quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Entrevista: The Kafkas


Vindos de Cascais, João Garcia (guitarra/voz), Daniel Figueiredo (guitarra), Fábio Silva (bateria) e João Ricardo (baixo) são os nomes por detrás dos The Kafkas, um dos projectos mais interessantes do Indie Rock nacional dos últimos anos. Depois de alguns anos a “afinar a pontaria”, este quarteto começa agora a dar os seus primeiros passos rumo ao estrelato, apoiados pelo lançamento da sua maquete, produzida por Pedro “Lobo” no Estúdio Eléctrico, no Porto. Nesta demo podemos ouvir três canções que mostram uma clara influência do Garage Rock Revival de grupos como os Arctic Monkeys ou The Strokes, mas que está aliada a um reverb que lembra o Surf da “Linha”.
Aproveitando a deixa do lançamento desta maquete, o Música Dot Com foi falar com os The Kafkas, numa tarde que se revelou bastante animada, como vão poder ver nas linhas que se seguem.

Como é que surgiu este projecto?
JG Surgiu por volta de 2006, mas no início era só uma brincadeira. Nessa altura eu não sabia cantar nem tocar nada, eu e o Daniel só sabíamos uns acordezitos nas guitarras. Começou mais a sério em 2009, quando o João [Ricardo] entrou na banda e eu deixei de tocar baixo.
FS – Sim, uns meses antes disso eu entrei prá bateria, e demos apenas um concerto como trio, em Murches. Depois, quando o João Ricardo entrou, o Garcia passou para a guitarra.

E porquê o nome “The Kafkas”?
JG – Não sei, acho que é um nome muito Rock, que fica no ouvido. É um bocado “The Kafkas; tanto “K”, ‘bora lá!” [Risos].
JR – Admite lá que foi o primeiro nome que te veio à cabeça! [Risos]
JG – Não foi não! Achei um nome fixe, a sério!
DF – Eu acho que o nome surgiu quando eu e o Garcia vimos alguma coisa relacionada com o Metamorfose, e achámos piada ao nome “Franz Kafka”.

João Garcia, João Ricardo, Fábio Silva e Daniel Figueiredo - The Kafkas
Quais são as vossas principais referências no mundo da música?
JG – Epá, Arctic Monkeys, The Strokes, Franz Ferdinand...
JRThe Kooks.
JG – Nós gostamos de The Kooks, mas não sei se influencia assim tanto... Mas por exemplo, a All the Way vai buscar um pouco a Bloc Party, acho eu. E uma música que acho que nos inspira enquanto banda é a Golden Brown, se bem que não vejo os The Stranglers como uma influência para os The Kafkas. É tudo muito variado...
FS – Acho que os MGMT são um grupo que nos influencia um bocado, tanto que até fazemos uma cover da Electric Feel nos nossos concertos.
JG – Sim, também é verdade.

Acham que o facto de viverem num subúrbio de Lisboa tem alguma influência na vossa música?
JG – Tem, claro que sim.
FS – Vê a Where the Sun Sets.
JG – Ya, se quiseres até te posso mostrar a letra. “Where the sun sets” é aqui, em Cascais.
DF – Eu acho que o nosso estilo de música depende do nosso modo de vida.
JG – Eia, caramba, arrasaste agora com essa “bomba”, Daniel. [Risos] NEXT!
DF – É verdade. As pessoas com estilos de vida diferentes tendem a gostar de tipos diferentes de música, e as pessoas que conheço com o mesmo modo de vida que nós gostam mais ou menos deste género musical.

Qual é a vossa opinião sobre a música em Portugal?
JG – Eu acho que em Portugal a música desenvolve-se pouco, e é sempre a mesma coisa.
FS – E há pouca divulgação daquilo que é bom.
JR – Parece que em Portugal há uma “elite” na música, e ninguém consegue entrar dentro desse círculo.
JG – E tens que copiar o que essa “elite” faz se queres sequer chegar lá perto.
DF – Eu acho que, recentemente, há cada vez mais projectos interessantes e inovadores a aparecer no nosso país, como o B Fachada ou os Deolinda, por exemplo. O problema é que depois essas bandas e artistas não conseguem “dar o salto” para o estrangeiro.

Acham que existem dificuldades na vida de uma banda que está agora a dar os primeiros passos?
JG – Existem, sim. É um bocado complicado uma pessoa conseguir infiltrar-se no “circuito” e arranjar concertos, especialmente quando não se tem material gravado.
JR – Sim, sem dúvida. Mas esperamos que comecem a aparecer mais oportunidades, agora que temos a maquete gravada.
 Como é que funciona o vosso processo criativo?
FS – Por vezes acontece quando estamos a ensaiar; alguém tem uma ideia bonita, e os outros acompanham. Outras vezes alguém pensa numa melodia em casa, a coisa vem em bruto, e nós tratamos de a “polir”, para ficar bonita.
DF – Sim, e depois disso ele escreve. [aponta para o João Garcia]
JG – Sim, eu escrevo as músicas... mas só depois da melodia estar feita. Quanto muito, a letra vem ao mesmo tempo que a música, nunca antes.

Gostavam de tocar em algum sítio em especial?
DF – Glastonbury!
JR – Quanto tempo tens para a entrevista? É que eu podia estar aqui o dia todo a dizer sítios onde gostava de tocar...
FS – Pode parecer um cliché, mas eu adorava tocar no palco secundário do Super Bock Super Rock...
[Riem-se todos]
JG – Ó Fábio, sonhas alto, tu! [Risos]
DF – Mesmo em Portugal, há milhões de sítios melhores que o palco secundário do SBSR, pá! [Risos]
FS – Eu estava a falar em curto prazo, como é óbvio!
JG – Eu curtia bué tocar no Big Day Out, na Austrália...
JR – Eu gostava de tocar no Japão!

Última pergunta: gostavam de poder fazer da música um ofício a tempo inteiro?
JG – Sim! Podes ter a certeza que assim íamos trabalhar todos os dias!
FS – Sim, mas eu gostava que a música fosse mais do que um trabalho. Gostava que a nossa vida girasse à volta da música, mas não é por querer ganhar rios de dinheiro. Claro que dava jeito ganhar alguma guita, porque toda a gente quer ter a sua vida bem arranjada, e as suas coisas, mas isso seria apenas um bónus, e não o objectivo principal.


Para download das canções e novidades sobre a banda:

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