sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Curtas 2011 - Série VI

Audio, Video, Disco – Justice (Outubro)
- Depois de terem tomado o mundo de assalto em 2009, com a estrondosa estreia de , os franceses Justice regressaram este ano com o seu segundo álbum de originais, Audio, Video, Disco, que aposta numa sonoridade mais próxima do Rock de estádio, numa estética que contraste com o negrume do primeiro disco de originais. Contudo, esta aproximação ao Electronic Rock do duo francês de Electro House acaba por me desapontar um bocado, pois estava à espera de um sucessor mais condigno para . Não sendo um mau álbum, acaba por ser demasiado mediano. Parece que a espera foi um pouco em vão.
Pontos altos:
- Civilization
- On’n’On
- New Lands
Nota Final: 6,5/10

Barra 90 – Jorge Cruz (Novembro)
- Jorge Cruz é um artista com créditos mais que provados na música Pop portuguesa. Depois dos Supernada e de uma discreta (mas frutuosa) carreira a solo,Cruz decidiu formar os Diabo Na Cruz, banda Rock (onde entra B Fachada) que muito sucesso tem feito nos últimos anos. Contudo, este ano, Jorge Cruz decidiu lançar um álbum feito a partir de canções que escreveu e compôs nos anos 90, quando ainda vivia na Praia da Barra, em Aveiro. Esse disco, intitulado Barra 90, traz-nos uma Pop leve que, através da combinação de instrumentação acústica com experimentações electrónicas, traz ao de cima ambientes intimistas e retrospectivos. Certamente, um dos 10 melhores discos nacionais de 2011.
Pontos altos:
- Tornados
- Entre Iguais
- 36
Nota Final: 8,2/10

SBTRKT – SBTRKT (Junho)
- Produtor londrino de Electronica, Aaron Jerome, mais conhecido por SBTRKT, estreou-se este ano nos LP’s, com o disco homónimo SBTRKT, que traz uma mistura de Post-Dubstep com sons muito influenciados pela Soul e pelo R&B. Apontado por muitos como um dos melhores discos de 2011, SBTRKT é fresco, dinâmico, hipnótico e viciante, e com uma sonoridade extremamente dançável, consegue ser um dos meus álbuns favoritos deste ano. Este disco levou a que muitos comparassem a obra de Jerome com a do seu congénere britânico James Blake, mas a verdade é que, a meu ver, SBTRKT está milhas à frente de James Blake.
Pontos altos:
- Hold On
- Trials of the Past
- Go Band
Nota Final: 8,8/10

Black Up – Shabazz Palaces (Junho)
- Oriundos de Seattle, cidade conhecida pelo Grunge e pelo frio, os Shabazz Palaces trazem-nos no seu disco de estreia, Black Up, um Hip-Hop minimalista, com uma estética sombria e com uma Electronica calculista e bem conseguida. Contudo, o ponto mais forte deste Black Up é sem dúvida a lírica, sofisticada e bem desenvolvida, que é eficiente na sua tarefa de cativar o ouvinte. Contudo, isto não evita que a inconsistência da sonoridade mine a qualidade geral do álbum. Resumindo, Black Up é uma boa estreia, mas poderia ter sido ainda melhor. Vejamos o que fazem os Shabazz Palaces depois disto.
Pontos altos:
- Free Press and Curl
- The King’s New Clothes Were Made by His Own Hands
- Swerve... the Reeping of All That is Worthwhile (Noir Not Understanding)
Nota Final: 7,0/10

Exmilitary – Death Grips (Abril)
- Mais um colectivo de Hip-Hop, desta vez vindos da California, os Death Grips lançaram este ano o seu primeiro LP, Exmilitary, uma colecção de 13 canções que primam pela abordagem pouco ortodoxa dentro do seu género. Rico em samples vindos de géneros como o Rockabilly (Spread Eagle Cross the Block “sampla” Rumble, de Link Wray), Hardcore Punk (Klink vai buscar o riff a Rise Above, dos Black Flag) e até do Prog Rock (I Want it, I Need it (Death Heated) é ousado o suficiente para ir “roubar” a Interstellar Overdrive dos Pink Floyd), este Exmilitary pode dissuadir um pouco ao início, mas a verdade é que a sua estética agressiva, a sua sonoridade fria e impessoal e o seu conceito arrojado e inovador fazem com que seja impossível ignorar este primeiro disco dos Death Grips.
Pontos altos:
- Takyon (Death Yon)
- Klink
- Thru the Walls
Nota Final: 7,8/10

Mirror Traffic – Stephen Malkmus & the Jicks (Agosto)
- Considerado por muitos como o “padrinho” do Indie Rock dos anos 00 devido ao seu (fantástico) trabalho nos anos 90 com os Pavement, Stephen Malkmus está num ponto da sua carreira onde não precisa de provar nada a ninguém. Depois da tour de reunião com a sua antiga banda, Malkmus pôs mãos à obra e criou este magnífico Mirror Traffic, um dos mais aclamados discos de 2011, que nos traz um Alternative Rock com um toque já bem familiar.
Balançando entre um lado mais acústico e uma faceta ligada à corrente, este quinto LP com os Jicks mostra-nos Stephen Malkmus a fazer aquilo que faz melhor, e é por isso que faz dele uma obra tão boa.
Pontos altos:
- Senator
- Stick Figures in Love
- Tune Grief
Nota Final: 8,5/10

Demolished Thoughts – Thurston Moore (Maio)
- Terceiro álbum a solo do guitarrista e vocalista dos seminais Sonic Youth, Demolished Thoughts traz-nos um Thurston Moore num registo diferente daquele a que estamos habituados. Praticando um interessante Acoustic Rock cheio de influências do Folk e com uma produção (a cargo de Beck) que faz uso extensivo de arranjos de cordas, este Demolished Thoughts parte de um conceito ambicioso, e concretizado quase na totalidade. É certo que por vezes o disco perde intensidade e torna-se menos cativante, mas Thuston Moore nunca perde o controlo em Demolished Thoughts, e isso faz deste LP uma obra para ouvir e reflectir.
Pontos altos:
- Circulation
- Orchard Street
- Mina Loy
Nota Final: 7,4/10

Go Tell Fire to the Mountain – WU LYF (Junho)
- Oriundos de Manchester, estes quatro misteriosos rapazes que respondem pelo nome de WU LYF (sigla para World Unite Lucifer Youth Foundation) praticam um Indie Rock abrasivo, directo e catártico, que mostra uma forte influência de bandas como os Modest Mouse ou The War on Drugs. Apesar de não ser fácil de gostar à primeira da voz de Ellery Roberts, factor que pode afastar alguns ouvintes, a verdade é que o Indie Rock de inspirações Noise Pop que os WU LYF apresentam neste Go Tell Fire to the Mountain é do melhor que o Reino Unido já exportou este ano.
Pontos altos:
- Cave Song
- We Bros
- Dirt
Nota Final: 8,0/10

Colour Trip – Ringo Deathstarr (Março)
- Mais um álbum de estreia ,desta vez dos texanos Ringo Deathstarr, Colour Trip é um conjunto de 11 canções que mostram um Noise Rock e um Shoegaze dignos de uns The Jesus and Mary Chain ou de uns My Bloody Valentine. Com uma música rica em distorção e feedback, este LP dos Ringo Deathstarr é uma bela obra que, através das suas canções pujantes e dos seus vocais etéreos, conseguiu conquistar-me quase por completo. Pode não ser um álbum perfeito, mas este Colour Trip mostra que o grupo de Alex Gehring sabe bem o que faz.
Pontos altos:
- Do it Every Time
- Kaleidoscope
- Tambourine Girl
Nota Final: 8,4/10

w h o k i l l – tUnE-yArDs (Abril)
- Segundo disco deste projecto experimental da norte-americana Merrill Garbus, w h o k i l l sucede ao muito aclamado BiRd-BrAiNs (2009), e traz uma sonoridade muito diferente da que vimos no seu antecessor. Fundindo Indie Pop com influências Jazz e electrónicas e até de World Music, tUnE-yArDs consegue criar, neste seu segundo LP uma obra extremamente rica e com um conceito experimental verdadeiramente inovador e interessante. É certo que por vezes Garbus se deixa levar pelo seu experimentalismo, o que torna a música tão densa que é quase impossível retirar algum proveito dela. Contudo, este w h o k i l l não deixa de ser um grande disco, da qual se conseguem extrair poderosas sensações.
Pontos altos:
- My Country
- Riotriot
- Killa
Nota Final: 7,9/10

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