Os Linda Martini são um quarteto
lisboeta composto por André Henriques,
Hélio Morais, Pedro Geraldes e Cláudia
Guerreiro. Formados em 2003, produziram o seu primeiro registo em 2005, o EP
homónimo Linda Martini, onde nasceram faixas como Este Mar e a célebre Amor
Combate.
Desde muito cedo cultivam uma vasta legião de fãs, sempre pronta a prestar-lhes culto, e que só aumentou com a estreia nos LP’s, em 2006, com o sublime Olhos de Mongol. Sempre com uma sonoridade própria, com uma entrega imensa e com os lirismos muito bem conseguidos, foram acumulando notoriedade e popularidade junto do público através dos lançamentos dos EP’s Marsupial e Intervalo.
Os Linda Martini surgiram depois dos elementos da banda terem andado na estrada com projectos musicais que enveredavam uma vertente mais marcada pelo hardcore e pelo punk. De que modo julgam estarem presentes estes géneros musicais na vossa sonoridade?
Desde muito cedo cultivam uma vasta legião de fãs, sempre pronta a prestar-lhes culto, e que só aumentou com a estreia nos LP’s, em 2006, com o sublime Olhos de Mongol. Sempre com uma sonoridade própria, com uma entrega imensa e com os lirismos muito bem conseguidos, foram acumulando notoriedade e popularidade junto do público através dos lançamentos dos EP’s Marsupial e Intervalo.
Se eram já uma das bandas mais adoradas no panorama
alternativo português, Casa Ocupada, lançado em 2010,
catapultou-os ainda mais para o topo, quer em termos de fãs quer em termos
qualitativos. De promessa, rapidamente se consolidaram como uma das melhores
bandas portuguesas de todos os tempos. São os Linda Martini, e o Música Dot Com falou com eles:
Os Linda Martini surgiram depois dos elementos da banda terem andado na estrada com projectos musicais que enveredavam uma vertente mais marcada pelo hardcore e pelo punk. De que modo julgam estarem presentes estes géneros musicais na vossa sonoridade?
Linda Martini: Na maneira como fazemos e encaramos a música, essencialmente. Temos
sempre a última palavra nas decisões que afectam a carreira da banda. Não temos
um manager omnipotente. Estamos
sempre por dentro de todas as decisões, sejam elas de edição, promoção, merchandising, etc. E no gostarmos de
tocar alto e sujo, claro.
Na vossa
já longa carreira [contam com quase 10 anos de existência] sucederam-se já
algumas peripécias relevantes que sentenciaram os Linda Martini tal qual
como são hoje. Uma dessas situações foi a saída do Sérgio, membro fundador do grupo, e as razões para esse afastamento
nunca foram muito explícitas. Que circunstâncias ditaram a sua saída?
LM: Nenhuma
circunstância especial que mereça grandes comentários. A vida é feita de amores
e desamores, de vontades simultâneas e de vontades desencontradas. O Sérgio
seguiu um caminho, a dada altura, e os restantes membros seguiram outro.
Simples, sem grandes dramas. Mantemos contacto.
A vossa
música prima pela sua originalidade e criatividade. Notam-se suaves aromas de
bandas como Sonic Youth, At The Drive-in, ou até mesmo, e
numa dose menos carregada, Nirvana, mas o que é facto é que
vocês conseguem fazer do vosso som, um som único. Se vos pedissem para
caracterizar o vosso género musical, como o classificariam?
LM: Rock!
Contam,
até agora, com uma discografia constituída por três EP’s (Linda Martini, Marsupial e Intervalo) e com dois LP’s (Olhos de Mongol e Casa
Ocupada). Nestes 9 anos de Linda Martini qual foi o registo que
mais vos deu prazer em trabalhar, e porquê?
LM: Todos eles foram especiais à sua
maneira. O Linda Martini foi o início e por isso tem logo uma carga muito
forte. O Olhos de Mongol foi um disco em que conseguimos explorar várias
coisas que queriamos experimentar. O Marsupial foi um disco mais
tranquilo, em que deixámos as canções respirarem um pouco mais e foi um disco
em que compusemos bastante já no estúdio. O Intervalo foi o disco em
que decidimos convidar aqueles que nos acompanham nos concertos, para fazerem
parte desse mesmo registo e foi igualmente o disco que nos fez perceber que
gostamos de gravar em registo directo. O Casa Ocupada foi o disco mais
directo e intenso que gravámos e foi também em registo directo, pelo que nos
fez sentir uma banda mais coesa, logo na gravação. Quando o gravámos, já
sabiamos tocar as músicas bem.
São cada
vez mais idolatrados no panorama musical português. São constantemente
invadidos pelo carinho do público, o que é notório nos vossos concertos ao
vivo. Foi neste contexto que decidiram elaborar um registo mais «ao vivo» como Casa
Ocupada, criando um ambiente propício a estabelecer-se uma simbiose
perfeita entre a banda e o público com momentos como, por exemplo, a faixa Cem Metros Sereia a servir de mote?
LM: Não pensámos muito no Casa
Ocupada. Na verdade, as primeiras quatro músicas que fizemos foram a Belarmino Vs., a Ameaça menor, a Queluz menos
luz e a S de Jéssica. Portanto
poderíamos ter ido num registo mais instrumental ou mais rock, nessa fase.
Intuitivamente, acabámos por ir no sentido mais rock do material que tínhamos na altura.
Existe
muita gente que vos apelida de “Os Sonic Youth Portugueses”. A faixa Juventude Sónica, de Casa
Ocupada, é, de algum modo, uma crítica a essa opinião? Com que atitude
encaram essa comparação?
LM: Sempre achámos um pouco redutora a
comparação. Quando fizemos a Juventude
Sónica, foi a primeira vez que pensámos: “Hey! Isto lembra um pouco Sonic
Youth”. E por isso decidimos facilitar o trabalho a quem está sempre à
procura de algo para criticar.
Quem é o
principal responsável pelas letras das músicas dos Linda Martini?
LM: O André.
As vossas
letras apresentam, quase todas elas, um lirismo simples e uma estrutura reduzida.
Faixas (de sucesso estrondoso) como Dá-me
a tua melhor faca ou Elevador são
exemplos máximos disso mesmo. É na premissa de dar alento ao vosso poder
instrumental que optam por composições líricas mais pequenas ou existe uma
segunda intenção como, por exemplo, criar, através dessas mesmas letras, uma
atitude introspectiva no ouvinte?
LM: Há sobretudo uma preocupação de não
escrever só por escrever. Se a música pede só um verso, é isso que lhe damos.
Se uma frase sozinha fala pela música toda, não vamos estar a inventar mais e
com isso retirar força a essa mesma frase. É algo também muito intuitivo.
Qual o
concerto que, até hoje, mais tiveram prazer em dar e qual o vosso palco de
sonho?
LM: É um pouco complicado escolher um. Já fomos
muito felizes em Paredes de Coura
(das duas vezes), no Optimus Alive de
2009, no Ritz (este ano), nas Noites Ritual (2011), na ZDB (2011), etc. Palco de sonho, acho
que não temos. Até porque às vezes, um palco de sonho pode-se revelar num
pesadelo de concerto.
Actuaram, há
pouquíssimo tempo, no San Miguel
Primavera Sound, em Barcelona. Como foi tocar ao lado de bandas tão
icónicas como, por exemplo, Mudhoney ou The Cure? E qual foi a reacção
de nuestros hermanos à vossa
performance? E quanto à actuação de Paus, alguma coisa a dizer?
LM: Não chegámos a estar sequer em contacto
com essas bandas, ainda que tenhamos tocado no mesmo palco que The
xx e afins. Somente nos cruzámos com os Friends. Quanto à
reacção, foi a esperada; as pessoas estavam-nos a conhecer e ainda que não
interagissem durante as músicas como estamos habituados em Portugal, entre elas
eram bastante carinhosos e batiam bastantes palmas. PAUS também foi um bom
concerto e divertiram-se todos bastante.
Quando
pretendem matar a fome dos fãs com um lançamento de mais algum álbum ou de
algum EP? Estão previstos, para
breve, novos projectos?
LM: Estamos neste momento a fazer o
terceiro longa duração. A ideia é gravar lá para o fim do ano e editar em 2013,
para comemorar 10 anos de Linda Martini. Mas é acompanhar o
nosso Facebook, para se saber de como
as coisas estão a correr.
Entrevista realizada por mail por Emanuel Graça
Fotos da autoria de Paulo Segadães, gentilmente cedidas pela banda.
Entrevista realizada por mail por Emanuel Graça
Fotos da autoria de Paulo Segadães, gentilmente cedidas pela banda.
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