Anything in Return – Toro y Moi [16 Jan]
- Apesar de ter sido aclamado, juntamente com Washed Out e Neon Indian, como um dos nomes de proa da suposta onda Chillwave que varreu a música
independente em finais da década passada, Toro
y Moi (aka Chaz Bundick) sempre se distinguiu do eremitismo sintético
prevalente no género e foi desenvolvendo, ao longo dos seus dois primeiros
álbuns (Causers of This em 2010 e Underneath the Pine em 2011), uma
sonoridade extrovertida, repleta de fusões de Synthpop, Electronica e Funk com uma linguagem Indie Pop. Anything in Return,
terceiro álbum de Bundick, não foge
a esta regra e tenta explorar ao máximo a relação entre a Indie Pop e os terrenos electrónicos mais dançáveis, acrescentando
para isso ao melting pot de estilos algumas
texturas retiradas da R&B mais
lânguida e sensual. Porém, a verdade é que, por mais promissora que a premissa
pareça, o resultado final falha em superar as expectativas, carecendo das
canções marcantes e da admirável consistência que marcava os seus antecessores.
Apesar de não ser um mau álbum, Anything in Return é, em suma, um
disco que traz um Toro y Moi a meio
gás.
Pontos altos:
- Harm in Change
- Rose Quartz
- Never Matter
Nota final: 6.3/10
Black Sundae – Automagik [1 Jan]
- Um dos poucos álbuns que foi capaz de me cativar por
completo só por causa da capa (olhem bem para ela e digam lá se não está um
mimo!), Black Sundae é o segundo disco de originais dos
norte-americanos Automagik, seguindo-se à estreia, homónima, lançada em 2010.
Porém, apesar da deliciosa capa, a verdade é que a música presente neste LP não nos traz, infelizmente, nenhum
sabor novo ou particularmente gostoso. Com um Indie Rock/Pop deslavado,
derivativo e sem nada de refrescante para acrescentar ao género, Black
Sundae acaba por não ser nada mais do que um conjunto de canções que se
ouvem e rapidamente se esquecem, onde o único ponto digno de nota (pelas piores
razões, diga-se de passagem) surge na voz e na forma horrível como esta se
insere no contexto sonoro do grupo. Resumindo, à excepção dos pontos altos
abaixo assinalados, este Black Sundae é uma obra que se
trinca uma vez e se deita fora, para não causar indigestão.
Pontos altos:
- I’m Only 21
- Moneyshot
- Starlight Rollecoaster
Nota final: 2.3/10
Lysandre –
Christopher Owens [15 Jan]
- Primeiro disco a solo do ex-líder dos já extintos Girls,
Lysandre
apresenta-se como uma obra conceptual que, segundo as palavras de Christopher Owens, nos conta a história
da primeira tour da sua antiga banda,
fazendo o título referência a uma rapariga francesa conhecida pelo meio. Por
mais mirabolante que a premissa possa parecer à partida, a verdade é que o
resultado final não deverá ser surpresa nenhuma para quem tem acompanhado, ao
longo dos últimos anos, o percurso de Owens:
um álbum que mistura, em doses iguais, um Indie
Rock taciturno com uma Folk
bucólica e campestre, sempre acompanhado com um tom ironicamente upbeat e por uma produção entre o Lo-Fi e os arranjos lustrosos dos sopros
de madeira e de metal. Contudo, a verdade é que, à semelhança de Father,
Son, Holy Ghost (2011), segundo (e último) álbum dos Girls,
este Lysandre
acaba por ficar aquém do esperado, pautando-se por uma mediania nas composições
e nas canções que deixa um sabor amargo na boca. É certo que irá agradar aos
fãs de longa data de Owens, mas confesso que esta “estreia” não me deixou muito feliz.
Pontos altos:
- Here We Go Again
- Love is in the Ear of the Listener
- Part of Me (Lysandre’s Epilogue)
Nota final: 5.5/10
We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic – Foxygen [22 Jan]
- Formados em 2005 no solarengo estado da Califórnia
pelos multi-instrumentalistas Jonathan
Rado e Sam France, os
norte-americanos Foxygen fizeram a sua estreia em disco de forma discreta, mas
auspiciosa, em 2011, com Take the Kids Off Broadway, editado
pela Jagjaguwar. We Are the 21st Century
Ambassadors of Peace & Magic, segundo longa-duração dupla, surge
menos de um ano depois e a sua fórmula só deverá surpreender quem não teve
oportunidade para ouvir o seu antecessor: doses elevadas de Psychedelic Rock banhado pelo sol e com
um travo a revivalismo dos anos 60, com as descaradas influências de grupos
como The
Rolling Stones ou The Velvet Underground a serem
filtradas pela inspiração em Anton
Newcombe, lendário líder dos The Brian Jonestown Massacre e “revivalista-mor”
desde o início dos anos 90. Porém, apesar de esta ser uma boa obra, We
Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic padece, à
semelhança do seu antecessor, duma certa inconsistência que mina, de forma
notória, a qualidade geral do registo. Ainda assim, apesar das falhas, a
verdade é que, com álbuns assim, os Foxygen fazem-nos pensar que à
frente deles está um brilhante futuro.
Pontos altos:
- No Destruction
- On Blue Mountain
- We Are the 21st
Century Ambassadors of Peace & Magic
Nota final: 7.5/10
II – Unknown Mortal Orchestra [5
Fev]
- Inseridos na corrente de revivalismo do Psychedelic Rock dos anos 60, a par dos Tame
Impala e dos acima referidos Foxygen, os Unknowm Mortal Orchestra puseram
muito boa gente interessada na sua música (eu incluído) com o seu álbum de
estreia, homónimo, lançado em Junho de 2011, em particular devido à sua
interessante mistura de influências muito bem escolhidas com uma estética Lo-Fi muito suja e analógica. Com o seu
segundo disco, apropriadamente intitulado de II, os Unknown
Mortal Orchestra continuam a desenvolver essa mesma sonoridade do
primeiro trabalho, retendo como influências nomes da laia dos The
Beatles ou dos The United States of America e
conjugando-as com a sujidade e o grão da baixa-fidelidade. Contudo, apesar de
reter, em teoria, todos os ingredientes estilísticos da obra de estreia, II
acabou por ser, para mim, uma pequena desilusão; as melodias não são tão apelativas,
as letras (quando perceptíveis) não me puxaram quase nada e as estruturas não
trazem nada de novo. É certo que não é um mau disco e que Faded in the Morning, faixa que surge quase no final do registo, é
uma das melhores peças que ouvi nos últimos tempos, mas infelizmente devo dizer
que II
acabou por, na minha opinião, não cumprir grande parte das promessas “feitas”
por Unknown
Mortal Orchestra.
Pontos altos:
- One at a Time
- The Opposite of
Afternoon
- Faded in the
Morning
Nota final: 6.5/10
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