Quarteto nova-iorquino nascido em 2008, os Pop.
1280 lançaram em 2010 o seu primeiro EP, The Grid, registo que demonstrava uma interessante mistura de Post-Punk com New Wave. Agora, dois anos depois, os Pop. 1280 chegam até nós
com o seu primeiro LP, The
Horror, editado a 24 de Janeiro, e que será analisado aqui, no Música
Dot Com.
Tirando o facto de estarem na Sacred Bones (uma interessante editora independente, que conta
também com The Men e Zola Jesus),
de virem de Nova Iorque e de afirmarem como uma banda de Cyber Punk, pouco se sabe acerca do grupo de Ivan Lip, Chris Bug, Zach Ziemann e Pascal Ludet. The Grid, o EP de 2010, conseguiu deixar muito boa gente interessada no grupo,
devido à forma como misturava o Post-Punk
mais sombrio com uma New Wave esquizofrénica,
tendo até laivos, aqui e ali, de Noise
Rock.
Porém, e apesar de The Grid já ter o seu quê de negrume
e violência, nada me podia preparar para The Horror. Sombrio, caótico e cheio
de distorção, o primeiro disco dos Pop. 1280 mostra uma banda de
arraiais assentes no Noise Rock e no No Wave na sua forma mais extrema e até
macabra. Apesar de não ser, nem de perto nem de longe, uma obra-prima, admito
que The
Horror conseguiu superar largamente qualquer expectativa que eu tivesse
a priori, revelando-se numa bela experiência
auditiva.
Indo buscar inspiração a grupos como Rapeman, Grinderman
ou Swans,
os Pop.
1280 conseguiram criar em The Horror um álbum desafiante e abrasivo, capaz de
chocar os mais sensíveis. Com um som “cheio” e sujo, fruto da mistura das guitarras
distorcidas e cortantes, do baixo espesso, dos sintetizadores espectrais e da
bateria mecânica e quase militar, The Horror traz, ao longo das suas
10 faixas, uma música ousada e que se encontra sempre no “fio da navalha”, e
que demonstra um intento de chocar o ouvinte.
É também na área do chocante, do grotesco e do niilista
que situam as letras de The Horror, cuja violência e
obscenidade se conjugam de forma perfeita com a instrumentação caótica e com os
vocais, compostos por gritos e berros tensos, desconcertantes e perturbadores.
Ao nível da produção, assistimos a uma estética centrada na crueza e na
abrasividade, o que sublinha bem a aposta clara no “desafio” e na provocação.
Contudo, nem tudo me agradou em The Horror. Um dos
maiores problemas deste álbum é, a meu ver, a forma como se torna cansativo ao
longo de várias audições, exigindo muito esforço da parte do ouvinte. Isso
deve-se, sobretudo, à forma como algumas canções se tornam, ao fim de algum
tempo, algo “planas” e repetitivas, o que demonstra uma certa falta de trabalho
em alguns pontos do disco. Não digo que seja um grande defeito, mas é
certamente um factor que pesa na hora de avaliar o álbum.
Quanto às minhas faixas preferidas de The
Horror, a pungente e acelerada Burn
the Worm, a agressiva e avassaladora New
Electronix, a desoladora e tenebrosa Bodies
in the Dunes, a fria e frenética West
World ou a suja e viciante Crime Time
são todas peças que me conseguiram cativar especialmente. Quanto às canções
que, a meu ver, estão menos conseguidas, Nature
Boy, Beg Like a Human e Hang’Em High são as minhas escolhas
óbvias.
Resumindo, The Horror apresenta-se como um álbum
Noise Rock caótico, sujo e difícil,
tal como manda a lei do género. Com uma conjugação de elementos muito bem
conseguida, e que visa fazer passar um sentimento de tensão, angústia e
desolação, este LP dos Pop.
1280 não é, de certo, para toda a gente. Pode não ser um disco
perfeito, mas mostra uma atitude ousada , sendo um sólido passo em frente
quando comparado com The Grid. Confesso que, depois de The
Horror, vou ficar a aguardar ansiosamente o próximo lançamento dos Pop.
1280.
Nota Final: 8,3/10
João Morais
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