terça-feira, 23 de julho de 2013

Curtas'13 #2

Hummingbird Local Natives [29 Jan]
- Situado algures entre a opulência da baroque pop dos Arcade Fire e a frescura das “sensibilidades universitárias” dos Vampire Weekend, Gorilla Manor (2009), airoso disco de estreia dos Local Natives, transformou este quarteto californiano na coqueluche da indie pop norte-americana. Hummingbird, lançado no início deste ano, é o segundo capítulo da história discográfica do grupo e apresenta-se como uma sucessão lógica do trabalho desenvolvido no antecessor; produzido por Aaron Dessner, guitarrista dos The National, o segundo LP dos Local Natives mantem, em termos gerais, as traves mestras da sonoridade do grupo, combinando-a com uma estética mais polida e direccionada e temas mais negros e introspectivos, fruto das trágicas vivências que têm assolado a vida da banda (em particular, a morte da mãe de Kelcey Ayer, um dos vocalistas, e a saída do baixista Andy Hamm). Porém, apesar da bem-vinda evolução, a verdade é que Hummingbird não consegue, devido às suas fragilidades e inconsistências, chegar ao nível de Gorilla Manor, ficando num patamar razoável que não irá chocar os fãs mas que falha em me encantar por completo.
Pontos altos:
- Ceilings
- Breakers
- Black Balloons
Nota final: 6.0/10

180 Palma Violets [25 Fev]
- Desde o fim dos The Libertines, no ido ano de 2004, que a influente NME tem tentado, a todo o custo, arranjar um sucessor para o “trono” do indie rock britânico, fazendo para isso uso de um hype excessivo que, muitas vezes, acaba por dar em flops tremendos (ver: Kaiser Chiefs e Klaxons). Os Palma Violets, quarteto londrino formado em 2011, são a mais recente vítima da publicação britânica e têm sido vendidos como a melhor banda do lado de lá da Mancha desde que Best of Friends, single de apresentação, foi lançado em Outubro do ano passado. 180, disco de estreia do jovem grupo, serviu de tira-teimas para este hype gigantesco e, infelizmente, apenas veio comprovar os meus receios de flop. Não quero com isto dizer que este é um mau álbum; na verdade, o indie rock juvenil e fervilhante dos Palma Violets consegue, em momentos, ser verdadeiramente encantador, e os pontuais sintetizadores e órgãos conseguem dar um toque “gingão” ao conjunto. Contudo, a verdade é que a quantidade imensa de canções desinteressantes e pontos mortos, aliada à falta de inovação e ao tom derivativo que preenche o registo, faz com que este 180 fique bastante aquém da obra-prima “salvadora” da música britânica que nos foi prometida.
Pontos altos:
- Best of Friends
- Tom the Drum
- I Found Love
Nota final: 6.3/10

Collections Delphic [28 Jan]
- Estávamos no longínquo ano de 2009 e os Delphic eram então, aos meus jovens olhos e ouvidos, uma das grandes promessas da música independente britânica, devido à forma magistral como juntavam em canções como Doubt ou Counterpoint influências da new wave/synthpop (New Order vêem logo à cabeça) com sensibilidades indie rock contemporâneas. Depois, veio Acolyte, no início de 2010, com uma indietronica morna que, apesar de não estar à altura das expectativas, ainda deixava espaço para algumas esperanças no futuro do grupo. E agora, com Collections, creio que está na altura de colocar o último prego no caixão dos Delphic, que se apresentam neste seu segundo tomo discográfico com uma obra demasiado heterogénea, desconexa e sem qualquer semblante de consistência qualitativa. Sintetizadores insonsos, guitarras a meio-gás, pianos pseudo-melancólicos e arranjos de cordas escusados, são estes os ingredientes de um álbum que, à excepção de um par de canções, não tem ponta por onde se lhe pegue.
Pontos altos:
- Baiya
- The Sun also Rises
- Memeo
Nota final: 2.5/10

Push the Sky AwayNick Cave and the Bad Seeds [18 Fev]
- Foi em 2009, a meio de um “furacão Grinderman” em plena potência que Mick Harvey, membro fundador dos Bad Seeds, decidiu abandonar a banda, encerrando uma história de 25 anos enquanto timoneiro dos arranjos do grupo e abrindo lugar para a promoção de Warren Ellis no comando musical. Esta troca de chefias, apesar de pouco tumultuosa, acabou por reflectir-se na sonoridade de Push the Sky Away, 15º disco do grupo, que demonstra Nick Cave e companhia muito mais apostados na criação de ambiências e tons climáticos, quase cinematográficos, descurando a parte mais primal e violenta que costumamos associar aos Bad Seeds. Na verdade, a única violência presente neste álbum apresenta-se a um nível muito mais emocional e psicológico (e aí, as letras de Cave só vêm ampliar o trabalho feito pelo som) do que físico, fazendo deste um disco extremamente passivo-agressivo, que ameaça sempre um golpe tremendo sem nunca o desferir verdadeiramente. E é essa passivo-agressividade que acaba por ser, simultaneamente, o maior trunfo e o maior defeito deste registo, pois apesar de lhe conferir uma maior amplitude e imprevisibilidade (e de aludir a discos como The Boatman’s Call, de 1997), acaba também por torna-lo, ao fim de algumas audições, algo sonolento e monótono. Contudo, apesar de não ser uma obra que mostre Nick Cave e os seus comparsas no seu melhor, Push the Sky Away é um disco que não desilude os fãs nem mancha o legado histórico, de 30 anos, dos portentosos Bad Seeds.
Pontos altos:
- Jubilee Street
- Higgs Boson Blues
- Push the Sky Away
Nota final: 7.1/10

Holy FireFoals [11 Fev]
- Quando ouvi Total Life Forever (2010) pela primeira vez, confesso que antevi para os Foals um futuro brilhante e risonho, alicerçado numa carreira repleta de álbuns que, esperava eu fervorosamente, fossem tão bons (ou até melhores) que aquela quase obra-prima da música pop contemporânea. Infelizmente, os desígnios do Senhor são misteriosos, e os britânicos decidiram largar o belíssimo trabalho feito no seu segundo LP e gravar Holy Fire, um disco que acabou por ser uma tremenda desilusão para mim. Largando quase por completo a math pop borbulhante e açucarada dos primeiros registos (My Number e Bad Habit são alguns dos raros resquícios dessa sonoridade), o terceiro registo dos Foals aposta em paragens mais pesadonas e expansivas, numa tentativa de explorar um arena rock acessível que, com muita pena minha, acaba por soar a algo sensaborão e azeiteiro. É certo que, em alguns momentos, Holy Fire consegue atingir um grande nível de qualidade, especialmente nos singles, mas de uma maneira geral, este é um álbum para esquecer.
Pontos altos:
- Inhaler
- My Number
- Milk & Black Spiders
Nota final: 5.2/10

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