de Novembro. Hoje temos mais três álbuns do ano que está a findar. Sem mais demoras, vamos iniciar esta edição.

Kanye West – “My Beautiful Dark Twisted Fantasy” – Começamos por uma entrada tardia nas listas de melhores do ano (e que por isso mesmo não figura em algumas compilações do género), mas que é, sem dúvida, um grande álbum. Falo do mais recente disco de Kanye West, “My Beautiful Dark Twisted Fantasy”, uma obra grandiosa, criada por um dos mais polémicos artistas dos últimos tempos. Toda a gente tem uma opinião sobre Kanye, seja pela sua música, seja pelas suas declarações controversas. Devo confessar que o antecessor a este álbum, “808s & Heartbreak”, nunca me tinha entrado no ouvido, muito por causa do efeito do Auto-Tune que se fazia ouvir por quase todo o álbum. Mas este “...Dark Twisted Fantasy” é um disco que chega a atingir o nível de obra-prima, com uma produção brilhante e letras magníficas. Faixas como “Runaway” ou “Power” atingem níveis épicos vindos de alguém que suspeito que não regule bem, mas que é sem dúvida um génio naquilo que faz. Nota-se que Kanye volta um pouco às origens, mas combina-as com tudo o que já tinha feito anteriormente, fazendo com que essa mistura soe muito bem ao ouvido. Apesar de não ser um álbum sem falhas (“Monster” ou “So Appaled” cortam o ritmo e não ficam muito bem no disco, na minha opinião), este é, sem dúvida, um dos grandes lançamentos do ano. Se havia dúvidas na decisão do melhor artista Hip-Hop da década, essas dúvidas foram dissipadas no momento em que “My Beautiful Dark Twisted Fantasy” chegou às lojas. Bravo, Kanye.

Músicas obrigatórias:

- “Dark Fantasy”

- “ Power”

- “ All of the Lights”

- “Runaway”

Nota Final: 9,0/10

Yeasayer – “Odd Blood” – Esta foi a minha primeira vez que ouvi Yeasayer. Sou, portanto, um leigo no que toca a esta banda. No entanto, decidi “saltar de cabeça” para este disco, e ver o que achava dele. E a verdade é que este “Odd Blood” deu-me vontade de conhecer mais a banda, apesar das suas falhas. A mistura do Experimental Rock e do Psychadelic Pop presente neste álbum criam uma espécie de sonoridade que eu considerei “dançável”. Constatei que algumas músicas não eram muito agradáveis ao ouvido (a faixa de abertura, “The Children”, revelou-se abominável, muito por causa do efeito de voz), ou tornavam-se monótonas passado algum bocado, dando uma sensação de inconsistência. No entanto, as músicas que não padecem destes defeitos são, de facto, apelativas e interessantes (“Ambling Alp” é um dos pontos fortes deste álbum, uma música bem construída e que não deixa ninguém indiferente). Apesar dos seus defeitos não poderem ser ignorados, os seus atributos falam por si. Esperemos que os Yeasayer peguem no que fizeram bem e trabalhem no que fizeram mal, e façam um disco melhor para a próxima. Mas se estão à procura duma experiência nova num género musical fora do comum, recomendo este disco.

Músicas obrigatórias:

- “Ambling Alp”

- “I Remember”

- “O.N.E.”

- “Mondegreen”

Nota Final: 7,5/10

Gil Scott-Heron – “I’m New Here” – E terminamos com o poeta americano Gil Scott-Heron, um verdadeiro veterano destas andanças. 2010 marcou o regresso de Heron aos álbuns de originais, depois de 16 anos de inactividade nesta área. Verdadeiro ícone do Spoken Word, e conhecido por misturar vários géneros nos seus discos, Gil Scott-Heron assina aqui mais um disco que não foge à regra, com uma fusão de Folk, Trip-Hop e Spoken Word a ser a receita do álbum. Músicas como “I’m New Here” ou “Running” fazem deste disco uma obra deliciosa, não só pela diversidade de sonoridades que encontramos aqui, mas também pelas suas letras, que são, desde já, o ponto forte desde disco. Este é um álbum para ouvir com uma mente aberta, e que apela à reflexão. Apesar de algumas músicas soarem a “enchimento” (especialmente os vários “Interludes” que estão presente no álbum), no final encontramos um álbum coeso, despretensioso e que chega aonde quer. Neste disco encontramos uma forma diferente de fazer música. Se esperam um disco com músicas com estruturas normais, não vale a pena ouvirem “I’m New Here”. Mas se estão dispostos a experimentar, esta é, sem dúvida, uma boa aposta.

Músicas obrigatórias:

- “Me and the Devil”

- “I’m New Here”

- “New York is Killing Me”

- “Running”

Nota Final: 8,0/10

E assim chegamos ao fim da penúltima edição de “2010 em Revista”. Depois da última parte, publicarei o Top 10 deste ano, publicação essa que fica agendada para dia 31 de Dezembro. Até ao próximo post, fiquem bem e oiçam boa música.

João Morais

domingo, 26 de dezembro de 2010

B Fachada É Pra Meninos

Boa noite, meus caros. Espero que o Natal tenha sido proveitoso para todos vocês. Da minha parte não me posso queixar. Hoje, voltamos ao formato regular de uma só review, porque quero avaliar aquela que foi uma das minhas prendas de Natal, e um dos melhores álbuns deste ano: “B Fachada É Pra Meninos”, do cantautor português, B Fachada. Creio que este disco merece uma análise mais aprofundada, por isso, venho neste Domingo trazê-la perante vós. O mote está lançado, por isso, comecemos.

Bem, para começar, devo relembrar aquilo que disse quando fiz a crítica do EP de Verão do senhor Bernardo, “Há Festa Na Moradia”: “B Fachada não é artista de digestão fácil”. É, por isso, um artista de extremos: Ou se gosta, ou se detesta. E eu devo confessar que gosto dele a valer. Isso pode comprometer um pouco a imparcialidade com que oiço os seus discos, mas é algo que eu não consigo evitar. Por isso, não é de estranhar que eu tenha adorado este “...É Pra Meninos”. É fresco, é único, é original, é reconfortante e é inquietante. Creio que são poucos os artistas que conseguem concentrar tantas sensações numa rodela de plástico. E Fachada é um desses selectos mestres da música.

Falando de um modo geral, B consegue, com as suas letras, criar personagens com traços autobiográficos, mas que estão longe de ser o próprio Bernardo. Duma forma quase “Pessoânica” (eu sei que pode soar a exagero para alguns), Fachada cria alter-egos que vivem plenamente nas suas canções. E “...É Pra Meninos” não foge a essa regra: as suas músicas estão repletas de personagens que apresentam todas pequenos laivos da personalidade do autor, e em que o “narrador” (B Fachada, quase como se estivesse a contar histórias, interpreta este papel em inúmeros momentos) várias vezes muda para a primeira pessoa. É difícil apontar todos os recursos estilísticos que B usa, e duvido que o próprio autor saiba todos os que utiliza nas suas canções, mas é preciso alguém com um raro jeito para a coisa para fazer o que este senhor faz com o português.

No que toca ao som, Bernardo volta à produção cuidada do antecessor auto-intitulado “B Fachada” (digam o que disserem, “Há Festa Na Moradia” não é um álbum, mas sim um EP), mostrando que B consegue interpretar dois papéis, na perfeição: o Indie Folker despreocupado dos EP’s e o profissional dedicado e perfeccionista dos Longa-Duração. Falando do estilo em que as músicas nos são apresentadas, nota-se alguma ruptura: temos menos Folque-lore com influências das músicas tradicionais portuguesas, e mais Indie Pop de fino recorte. Com um som polido, mas aproveitando uma larga panóplia de sons, B Fachada cria um álbum que, não negando tudo o que vem de trás, avança para um território novo. Este tipo de coragem mostra a vontade de B se reinventar a cada disco, e desta vez utiliza instrumentos que nos dão a sensação de ouvirmos um disco mais “infantil”, mas nunca “infantilóide”. Esta forma de mostrar as canções, aliado às letras, consegue apresentar belas dissertações sobre a vida, duma forma simplista, mas que consegue ser brilhante.

Quanto às músicas em si, devo dizer que fiquei rendido a quase todo o álbum. Com músicas como “Tó-Zé” (que abre o álbum de forma primorosa), “Dia de Natal”, “Questões de Moral”, “Conselhos de Avô” (um avô que tenta, claramente, desencaminhar o neto), “Primeiro Dia” e “Casa do Manel”, este disco não podia deixar de ser uma obra de qualidade. No entanto, note-se que este “B Fachada É Pra Meninos” tem pontos fracos, de seus títulos “Mochila do Carteiro” e “Agosto”. Não querendo dizer que estas músicas sejam propriamente más, quando comparadas com o resto do álbum, são claramente as menos entusiasmantes e com menor qualidade. Contudo, “Barrigão” retoma o bom ritmo (com um tom delicado e muito agradável) e “Futuro” fecha o disco em beleza, com a personagem a questionar-se sobre o que aí vem duma forma tão inocente e pura que nos deixa arrebatados e a chorar por mais.

Em suma, “B Fachada É Pra Meninos” é capaz de ser o melhor disco português do ano, e merece, sem dúvida, destaque entre os melhores lançamentos de 2010. Uma ovação em pé para aquele que, neste momento, é o melhor artista português, e o que melhor usa a nossa língua nas suas criações.

Nota Final: 9,0/10

João Morais

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 6

Feliz Natal a todos os leitores do Música Dot Com. Hoje, dia 24, véspera de Natal, o MDC traz-vos mais três reviews de álbuns que marcaram 2010. Prontos para isso? Pois bem, comecemos.

Wavves – “King of the Beach” – Começamos, então, com a banda americana de Noise Pop (chamemos-lhe assim), os Wavves. Este álbum, “King of the Beach”, é já o terceiro do grupo formado em 2008, e devo dizer que não é um álbum nada mau, não senhora. Com uma energia tipicamente juvenil, músicas com um tom agitado e vibrante e uma aura despreocupada, os Wavves souberam criar em “King of the Beach” um disco bom, que junta bem Noise, Surf, Punk e Lo-Fi numa só panela. Contudo, o disco não deixa de ter imperfeições, sendo a mais gritante a inconsistência. Se a primeira parte do disco é espectacular, a segunda cai um pouco na qualidade, sendo pouco apelativa aos ouvidos. No entanto, isso não faz com que este disco deixe de ser um álbum verdadeiramente delicioso. A ouvir com cautela, pois pode viciar.
Músicas obrigatórias:
- “King of the Beach”
- “Super Soaker”
- “Post Acid”
- “Linus Spacehead”
Nota Final: 8,2/10

Crystal Castles – “Crystal Castles (II)” – Prosseguimos com uma banda que tem gerado muito hype nos últimos tempos, os Crystal Castles. Para começar, devo dizer que o primeiro álbum deles, o também auto-intitulado “Crystal Castles”, não me entrou no ouvido. E este segundo também seguiu o mesmo caminho. Sinceramente, não consigo perceber o porquê de tanta excitação à volta desta banda. A sua música não é propriamente boa, e se podemos apontar-lhes (alguma) originalidade, devo confessar que esta está a ser muito mal aproveitada. Este disco é rico em ruído, e se eu gosto de um bom Noise Rock ou Shoegaze (estilos de música ricos em barulheira), a verdade é que a Electronica dos Crystal Castles nem tem classe para se colocar no mesmo patamar. Rico em barulhinhos e cacofonia, com toda a honestidade devo confessar que não retirei prazer nenhum de ouvir o álbum em si. Posso dizer que “Celestica” e “Baptism” são, de facto, músicas interessantes. Mas o álbum no seu todo não é grande coisa.
Músicas obrigatórias:
- “Celestica”
- “Baptism”
Nota Final: 4,0/10

Best Coast – “Crazy For You” – E para terminar fechamos com o trio de Indie Pop de Bethany Cosentino, Bobb Bruno e Ali Koehler, os Best Coast. Esta banda, vinda de Los Angeles, causou sensação em Julho, ao lançar este “Crazy For You”, um álbum que teve um apoio considerável da crítica. No entanto, quando ouvi este disco, devo dizer que me senti ludibriado. A verdade é que “Crazy For You” não é um álbum assim tão bom quanto nos é prometido. Verdade seja dita, é um álbum abaixo de mediano, até. Apesar de não ser horrível, o disco é bastante “normalzinho”, com letras bastante “teenager” e um som que, apesar de não soar mal ao ouvido, passada a novidade, perde o interesse e cai no esquecimento. Admito que houve momentos (“Crazy For You” ou “When The Sun Don’t Shine", por exemplo) em que senti uma certa elevação artística. No entanto, esses bons momentos facilmente ficaram diluídos nas restantes músicas que, não sendo péssimas, não ficam na nossa mente. Em suma, este disco passa, mas não fica.
Músicas obrigatórias:
- “Crazy For You”
- “Goodbye”
- “I Want To”
- “When The Sun Don’t Shine”
Nota Final: 4,0/10
E pronto, assim chegamos ao fim deste “Especial de Natal”, onde vos trouxe mais três reviews de álbuns deste ano que agora finda. Até à próxima, e não se esqueçam, que a boa música esteja sempre convosco. Feliz Natal!
o Criador:
João Morais

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 5

E cá estamos nós hoje aqui, numa quarta-feira, fora da nossa rotina habitual. O porquê? Simples: devido à rápida aproximação do final do ano, vamos acelerar a escrita de reviews, aproveitando as férias e o tempo livre que estas me deixam para ouvir música. Por isso, até dia 31, esperem mais posts “fora de horas”. Comecemos, então, mais esta série de três álbuns.

LCD Soundsystem – “This Is Happening” – Começamos com os LCD Soundsystem, o projecto de Dance Punk de James Murphy. Depois dos aclamados “LCD Soundsystem”(2005) e “Sound of Silver”(2007), este ano Murphy e companhia trouxeram-nos “This Is Happening”, um álbum que segue a cartilha lançada pelos seus predecessores. Ou seja, mais longas “jams” que nos arrancam dos nossos assentos e quase que nos obrigam a irmos para a pista de dança, dançar de forma frenética e desenfreada até ficarmos exaustos. Já se sabe, em equipa vencedora não se mexe, e Murphy tem esta lição bem estudada. Contudo, apesar deste álbum estar repleto de grandes momentos, a verdade é que há músicas (nomeadamente “Somebody’s Calling Me” e “One Touch”) que podem chegar a soar enfadonhas ao fim de alguns minutos. No entanto, Murphy contrapõe com as deliciosas “Drunk Girls”, “All I Want” (um momento tremendamente épico) e “Home”, faixas que são de um brilhantismo notável, que atestam a genialidade deste grande senhor que está por trás dos LCD Soundsystem. Murphy lançou rumores que após este álbum, não haveria mais banda, mas para bem da música, esperemos que seja só bluff, pois nós precisamos destes senhores para fazerem o mundo Indie dançar.

Músicas obrigatórias:

- “Drunk Girls”

- “All I Want”

- “I Can Change”

- “Home”

Nota Final: 8,9/10

The Black Keys – “Brothers” – E do Dance Punk partimos para o Blues Rock. Os Black Keys são um duo vindo do Ohio, EUA, e fazem Blues Rock e Garage Rock Revival, com claras semelhanças com o outro duo famoso, os The White Stripes. No entanto, apesar das semelhanças, os Black Keys são uma banda bastante original, com um som próprio e uma atitude diferente em relação à música, talvez um pouco mais experimental. Com este “Brothers”, vão já no sexto álbum de originais, e ninguém os quer parar. Este é um disco que regressa às origens dos primeiros registos, depois de uma fase um pouco mais psicadélica pelo meio. Apesar de ainda reter, em casos pontuais, alguma dessa influência mais “trippy”, este é um álbum muito centrado no Blues Rock puro e duro, e a gente gosta assim. Dan Auerbach e Patrick Carney conseguiram criar, assim, um álbum muito analógico, que pode soar como algo de outro tempo, mas que ao mesmo tempo parece intemporal, como um disco de vinil, que ao mesmo tempo é tão “datado” como “fixe”. Enfim, o “vintage” está na moda, e assim, os Black Keys garantem sucesso, com a sua mescla de sons que mistura ao mesmo tempo Led Zeppelin, Robert Johnson, Jimi Hendrix e os Allman Brothers. Essa mistura consumou-se neste disco, que consegue com “Everlasting Light”, “The Only One” ou “Unknown Brother” exemplificar como tanta gente pode caber num só disco. A falta de falhas é um dos grandes pontos deste registo, fazendo dele um dos mais consistentes dos últimos tempos. Em suma, fiquei rendido a este “Brothers” que é, sem dúvida, um dos discos do ano. Esperamos mais álbuns assim, pois é desta maneira que se fazem grandes bandas.

Músicas obrigatórias:

- “Everlasting Light”

- “Tighten Up”

- “The Only One”

- “Ten Cent Pistol”

Nota Final: 9,2/10

Black Rebel Motorcycle Club – “Beat The Devil’s Tattoo” – E o terceiro e último disco de hoje vem de mais uma banda norte-americana, os Black Rebel Motorcycle Club, banda de Alternative e Garage Rock vinda de São Francisco, California. Este “Beat The Devil’s Tattoo” chega após a entrada de um novo baterista para a banda, Leah Shapiro (para substituir o membro fundador Nick Jago), que aparentemente veio dar um novo fôlego à banda californiana. Com Shapiro, os B.R.M.C. assinam um disco cheio de Noise Rock, muito na trilha do álbum de 2007, “Baby 81”, mas com mais garra, mais potência e mais ambição. Apesar de eu estar longe de ser um verdadeiro fã da banda, consigo notar uma diferença na atitude da banda, que mostra que não quer ser esquecida, e deseja manter-se viva durante os próximos tempos. Exemplos disso são a faixa-título “Beat The Devil’s Tattoo", “Conscience Killer” ou “Mama Taught Me Better”, autênticas demonstrações de vitalidade. E a música final, “Half-State”, de 10 minutos (!!!) consegue manter-se fresca apesar do seu grande comprimento. Contudo, “Beat The Devil’s Tattoo” não é um álbum perfeito. Algumas músicas pecam por não serem apelativas o suficiente, sendo apenas “normais”, e fazendo com que tenhamos a vontade de passar à frente depois de metade da canção. No entanto, aquelas que não nos dão essa vontade são, de facto, pujantes, mexidas e “sujas”. Em tom de conclusão, apesar deste não ser um grande álbum, “Beat The Devil’s Tattoo” consegue mostrar uns B.R.M.C. cheios de vida, e que poderão almejar a grandes vôos a partir daqui. Um bom disco.

Músicas obrigatórias:

- “Beat The Devil’s Tattoo”

-”Conscience Killer”

- “Mama Taught Me Better”

- “Half-State

Nota Final: 8,0/10

E por hoje é tudo. Sexta-feira, véspera de Natal, teremos mais três álbuns sob a lupa do Música Dot Com. Até lá, oiçam boa música.

o Criador:

João Morais

domingo, 19 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 4

Boa noite, caros leitores. Aproximamo-nos vertiginosamente do final do ano, e por isso, hoje teremos mais três álbuns de 2010 avaliados em “mini-reviews”. Sem mais demoras, comecemos.

Deftones – “Diamond Eyes” – Hoje começamos com um álbum mais pesado, o sexto de originais dos Deftones, “Diamond Eyes”. Gravado na ressaca do trágico acidente de carro que colocou Chi Cheng, o baixista original da banda, em coma, e que hoje está em recuperação, “Diamond Eyes” veio substituir “Eros”, o projecto em que a banda californiana estava a trabalhar na altura do acidente. Os Deftones decidiram continuar, mas pôr de lado “Eros”, e utilizar como catarse a gravação de um novo álbum, e assim nasceu “Diamond Eyes”, um disco que, apesar de toda a tragédia que o envolve, consegue ser um álbum bastante bom. Apesar de não ser o melhor trabalho da banda, consegue, sem dúvida, superar o seu antecessor, “Saturday Night Wrist”, de 2006. Com um trabalho consistente e poderoso, os Deftones conseguiram assegurar-nos que estão cheios de força, deixando-nos na expectativa de um novo álbum, que consiga aproveitar o ímpeto criativo em que eles se encontram neste momento. Em suma, “Diamond Eyes” prova que dentro do Alternative Metal, os Deftones ocupam uma posição de “valor seguro” digno de uma banda que consegue ultrapassar as adversidades e gravar um disco desta envergadura.

Músicas obrigatórias:

-“Diamond Eyes”

-“Rocket Skates”

-“Royal”

-“CMND/CNTRL”

Nota Final: 7,8/10

Devo – “Something For Everybody” – Prosseguimos com os Devo, banda veterana de New Wave, que consuma assim o seu regresso com o seu nono álbum de originais. Este disco, que vem 20 anos depois de “Smooth Noodle Maps”, tem algo que o outro não tinha: mais consistência. Esta consistência vem duma segurança na banda que não existia em 1990, pouco antes dos Devo se separarem. Com uma nova frescura, os Devo fazem aquilo que sempre fizeram bem: New Wave com um toque sarcástico e crítico sobre a sociedade dos tempos de hoje. A fórmula continua a mesma, com os sintetizadores, as guitarras e os tons dissonantes a darem-nos a sensação que estamos a ouvir algo que não é deste mundo. Mas, apesar de manterem tudo o que faz deles únicos, os Devo não conseguiram fazer um álbum propriamente brilhante com este “Something For Everybody”. Apesar de não ser mau, ficamos sempre com a sensação que algo está a faltar. No entanto, eu tenho esperança que a banda de Mark Mothersbaugh é capaz de fazer melhor, e por isso, espero que este regresso aos discos não seja efémero, pois creio que os Devo ainda têm muito para nos dar.

Músicas obrigatórias:

-“Fresh”

-“Don’t Shoot (I’m a Man)”

-“Mind Games”

-“Later Is Now”

Nota Final: 7,2/10

Neil Young – “Le Noise” – E hoje acabamos com “Le Noise”, de Neil Young, o mais recente álbum do decano do Rock. Este álbum, curto, com apenas 8 músicas, mostra a faceta mais eléctrica de Neil Young (que eu por acaso aprecio mais), deixando o Folk acústico um pouco de lado. De facto, das 8 músicas, apenas 3 podem ser consideradas acústicas, mas por todo o disco se sente uma certa força, de alguém que tem muito para exprimir. No entanto, apesar dessa força, o disco pareceu-me inacabado. Apesar de ter potencial para ir longe, o álbum acabou por soar a algo a meio-caminho. Contudo, as músicas que não parecem inacabadas são, de facto, poderosas, com uma energia que nos percorre vinda directamente do senhor Neil Young. Mas devo confessar que esperava muito mais de um artista que considero de excelência. Fica para a próxima.

Músicas obrigatórias:

-“Sign of Love”

-“Love and War”

-“Angry World”

-“Rumblin’”

Nota Final: 6,6/10

E por hoje é tudo. Nesta semana que agora vai começar, irei continuar a avaliar álbuns que marcaram 2010, por isso, fiquem atentos. Obrigado, e boa noite.

o Criador:

João Morais

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 3

Olá a todos, bem-vindos à terceira parte desta revista de 2010 que o Música Dot Com está a fazer, todas as semanas, até ao final do ano. Hoje, teremos, tal como tivemos na semana passada, mais três álbuns que irão ser sucintamente avaliados. Esta foi a melhor maneira que encontrei de poder passar um olhar crítico pelos álbuns que marcaram, para o bem e para o mal, este ano. Espero que concordem. Passemos, então, à música.

Eels – “End Times” – Hoje começamos com a banda de E (nascido Mark Everett), os Eels, banda californiana de Alternative Rock. Ora o senhor E começou o ano de 2010 com este End Times, o segundo volume duma trilogia conceptual de álbuns começada em 2009, com “Hombre Lobo”, e terminada ainda em 2010, com “Tomorrow Morning”, já em Agosto. Enquanto que o primeiro tomo da série se centra sobre o “desejo”, este “End Times” tem como tema a solidão e o envelhecimento, que transparecem logo a começar na capa, que mostra um velho esfarrapado e vagabundo. Ao ouvirmos “End Times” somos levados, com a sua panóplia de sonoridades, numa viagem guiada pela guitarra (que por vezes chega a transparecer algum Blues, mas que se mantém no habitual registo Alternative/Indie a que já fomos habituados por Everett, que se define num compromisso entre o acústico e o eléctrico) onde ouvimos E a cantar roucamente as suas letras sobre o fim dum relacionamento amoroso, pelo qual ele se culpa, e que contribui ainda mais para o tom solitário do álbum. Este é um bom disco, para ouvir e repetir, à média-luz, e com a noite a cair lá fora.

Músicas obrigatórias:

-“Gone Man”

-“Mansions of Los Feliz”

-“End Times”

-“Unhinged”

Nota Final: 7,7/10

Beach House – “Teen Dream” – Duo Americano de Indie Rock de corrente Lo-Fi, os Beach House assinam este terceiro disco, “Teen Dream”, com um desembaraço incomum. Normalmente, o terceiro álbum é mais difícil que os dois que o antecedem, mas a banda que veio de Baltimore consegue fazer um disco que, em contraste com os seus antecessores, abusa muito menos do efeito Reverb, mas que mantém quase tudo o resto que caracteriza a sonoridade dos Beach House. “Teen Dream” mostra uma vez mais que o nome que cheira a Verão da banda é muito enganador. Com a voz de veludo de Victoria Legrand a colocar-nos num ambiente íntimo, reflectivo e pacífico, este disco consegue acalmar-nos e fazer-nos pensar (pelo menos, foi esse o efeito que teve em mim), e faz-nos imaginar que estamos à beira duma lareira numa noite de Inverno. Um álbum acolhedor, onde os arranjos ternos do piano e da guitarra e a produção sábia do experiente Chris Coady criam mais um álbum capaz de nos fazer sonhar.

Músicas obrigatórias:

-“Zebra”

-“Norway”

-“Used To Be”

-“Lover of Mine”

Nota Final: 8,0/10

The Walkmen – “Lisbon” – E para terminar com a série de hoje, vou falar-vos de “Lisbon”, o álbum que serve de elogio à cidade de Lisboa, cidade pela qual os The Walkmen se apaixonaram. Para começar, devo dizer que tenho saudades dos Walkmen dos primeiros três álbuns, “Everyone Who Pretended to Like Me Is Gone”, “Bows + Arrows” e “A Hundred Miles Off”. Não desgostando dos seus álbuns mais recentes, “You & Me” e este “Lisbon”, gosto mais da garra juvenil com que a trupe de Hamilton Leithauser se atirava às canções, com uma energia contagiante. No entanto, entendo a evolução da sonoridade deles para algo mais maduro. As letras continuam a ter o cunho agridoce e romântico que sempre tiveram, mas houve uma transição na estética sonora. Agora, as guitarras são mais chorosas e menos rasgadas, de forma a ter maior sintonia com a letra. Mas falemos mais especificamente de “Lisbon”. “Lisbon” é um álbum com um tom mais animado, apesar de tudo, do que o do seu antecessor, “You & Me”, onde notávamos uma certa melancolia e tristeza. A tristeza mantém-se, mas com um tom mais optimista e disposto a enfrentar o futuro de frente(de forma quase épica). Este álbum é, portanto, mais uma prova de que os The Walkmen não querem ser proscritos e não querem parar no tempo. Isso é de facto, uma atitude louvável, e que leva a que este “Lisbon”, não sendo melhor do que o que eles já fizeram, continue a ser testemunho da boa música que os The Walkmen fazem.

Músicas obrigatórias:

-“Angela Surf City”

-“Blue As Your Blood”

-“Victory”

-“While I Shovel Snow”

Nota Final: 8,3/10

E chegámos ao fim das reviews de hoje. Para a semana teremos mais álbuns, e até lá, oiçam boa música!

o Criador:

João Morais

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

2010 em Revista Parte 2

Olá a todos. Hoje, sexta-feira, 3 de Dezembro, o MDC traz-vos mais um grupo de álbuns lançados em 2010, e que eu considero que merecem algum destaque, seja por serem de artistas já renomados, ou por serem álbuns com qualidade. Vejamos, portanto, quais são os três discos avaliados hoje.

Gorillaz – “Plastic Beach” – Para inaugurar o post de hoje, temos o mais recente álbum do grupo virtual mais aclamado de sempre, os Gorillaz, de Damon Albarn. Devo ser sincero, eu admiro o Damon Albarn. Acho que os Blur, banda que o fez famoso, são sem dúvida um dos maiores nomes do Britpop dos anos 90. Achei que o seu outro projecto musical, The Good, The Bad & The Queen, foi capaz de lançar um dos melhores álbuns de 2007 (O disco tem o mesmo nome. Oiçam, se não conhecem, porque o álbum é, de facto, genial!), e sempre achei o trabalho dos Gorillaz bastante bom, especialmente o álbum anterior a este “Plastic Beach”, o “Demon Days”, um disco dos melhores da década 00. Por isso, fui ouvir este “Plastic Beach” com imensa expectativa, e devo dizer que sai desiludido. Apesar de ter algumas grandes canções (“On Melancholy Hill” é uma das grandes canções do ano), não tive prazer quando ouvi o resto do álbum. Não que a receita da sonoridade tenha mudado, pois o álbum mantém a linha de Alternative Hip-Hop dos discos anteriores. No entanto, parece que neste álbum, o Rock e o Hip-Hop não ligam lá muito bem, o que dá uma sensação dum álbum não muito coeso. Apesar de não ser um mau álbum, eu esperava muitíssimo melhor. Fica para a próxima, Damon!
Músicas obrigatórias:
-“Rhinestone Eyes”
-“Stylo”
-“Some Kind of Nature”
-“On Melancholy Hill”
Nota Final: 6,5/10

Caribou – “Swim” – Este álbum de Caribou (ou Daniel Victor Snaith, seu nome de nascimento) sucede ao muitíssimo aclamado disco de 2007, “Andorra”, vencedor do Prémio Polaris de 2008 (Prémio que distingue o anualmente o melhor álbum canadiano), e, curiosamente, é um registo quase inteiramente diferente do seu antecessor. Se em “Andorra” tínhamos tendências revivalistas dos anos 60 britânicos, que eram conduzidas de forma rígida pela guitarra marcadamente Indie, aqui os ritmos dançantes ganham maior destaque, sendo a Electronica a mandar no álbum. Claro que a mudança não erradica por completo o Indie Rock , que teima em deixar vestígios (diminutos, mas estão lá), mas este é um álbum muito mais feito para abanar a cabeça do que para absorver de forma erudita. Um bom álbum, com boas canções, e que mais uma vez nos deixa a pensar: o que é que Caribou irá fazer a seguir?
Músicas obrigatórias:
-“Odessa”
-“Sun”
-“Bowls”
-“Leave House”
Nota Final: 7,4/10

Vampire Weekend – “Contra” – Uma das mais recentes bandas coqueluche do Indie, os Vampire Weekend conseguiram chamar à atenção de todo o mundo com o seu álbum 2008, “Vampire Weekend”, que tinha fortes influências Worldbeat africanas no seu Indie Rock curto e límpido, vindo duma banda que claramente tinha ouvido Talking Heads e Peter Gabriel antes de se dedicar à gravação do disco. A verdade é que funcionou, e a banda de Nova Iorque fez sucesso, tanto nas vendas como nas críticas. E depois, em Janeiro deste ano, decidiram lançar este “Contra”, um álbum que continua com o caminho já pavimentado em 2008, e que mantém uma sonoridade que se tornou típica dos Vampire Weekend: Indie Rock polvilhado de ritmos africanos. No entanto, este álbum conta com mais sintetizadores e ritmos dançantes, que dão um “feeling” muito quente e veraneante. De resto, a voz de Ezra Koenig continua com os seus tiques doidamente agudos, as letras continuam alegres e coloridamente divertidas, e o instrumental continua encantadoramente descontraído. Tudo está feito para consolidar o trabalho começado em “Vampire Weekend”, dando uma consistência à banda que lhe permitirá impor-se como nome grande do Indie. Um álbum que, definitivamente, marcou este ano.
Músicas obrigatórias:
- “Holiday”
- “California English”
- “Cousins”
- “Diplomat’s Sun”
Nota Final: 8,0/10

E por hoje é tudo. Para a próxima sexta teremos mais “micro-reviews” dos álbuns que marcaram 2010. Até para a semana.
o Criador:
João Morais

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

2010 em Revista Parte 1

Boa noite. Hoje, em vez de fazer uma review de um álbum, vou fazer 4 micro-reviews de álbuns que marcaram o ano de 2010. Considerem isto uma espécie de revista do ano 2010, em que eu vou atribuíndo notas aos álbuns que acho que sejam material suficientemente bom para integrar o Top 10 do ano. Para não cometer o erro do ano passado, em que a sobrecarga de informação me fez desistir do blog por alguns meses, decidi que só vou dar a nota do álbum e uma pequena consideraçãozinha sobre o disco em questão. Assim, só para dar uma orientaçãozinha. Desta forma, vocês poderão ver mais ou menos os critérios que vão levar às escolhas do Top. Comecemos com a primeira fornada de álbuns.

Delphic – “Acolyte” - Começamos pelos Delphic, banda britânica de Alternative Dance, verdadeiros herdeiros do legado dos lendários New Order. Este álbum de estreia tem músicas alucinantes que com ritmos rápidos, batidas certeiras e guitarras rasgantes, conseguem chegar ao seu objectivo: fazer qualquer pessoa dançar. Este é um bom disco de estreia.



Músicas obrigatórias:

-“Doubt”

-“Halcyon”

-“Counterpoint”

Nota Final: 7,3/10

MGMT – “Congratulations” - Este “Congratulations” é um registo que diverge de forma radical do seu antecessor, “Oracular Spectacular”, e isso não é mau. Muito pelo contrário, mostra uma faceta dos MGMT muito mais talentosa do que se poderia esperar. Se o primeiro álbum era um disco mais “imediato” (“Kids” e “Time to Pretend” rapidamente se instalaram nos nossos ouvidos durante semanas), com um toque de psicadelismo electrónico digno de Flaming Lips, esta segunda obra mostra uns MGMT muito mais profissionais, com uma musicalidade mais madura, e com um psicadelismo, que ainda a marcar presença, se torna mais “orgânico”, a apostar menos nos sintetizadores e mais nas guitarras. E “Siberian Breaks” arrisca-se a ser a melhor música do ano.

Músicas obrigatórias:

-“It’s Working”

-“Song for Dan Treacy”

-“Flash Delirium”

-“Siberian Breaks”

Nota Final: 8,5/10

The Drums – “The Drums” – Mais uma estreia de 2010, os The Drums fizeram sentir a sua presença com a sua atitude revivalista que junta dois universos distantes: o Surf Rock dos anos 50 (a.k.a. Beach Boys) e o Alternative Pop dos anos 80, reminiscentes dos The Smiths. Essa mistura gera uma das bandas mais frescas dos últimos tempos, com um Indie Pop descaradamente despreocupado. No álbum encontramos uma colecção de músicas que, com uma guitarra viciante e com letras agridoces, fazem-nos passar um bom bocado. Uma estreia de luxo. Mesmo.

Músicas obrigatórias:

-“Best Friend”

-“Let’s Go Surfing”

-“Me and the Moon”

-“The Future”

Nota Final: 8,5/10

Foals – “Total Life Forever”- Muito boa gente anda a apontar este álbum como o melhor do ano. Eu, apesar de tudo, discordo. Digo-vos que está um disco bastante bom, isso sim, mas não creio que seja o melhor do ano. Contudo, mostra uma banda que soube pegar no que tinha feito bem no álbum anterior (“Antidotes” de 2008, outro álbum de grande qualidade) e transpôs para o álbum seguinte, mas com ainda mais energia e força. As letras mantêm a mesma dimensão, mas vêm com ainda mais paixão, e o instrumental mantêm-se esplendorosamente bom, mas ainda mais certeiro. Um registo a ouvir, com toda a certeza.

Músicas obrigatórias:

-“Blue Blood”

-“Total Life Forever”

-“Spanish Sahara”

-“This Orient”

Nota Final:8,0/10

Obrigado, e até para semana, onde teremos mais um set de álbuns que marcaram o ano. Por isso, não se esqueçam de sexta-feira cá voltarem.

o Criador:

João Morais