sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Curtas #3


Port of Morrow The Shins [20 Mar]
- Apesar das inúmeras alterações do line-up que tiveram lugar entre Wincing the Night Away (2007) e Port of Morrow, e que fizeram de James Mercer o único membro fundador “resistente”, as expectativas para este quarto LP do grupo norte-americano eram bastante elevadas. Porém, este é, na minha opinião, um daqueles casos em que o hype exagerado traz um ligeira decepção. Apesar de ser, no geral, um disco agradável e de trazer algumas interessantes alterações à Indie Pop dos The Shins, como é o caso de uma instrumentação com mais sintetizadores e uma produção mais polida e definida, Port of Morrow também acaba por ser um álbum bastante inconsistente e desequilibrado e que mostra uma regressão de qualidade quando comparado com o seu sucessor. Creio, no entanto, que os fãs mais acérrimos do grupo irão ficar rendidos; eu é que esperava um bocadinho mais.
Pontos altos:
- Simple Song
- No Way Down
- Port of Morrow
Nota Final: 6.1/10

Wrecking BallBruce Springsteen [5 Mar]
- Não sou, nem de perto nem de longe, um grande fã de Bruce Springsteen. Apesar de lhe reconhecer mérito, qualidade e talento, nunca me senti realmente “agarrado” por alguma coisa dele. No entanto, porque respeito aquele que é um dos grandes ícones da Pop Rock dos últimos 40 anos e porque até gostei de ouvir algumas das coisas “recentes” que o senhor tem lançado (em especial Devils & Dust, de 2006), decidi ouvir este Wrecking Ball e fazer uma review. Porém, não posso dizer que tenha ficado agradado com o que ouvi, muito pelo contrário. Mostrando uma queda de qualidade tremenda quando comparado com as três obras anteriores de Springsteen, Wrecking Ball traz uma tentativa de fazer rinse and repeat a uma sonoridade já feita milhões de vezes pelo cantautor norte-americano: o Folk Rock “inspirador”, as letras politicamente "interventivas" mas incrivelmente vazias, os “toques” Country que mostram a ligação às “raízes” do país e a produção gigantesca e inchada. Apesar de um punhado de canções safarem o disco do descalabro total, Wrecking Ball é uma obra que não me conseguiu convencer.
Pontos altos:
- Death to My Hometown
- Wrecking Ball
- Land of Hope and Dreams
Nota Final: 4.2/10

Love at the Bottom of the SeaThe Magnetic Fields [5 Mar]
- Se tivesse feito no início do ano uma lista dos discos que mais aguardava para 2012, o décimo longa-duração dos The Magnetic Fields estaria certamente incluído, ainda para mais quando este se trata do primeiro álbum do grupo depois da “no synth trilogy” concebida por Stephen Merritt na ressaca do incrível triplo disco de 1999, 69 Love Songs. Porém, confesso que a desilusão que senti ao ouvir este álbum quebrou-me o coração. Extremamente inconsistente, Love at the Bottom of the Sea assemelhou-se mais a uma colecção de 15 demos mal trabalhadas e em estado “cru” do que a um LP propriamente dito. E quanto aos tão aguardados sintetizadores, na minha opinião só vieram trazer “açúcar” a mais as canções, e encher as peças de uma sonoridade muito pouco interessante ou estimulante. É certo que as letras de Merritt continuam genialmente irónicas e há aqui um grupo de canções bem conseguidas; no entanto, a falta de trabalho neste LP é, a meu ver, gritante, e faz com que Love at the Bottom of the Sea seja tudo menos um bom álbum.
Pontos altos:
- Andrew in Drag
- The Machine in Your Hand
- Quick!
Nota Final: 3.9/10

Some Nights fun. [14 Fev]
- Um dos discos que mais burburinho gerou no início de 2012, em grande parte por culpa do single de lançamento We Are Young (que conta com a participação de Jannelle Monáe), Some Nights é o segundo lançamento do trio Indie Pop fun., e vem suceder a Aim and Ignite (2009). Porém, e à semelhança do que senti em relação ao seu antecessor, Some Nights pareceu-me um LP bastante fraco e desinteressante. Apesar dos fun. terem decidido mudar um bocado a sua sonoridade e de terem juntado à “mistura” uma grande influência do Hip-Hop e R&B contemporâneo, a verdade é que o som do trio pareceu-me, no fundo, igualmente oco e “plástico”. E a juntar a isso está a esporádica utilização de um auto-tune incrivelmente despropositado, desajustado e foleiro. Tirando os “pontos altos” e um ou outro apontamento interessante, não aproveitei quase nada deste Some Nights.
Pontos altos:
- Carry On
- It Gets Better
- All Alone
Nota Final: 4.2/10

Wreck Unsane [20 Mar]
- Sétimo disco de estúdio dos nova-iorquinos Unsane, Wreck traz-nos 10 faixas ricas em Post-Hardcore e Noise Rock cru, violento e extremamente abrasivo. E se à partida essa mistura parece ser exactamente ao meu gosto, a verdade é que este LP deu-me uma sensação um bocadinho desconfortável de estar a comer “carne mastigada”. Apesar de não ser, nem de perto nem de longe, um obcecado pela inovação constante e permanente na música, a verdade é que este Wreck pareceu-me tão derivativo e tão yesterday’s news que me achei a ouvir o disco e a ansiar por algo de fresco e entusiasmante, coisa que não aconteceu muitas vezes durante os 40 minutos de extensão do álbum. Não quero com isto dizer que Wreck é um mau LP, pois consegue ter momentos extremamente bem executados e mostra uma banda muito eficiente e perita naquilo que faz. No entanto, falta-lhe uma certa imprevisibilidade e excitação que o tire da mediania.
Pontos altos:
- No Chance
- Pigeon
- Ha Ha Ha
Nota Final: 6.2/10

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