- Situado algures entre a opulência da baroque pop dos Arcade Fire e a frescura
das “sensibilidades universitárias” dos Vampire Weekend, Gorilla
Manor (2009), airoso disco de estreia dos Local Natives,
transformou este quarteto californiano na coqueluche da indie pop norte-americana. Hummingbird, lançado no início deste
ano, é o segundo capítulo da história discográfica do grupo e apresenta-se como
uma sucessão lógica do trabalho desenvolvido no antecessor; produzido por Aaron Dessner, guitarrista dos The
National, o segundo LP dos Local
Natives mantem, em termos gerais, as traves mestras da sonoridade do
grupo, combinando-a com uma estética mais polida e direccionada e temas mais
negros e introspectivos, fruto das trágicas vivências que têm assolado a vida
da banda (em particular, a morte da mãe de Kelcey
Ayer, um dos vocalistas, e a saída do baixista Andy Hamm). Porém, apesar da bem-vinda evolução, a verdade é que Hummingbird
não consegue, devido às suas fragilidades e inconsistências, chegar ao nível de Gorilla
Manor, ficando num patamar razoável que não irá chocar os fãs mas que
falha em me encantar por completo.
Pontos altos:
- Ceilings
- Breakers
- Black Balloons
Nota final: 6.0/10
- Desde o fim dos The Libertines, no ido ano de 2004,
que a influente NME tem tentado, a
todo o custo, arranjar um sucessor para o “trono” do indie rock britânico, fazendo para isso uso de um hype excessivo que, muitas vezes, acaba
por dar em flops tremendos (ver: Kaiser
Chiefs e Klaxons). Os Palma Violets, quarteto londrino formado em 2011, são a mais
recente vítima da publicação britânica e têm sido vendidos como a melhor banda
do lado de lá da Mancha desde que Best of
Friends, single de apresentação,
foi lançado em Outubro do ano passado. 180, disco de estreia do jovem
grupo, serviu de tira-teimas para este hype
gigantesco e, infelizmente, apenas veio comprovar os meus receios de flop. Não quero com isto dizer que este
é um mau álbum; na verdade, o indie rock
juvenil e fervilhante dos Palma Violets consegue, em momentos,
ser verdadeiramente encantador, e os pontuais sintetizadores e órgãos conseguem
dar um toque “gingão” ao conjunto. Contudo, a verdade é que a quantidade imensa
de canções desinteressantes e pontos mortos, aliada à falta de inovação e ao
tom derivativo que preenche o registo, faz com que este 180 fique bastante aquém
da obra-prima “salvadora” da música britânica que nos foi prometida.
Pontos altos:
- Best of Friends
- Tom the Drum
- I Found Love
Nota final: 6.3/10
- Estávamos no longínquo ano de 2009 e os Delphic
eram então, aos meus jovens olhos e ouvidos, uma das grandes promessas da
música independente britânica, devido à forma magistral como juntavam em
canções como Doubt ou Counterpoint influências da new wave/synthpop (New Order vêem logo à cabeça) com
sensibilidades indie rock
contemporâneas. Depois, veio Acolyte, no início de 2010, com uma indietronica morna que, apesar de não
estar à altura das expectativas, ainda deixava espaço para algumas esperanças
no futuro do grupo. E agora, com Collections, creio que está na
altura de colocar o último prego no caixão dos Delphic, que se
apresentam neste seu segundo tomo discográfico com uma obra demasiado heterogénea, desconexa e sem qualquer semblante de consistência qualitativa.
Sintetizadores insonsos, guitarras a meio-gás, pianos pseudo-melancólicos e
arranjos de cordas escusados, são estes os ingredientes de um álbum que, à
excepção de um par de canções, não tem ponta por onde se lhe pegue.
Pontos altos:
- Baiya
- The Sun also
Rises
- Memeo
Nota final: 2.5/10
- Foi em 2009, a meio de um “furacão Grinderman” em plena
potência que Mick Harvey, membro
fundador dos Bad Seeds, decidiu abandonar a banda, encerrando uma história
de 25 anos enquanto timoneiro dos arranjos do grupo e abrindo lugar para a
promoção de Warren Ellis no comando
musical. Esta troca de chefias, apesar de pouco tumultuosa, acabou por
reflectir-se na sonoridade de Push the Sky Away, 15º disco do
grupo, que demonstra Nick Cave e
companhia muito mais apostados na criação de ambiências e tons climáticos,
quase cinematográficos, descurando a parte mais primal e violenta que
costumamos associar aos Bad Seeds. Na verdade, a única
violência presente neste álbum apresenta-se a um nível muito mais emocional e
psicológico (e aí, as letras de Cave
só vêm ampliar o trabalho feito pelo som) do que físico, fazendo deste um disco
extremamente passivo-agressivo, que ameaça sempre um golpe tremendo sem nunca o
desferir verdadeiramente. E é essa passivo-agressividade que acaba por ser,
simultaneamente, o maior trunfo e o maior defeito deste registo, pois apesar de
lhe conferir uma maior amplitude e imprevisibilidade (e de aludir a discos como
The
Boatman’s Call, de 1997), acaba também por torna-lo, ao fim de algumas
audições, algo sonolento e monótono. Contudo, apesar de não ser uma obra que
mostre Nick Cave e os seus comparsas
no seu melhor, Push the Sky Away é um disco que não desilude os fãs nem mancha
o legado histórico, de 30 anos, dos portentosos Bad Seeds.
Pontos altos:
- Jubilee Street
- Higgs Boson Blues
- Push the Sky Away
Nota final: 7.1/10
- Quando ouvi Total Life Forever (2010) pela
primeira vez, confesso que antevi para os Foals um futuro brilhante e risonho,
alicerçado numa carreira repleta de álbuns que, esperava eu fervorosamente,
fossem tão bons (ou até melhores) que aquela quase obra-prima da música pop contemporânea. Infelizmente, os desígnios
do Senhor são misteriosos, e os britânicos decidiram largar o belíssimo
trabalho feito no seu segundo LP e
gravar Holy Fire, um disco que acabou por ser uma tremenda desilusão
para mim. Largando quase por completo a math
pop borbulhante e açucarada dos primeiros registos (My Number e Bad Habit são
alguns dos raros resquícios dessa sonoridade), o terceiro registo dos Foals
aposta em paragens mais pesadonas e expansivas, numa tentativa de explorar um arena rock acessível que, com muita pena
minha, acaba por soar a algo sensaborão e azeiteiro. É certo que, em alguns
momentos, Holy Fire consegue atingir um grande nível de qualidade,
especialmente nos singles, mas de uma
maneira geral, este é um álbum para esquecer.
Pontos altos:
- Inhaler
- My Number
- Milk & Black
Spiders
Nota final: 5.2/10
Nota final: 5.2/10
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