quarta-feira, 6 de março de 2013

FIDLAR

Formados em Los Angeles por Zac Carper (voz/guitarra), Brandon Schwartzel (baixo), Elvis Kuehn (guitarra) e o seu irmão Max (bateria), os FIDLAR (sigla para o lindo lema “fuck it dog, life’s a risk”) são um jovem quarteto norte-americano de Garage Rock que tem vindo a atrair, nos últimos tempos, uma considerável atenção na internet, graças aos elogios da Pitchfork ao seu estilo slacker e às suas letras hedonistas. O LP de estreia, o homónimo FIDLAR, foi lançado a 22 de Janeiro pela Mom + Pop, e é sobre ele que vamos falar hoje.

Apesar de não querer, de todo, entrar aqui numa demonstração obnóxia de pretensiosismo pseudo-hipster, devo admitir que estávamos ainda em 2011, por alturas do lançamento do seu EP homónimo, que os FIDLAR conseguiram despertar a minha atenção, em virtude duma recomendação que me foi dada num desses sites esquisitos que existem por aí na internet (sim, esse mesmo).

Foi preciso, porém, esperar até finais do ano passado para saber notícias deste quarteto californiano e descobrir que se preparavam para lançar o seu primeiro LP, também ele homónimo, através da Mom + Pop (a grandiosa casa independente de nomes como Andrew Bird, Neon Indian ou Tokyo Police Club). E depois de um leak bastante madrugador e de várias audições, posso afiançar que o disco de estreia dos FIDLAR é, sem dúvida, uma grande bomba.

Trazendo-nos uma sonoridade que pode ser vista como um meio-termo entre os The Stooges e os The Black Lips, os FIDLAR apresentam-se neste LP de estreia com um Garage Rock caótico, sujo e juvenil que tem (quase) sempre o pé no acelerador e que não dá tréguas a quem gosta de música mais “certinha”. Aliado a isso está também uma atitude de slacker boémio reminiscente dos conterrâneos Wavves, bem expressa nas letras, e que faz passar a imagem de que os FIDLAR são, de facto, os paladinos de uma vida regida pela cerveja, pelo skate e pela cocaína (a vida “putas e vinho verde” dos putos californianos de classe média).

Ao nível da produção, levada a cabo pela própria banda, vemos neste álbum a opção por uma estética lo-fi, muito crua e cheia de “grão”, que acentua ainda mais o caos da sonoridade Garage Rock. Quanto às letras, como já foi dito, não se pode dizer que este seja um disco com uma lírica complexa e excepcionalmente profunda; pelo contrário, o que vemos em FIDLAR é uma sucessão de temas directos e “imediatistas”, que nos transportam para o meio duma frat party californiana. No departamento vocal, a entrega de Zac Carper (e dos backing vocals) ajuda a dar um toque Punk ao disco, pelos seus berros desleixados e despreocupados.

Contudo, e apesar das suas tremendas qualidades, FIDLAR falha em ser uma obra perfeita, tendo algumas arestas (das indesejadas) que deveriam ter sido limadas. A primeira, e mais premente, é sem dúvida a inconsistência, que se vai revelando em alguns momentos. Esse desequilíbrio de qualidade, aliado a uma certa homogenia in extremis, faz com que o primeiro longa-duração dos FIDLAR não consiga atingir um patamar mais elevado de excelência.

Na hora das escolhas individuais, devo destacar a frenética Cheap Beer, a virulenta Stoked and Broke, a saltitona No Waves, a aliciante Wake Bake Skate e a portentosa Wait for the Man como as melhores canções deste conjunto. Pelo contrário, as medíocres White on White, Gimme Something e LDA acabam por ser, na minha opinião, as peças menos conseguidas deste FIDLAR.

Em suma, com a sua estreia os FIDLAR conseguem estar à altura das expectativas e lançar um longa-duração que demonstra bem a rudeza, a despreocupação e o hedonismo patente na sonoridade do grupo. Rico em one-liners memoráveis (“I drink cheap beer, so what? Fuck you!” ainda ressoa na minha mente) e impregnado com um hedonismo a lembrar o grandioso Henry Chinaski, FIDLAR pode não ser uma obra-prima, mas é certamente a banda-sonora ideal para as noites de bebedeira com os amigos.

Nota final: 8.0/10

João Morais

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