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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

À conversa com Noiserv

Dezoito horas, escadinhas da Rua Ivens. Três animadas raparigas fumam um charro enquanto falam, de forma despudorada, dos detalhes das suas vidas sexuais (bem aventurados sejam, anos 60, pela revolução sexual da emancipação feminina). David Santos, nome de “civil” de Noiserv, aproxima-se de nós para uma simpática conversa acerca do seu mais recente longa-duração, Almost Visible Orchestra, lançado de forma independente no passado dia 7. 

A entrevista pode ser lida no Espalha Factos.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Young & Old

Formados em 2010 por Alaina Moore (voz/teclados), o seu marido Patrick Riley (guitarra) e o “pau-de-cabeleira” James Barone (bateria), os Tennis são um trio de Indie Pop norte-americano que atraiu considerável atenção no início de 2011 com o seu primeiro LP, Cape Dory. O seu segundo disco de originais, Young & Old, surgiu mais ou menos um ano depois, a 14 de Fevereiro, e é dele que vamos falar hoje.

Faço aqui um mea culpa no que toca ao “desprezo” a que releguei o primeiro álbum dos Tennis, Cape Dory, mas acreditem, foi por um bom motivo que o fiz; “esquecível”, “descartável” ou “vulgar” são apenas alguns dos adjectivos que eu poderia usar para descrever a (mediana) estreia em longa-duração deste trio oriundo do estado do Colorado.

Porém, a verdade é que o hype não abandonou os Tennis, tendo até se intensificado com o lançamento do segundo LP, pelo que tive de me resignar e parar de “evitar” esta banda e ouvir o disco. Contudo, não posso dizer que tenha ficado muito feliz com o resultado; em Young & Old os Tennis trazem-nos mais do mesmo, e convenhamos que isso não é nada de espectacular.

Mantendo a mistura de vocais adocicados e reverberados de Moore com as guitarras frescas e upbeat de Riley e a bateria simples e básica de Barone que tanto furor fez em Cape Dory, Young & Old consegue preservar a sonoridade veraneante, juvenil e alegre do primeiro disco, mostrando um sentido de continuidade. Contudo, a adição de uma miríade de sintetizadores e teclados vem adicionar uma nova textura ao som dos Tennis, numa tentativa de, quiçá, quebrar o molde deixado em Cape Dory. Na produção, nas mãos de Patrick Carney (baterista dos The Black Keys) também notamos uma certa melhoria em relação ao primeiro disco, com a estética a tornar-se mais profunda e densa.

Porém, a lista de defeitos de Young & Old é tão extensa que faz com que este disco não vá, na minha opinião, muito além daquilo que os Tennis fizeram no seu antecessor. A começar, a homogeneidade extrema, praga recorrente do primeiro LP, volta aqui a atacar em força, fazendo com que quase todas as canções se parecessem cópias umas das outras (com essas “cópias” a soarem-me demasiado inspiradas na estrutura e estilo de Be My Baby). Para essa homogeneidade contribuem também os “recém-chegados” sintetizadores, que apesar de parecerem ao início uma lufada de ar fresco, acabam por imprimir em todas as canções a mesma marca, como se Moore tivesse acabado de aprender a tocar teclados e quisesse mostrar ao mundo os seus progressos.

Outro problema que afecta, a meu ver, este Young & Old é a vulgaridade do som dos Tennis, algo que se mantém desde o primeiro disco. Não sou, de maneira nenhuma, um paladino extremista da criatividade permanente, mas a verdade é que este LP apresentou-me um Indie Pop que se tornou demasiado recorrente e batido para eu conseguir retirar dele uma experiência muito positiva. Na verdade, tal como aconteceu com Cape Doris, em Young & Old pareceu-me que os Tennis se limitaram a repetir velhas fórmulas e clichés, sem mostrar nenhum laivo de identidade própria notável. Todas estas falhas, aliadas a uma inconsistência que faz com que o álbum pareça uma autêntica montanha-russa, ajudam a que Young & Old não me tenha apelado muito.

Na hora de escolher as melhores faixas, a açucarada e terna It All Feels the Same, a groovy e quente Origins, a “summer-y” e sumarenta Traveling, a contagiante e dançável Robin ou a cavalgante e fervilhante High Road revelam-se como temas Pop encantadores capazes de conquistar corações. Contudo, no outro prato da balança, peças como My Better Self, Petition, Dreaming ou Take Me to Heaven mostram o lado menos talentoso dos Tennis, e puxam Young & Old para uma mediocridade extrema.

Sumarizando, Young & Old revela-se como um álbum extremamente mediano, que acaba por se ver dependente de clichés e tiques Indie Pop vulgares e derivativos. Mostrando pouquíssima evolução em relação ao que demonstraram há um ano atrás, com Cape Dory, os Tennis conseguem, ainda assim, demonstrar jeito para as canções catchy e divertidas. Porém, a constante repetição e a monotonia que daí deriva fazem com que Young & Old não seja, para mim, mais do que um disco no meio-termo entre o bom e o mau. Enfim, fica para a próxima.

Nota Final: 5,0/10

João Morais

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Música Nova: Opium Club

Eles são quatro, vêm de Setúbal e praticam “Sardine Rock” (seja lá o que isso for). Ró Neubauer, Alex Swag, Bruno Lemmy, Mary Agnes e Agnes Eiffel (tudo nomes artísticos de alto gabarito) são os integrantes dos Opium Club, grupo que cita, entre muitos outros, The Velvet Underground, Best Coast ou Gossip como influências.

O resultado é Hitchcock, primeira canção divulgada pelo grupo (gravada em colaboração com O Cão Da Morte), e que mostra uma sonoridade Indie Pop e Lo-Fi , letras provocadoras e juvenis, vocais lânguidos, uma estética despreocupada e um ambiente trippy e quente. Pode saber a pouco, mas Hitchcock serve como um belo cartão-de-visita dos Opium Club, uma banda à qual vamos querer estar atentos.

Para saberem mais sobre os Opium Club e poderem ouvir/sacar a canção Hitchcock:

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Something

Projecto Indie Pop fundado em 2005, pelas mãos de Caroline Polachek, Patrick Wimberly e Aaron Pfenning, os Chairlift conseguiram, com Bruises (hit-single do disco de estreia de 2008, Does You Inspire You), entrar na cabeça de muito boa gente. Pois bem, já sem Pfenning, o (agora) duo decidiu lançar o seu segundo LP, Something, disponível nas lojas desde 24 de Janeiro, e que será hoje analisado.

Confesso que, apesar da espectacular e viciante Bruises, não posso dizer que Does You Inspire You me tenha deixado grande impressão. Com uma Indie Pop repetitiva e vulgar, o disco de estreia dos norte-americanos não me deixou com grandes esperanças para um segundo álbum. Contudo, depois de ter visto o hype que este Something estava a ter, decidi dar uma segunda oportunidade aos Chairlift, algo de que não me arrependo nem por um segundo. Apesar de não ser brilhante, Something consegue ser um disco bastante bom, e que demonstra uma banda de cara totalmente renovada.

Apesar de se manterem firmes no território da Indie Pop, os Chairlift mostram, com este segundo disco, uma maior maturidade e ambição. Indo buscar grande parte da inspiração para este álbum aos anos 80, mais propriamente à New Wave e ao Post-Punk anglo-saxónico de nomes como Talking Heads, Brian Eno ou até Devo, Polachek e Wimberly criaram, em Something, um álbum tudo menos banal, que consegue misturar de forma quase perfeita o encanto imediato da Pop com o desafio cerebral da música mais experimental.

Ao nível da produção, a cargo de Dan Carey e Alan Moulder, Something traz uma estética muito próxima da sonoridade dos anos 80; significa isto que, apesar de ser fundamentalmente polida e bem definida, não desdenha de algumas incursões num terreno mais abrasivo e “difícil”. No departamento lírico, dá-se a primazia aos temas introspectivos, surreais, e por vezes abstractos. Apesar de, em raras excepções, os Chairlift acabarem por escrever sobre clichés amorosos (como acontece em I Belong In Your Arms ou Take It Out On Me), não é nada que ponha em causa a qualidade das canções.

Na dinâmica das vozes, o que vemos em Something é um corte com o que foi feito em Does You Inspire You, com o desaparecimento quase total dos duetos entre Caroline e Patrick. Assim, assistimos a Caroline Polachek a assumir uma preponderância muito maior do que vimos em 2008, e notamos uma evolução (positiva) no registo da norte-americana. Mais doce, terna e até, por vezes, sedutora, Polachek consegue, com a sua voz, complementar de forma espantosa as linhas de baixo cheias de groove e os sintetizadores atmosféricos e tresloucados de Something.

Contudo, há alguns senãos neste LP. Apesar de ser um bom disco, Something falha, a meu ver, em manter a consistência ao logo de toda a sua duração, acabando por perder algum do seu apelo a partir da segunda metade. Essa falta de brio, aliada a uma certa homogeneidade que se torna, por vezes, um pouco excessiva, faz com que, apesar do potencial que promete, Something não atinja um patamar de excelência.

Na hora de escolher os pontos altos deste disco, a hipnotizante e enigmática Sidewalk Safari, a cerebral e cativante Wrong Opinion, a viciante e fresca I Belong In Your Arms, a gingona e quente Take It Out On Me ou a contagiante e convidativa Amanaemonesia, todas elas me enchem por completo as medidas. No outro lado do espectro, Cool As A Fire, Frigid Spring ou Turning são, a meu ver, as faixas menos conseguidas de Something.

Resumindo, com Something os norte-americanos Chairlift trazem-nos um disco que demonstra uma evolução notável no que à arte de fazer música diz respeito. Mais maduros, mais experientes e mais ousados, Caroline Polachek e Patrick Wimberly conseguiram assinar, em Something, um álbum de que podem ter orgulho. Pode não ser uma obra-prima, mas a sua audácia, a sua inovação e a sua qualidade no geral fazem com que este seja um belíssimo LP, e que garante entretenimento a todos os que gostam de experimental algo de diferente. Agora só espero que os Chairlift não demorem mais quatro anos a dar seguimento a este belo trabalho.

Nota Final: 8,0/10

João Morais