Torna-se sempre difícil falar nestas alturas. A voz
embarga e, neste caso, os dedos ficam perros e recusam-se a escrever. Talvez
seja porque escrever, pensar sobre o assunto, racionalizar, significa aceitar o
que aconteceu e, para muitos, relativizar com um simples “é assim a vida”.
Pode parecer melodramático escrever um texto desta natureza sobre alguém que sempre viveu a milhas de distância e com quem nunca me cruzei, mas a
verdade é que a minha “relação pessoal” com Lou Reed, se é que lhe posso chamar isso, sempre foi além da mera
apreciação do seu trabalho discográfico (absolutamente influente para uma boa
parte da música pop feita desde finais
dos anos 60 até aos dias de hoje, diga-se de passagem). Desde que me conheço
como ser com um gosto musical minimamente aceitável que tenho uma profunda admiração,
quase idolátrica, por Lou Reed.
Ícone da cultura pop
do século XX (a par de nomes como David
Bowie ou Andy Warhol, com quem
conviveu), controverso agitador de consciências e, acima de tudo, génio musical
de nível superior, Lewis Allan Reed,
nascido a 2 de Março de 1942 em Brooklyn, Nova Iorque, para mim sempre
representou, acima de tudo, o espírito de rebeldia que está na essência do punk, inconformista e completamente
indiferente a formalidades ou tabus.
E isso é algo que está bem patente em toda a sua obra
(nem sempre perfeita, é certo, mas sempre com atitude; veja-se bem Metal
Machine Music, “caralhada” gigantesca à indústria musical), desde os The
Velvet Underground, com John
Cale, até aos discos a solo, e também nas suas declarações públicas, sempre
cheias de irreverência e daquela atitude de quem quer que o mundo se foda (“se
tiver mais de três acordes, é jazz”,
disse ele sobre o rock, desafiante,
numa entrevista).
É por isso que hoje, na edição número 64 da Mixtape
da Semana, homenageamos a vida e a obra de Lou Reed (tanto a solo como nos TVU), um dia após a sua morte. Uma
morte que nos deixou a todos, melómanos confessos, um bocadinho mais órfãos.
Esta Mixtape conta com as seguintes
faixas:
·
Sunday
Morning – The Velvet Underground
·
Coney
Island Baby – Lou Reed
·
Pale Blue
Eyes – The Velvet Underground
·
Walk on
the Wild Side – Lou Reed
·
What Goes
On – The Velvet Underground
·
Dirty
Blvd. – Lou Reed
·
White
Light/White Heat – The Velvet Underground
·
Smalltown –
Lou Reed & John Cale
·
Heroin –
The
Velvet Underground
·
Perfect
Day – Lou Reed
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