The Sea of Memories – Bush (Setembro)
- Dez anos depois de Golden
State, os Bush de Gavin Rossdale
regressaram a estúdio para gravar o seu sexto álbum, num retorno que tinha tudo
para correr mal, mas que acabou por se traduzir em The Sea of Memories, um
álbum surpreendentemente bom. Trazendo alguma frescura ao Alternative Rock dos Bush, este LP aposta em músicas
fortes e enérgicas e em canções bastante viciantes e bem construídas. Apesar de
defeitos como a inconsistência e a perda de fôlego a meio impedirem que este
disco seja uma obra-prima, este The Sea of Memories é um bom álbum, bem
capaz de relançar a carreira do grupo. Confesso que fiquei com algumas
expectativas para um próximo lançamento.
Pontos
altos:
-
The Mirror of Signs
-
She’s a Stallion
-
Stand Up
Nota
Final: 7,2/10
- Ao 3º disco de originais, o grupo
coimbrense liderado por Afonso Rodrigues
decidiu não arriscar muito, e manteve a aposta no seu Folk Rock temperado com Blues
tão característico dos Sean Riley & the Slowriders. É
certo que em It’s Been A Long Night nota-se que a produção, a cargo de Nelson Carvalho, está mais limpa e
cuidada do que em Farewell (2007) e Only Time Will Tell (2009), mas este
disco é uma clara aposta na manutenção de uma sonoridade que tem tido bons
resultados. Apesar de não ser o meu disco favorito do quarteto, It’s
Been A Long Night mostra uns Sean Riley & the Slowriders em grande forma, algo que eu espero que
se mantenha.
Pontos
altos:
-
Silver
-
Travelling Fast
-
Night Owls
Nota
Final: 7,8/10
- Experimentada banda do Garage Punk norte-americano dos últimos
10 anos, os Black Lips decidiram
trabalhar com o famosíssimo Mark Ronson
(Kaiser
Chiefs ou Amy Winehouse estão
no seu currículo) para gravar e produzir o seu sexto disco de originais. O
resultado desta experiência foi Arabia Mountain, o álbum com
produção mais polida e cuidada de sempre da história da banda. Contudo, ao
nível da sonoridade, este continua a ser um disco típico dos Black
Lips, com o Garage Punk de
revivalismo inspirado nos The Kinks e na British Invasion a marcar uma presença forte. Jovial e enérgico,
este Arabia
Mountain não justifica, a meu ver, o hype que gerou, mas é uma bela obra.
Pontos
altos:
-
Modern Art
-
Bicentennial Man
-
New Direction
Nota
Final: 7,5/10
Hurry Up, We’re Dreaming –
M83 (Outubro)
- Para o sexto álbum, os M83
apostaram numa obra megalómana: um álbum duplo que, segundo as palavras de Anthony Gonzalez, explora a temática
dos sonhos. Trazendo a característica Dream
Pop de influência Electronica a
que o grupo já nos habitou, Hurry Up, We’re Dreaming revela-se
num belíssimo conjunto de 22 canções, mostrando uma ambição que nos lembra Mellon
Collie and the Infinite Sadness (1995), dos The Smashing Pumpkins. É
certo que este disco do quinteto francês tem alguma inconsistência e alguns fillers, fruto da sua lona extensão, mas
a verdade é que este Hurry Up, We’re Dreaming não deixa
de ser um belíssimo LP por causa disso. Um grande disco de 2011.
Pontos
altos:
-
Midnight City
-
This Bright Flash
-
New Map
Nota
Final: 8,4/10
Lulu – Lou Reed + Metallica (Outubro)
- Sendo eu fã confesso de Metallica
e de Lou Reed, custa-me
dizer que este Lulu foi das piores coisas que me passou pelos ouvidos neste
2011. A cooperação entre os grandes do Thrash
Metal e o decano do Rock não
parecia acertada ao início, e os medos da comunidade musical revelaram-se
certeiros quando este álbum saiu. Admito que o conceito de misturar spoken word de Lou Reed com o instrumental dos Metallica, com letras
inspiradas num musical alemão do século XIX parecia interessante à partida, mas
acabou por soar a algo demasiado insípido e pouco apelativo. Enfim, fica para a
próxima.
Pontos
altos:
- The
View
-
Cheat on Me
-
Junior Dad
Nota
Final: 3,7/10
Bad as Me – Tom Waits (Outubro)
- Com quase 40 anos de carreira, e com
17 álbuns de originais editados até à data, Tom Waits é já um veterano do Rock,
tendo uma posição já bem firmada no panteão, juntamente com figuras como Bob Dylan ou Neil Young. Contudo, o norte-americano de 62 mantém-se criativo
como sempre, e sete anos depois de Real Gone (2004) lança este Bad
as Me, um álbum que nos traz a voz distinta e icónica do músico, e que
nos mostra um Rock com gostinho a Blues que Waits faz tão bem. Cheio de influências do Jazz, Rockabilly e Rythm & Blues, Bad as Me pode não ser
o melhor que o artista já fez, mas é sem dúvida uma prova que Tom Waits se mantém tão relevante e
actual como sempre.
Pontos
altos:
- Chicago
-
Bad as Me
-
Satisfied
Nota
Final: 8,1/10
Rome – Danger Mouse & Daniele Lupi (Maio)
- Partindo de uma premissa bastante
interessante, de fundir o som das bandas-sonoras dos Western Spaghetti com música
Pop mais actual, Rome é o resultado da
colaboração do músico e produtor norte-americano Danger Mouse (dos Gnarls Barkley) e do compositor
italiano Daniele Lupi, que levou a
pioneira ideia. Com instrumentações belas e cinematográficas, que pintam
paisagens musicas muito apelativas, Rome conta ainda com as
participações especiais de Jack White (The
White Stripes, The Raconteurs) e Norah Jones, que juntaram as suas vozes
a alguns dos temas presentes, e que enriqueceram este belo trabalho. Em suma, Rome
não é perfeito, mas Danger Mouse e Daniele Lupi conseguiram criar aqui um
trabalho sólido, original e bem conseguido, e isso é de louvar.
Pontos
altos:
- Season’s
Trees
-
Two Against One
-
The Matador Has Fallen
Nota
Final: 8,0/10
Wild Flag – Wild Flag (Setembro)
- Composto por antigos membros de bandas
consagradas do Alternative Rock
norte-americano (Sleater-Kinney, Helium e The Minders), as Wild
Flag são um “super-grupo” feminino que lançou este ano o seu primeiro
disco, o homónimo Wild Flag, que traz um Indie
Rock com uma grande influência de sonoridades Punk e Post-Punk, que se
traduz em canções rápidas, frenéticas e imbuídas numa “aura” juvenil com muito
boa onda. Apesar de não conseguir chegar ao nível dos discos “históricos” das
bandas que antecederam este grupo, a verdade é que esta é uma das estreias mais
interessantes deste ano.
Pontos
altos:
-
Boom
-
Short Version
-
Racehorse
Nota
Final: 7,9/10
Hysterical – Clap Your
Hands Say Yeah (Setembro)
- 3º disco deste grupo de Brooklyn, Hysterical
traz-nos uma versão mais mitigada e radio-friendly
da Indie Pop a que os Clap
Your Hands Say Yeah nos habituaram. Com uma produção mais polida, e com
forte aposta em orquestrações clássicas, longe estão os tempos de experimentalismo
e arrojo do disco de estreia homónimo de 2005, onde a música dos Clap
Your Hands Say Yeah faziam lembrar os Talking Heads. É verdade
que, em momentos, este Hysterical parece recordar esses
momentos áureos da banda, mas infelizmente este disco mostra um grupo muito
mais Pop, com a voz de Alec Ounsworth a trocar os seus vocais
pitorescos por um registo mais normal. Confesso que esperava mais deste
quinteto.
Pontos
altos:
-
Same Mistake
-
Into Your Alien Arms
-
Ketamine and Ecstasy
Nota
Final: 6,2/10
Strange Mercy – St. Vincent (Setembro)
- Sucessor do muito aclamado Actor
(2009), Strange Mercy é o terceiro disco da norte-americana St. Vincent, e traz-nos mais um trago
de Baroque Pop de fino recorte que caracteriza
a sonoridade que a artista tem vindo a desenvolver desde Marry Me (2007). Com
recurso a influências vindas do Alternative
Rock e até do Jazz, este disco
traz-nos também letras de tom introspectivo, e uma estética geral bastante
intimista que me agradou bastante. Contudo, nem tudo é brilhante neste Strange
Mercy, e alguns dos seus defeitos, como a inconsistência e a falta de apelo
de algumas canções, impedem-me de poder dizer que este é um LP perfeito. Porém,
este 3º disco de Annie Clark é
bastante bom, e poderá traduzir-se numa boa descoberta para os mais distraídos.
Pontos
altos:
-
Cruel
-
Surgeon
-
Year of the Tiger
Nota
Final: 8,0/10
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