quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Curtas 2011 - Série IV


Circuital – My Morning Jacket (Maio)
- Com uma sonoridade de arraiais bem assentes na Folk mais psicadélica, os My Morning Jacket lançaram este ano o seu sexto álbum, Circuital, um disco que aposta forte na continuidade do som que deu fama ao grupo norte-americano. Contudo, apesar de ter apreciado o Folk do grupo no passado, este LP pareceu-me demasiado vagaroso e pouco entusiasmante, algo de que não estava à espera. É certo que algumas das faixas deste Circuital estão muito bem conseguidas, e conseguem levar o disco a bom porto, mas a verdade é que este sexto LP demonstra que os My Morning Jacket estão longe do seu pico criativo.
Pontos altos:
- Circuital
- Wonderful (the Way I Feel)
- Holdin’ on to Black Metal
Nota Final: 6,8/10

Parasol – Julie & the Carjackers (Novembro)
- Juntos desde 2009, os Julies & the Carjackers poderiam muito bem ser vistos como um projectos californiano de Indie Pop, devido à tropicalidade e exotismo da sua música, mas na verdade este duo é produto bem nacional. No seu LP de estreia, Parasol, João Correia e Bruno Pernadas trazem-nos uma música cheia de Sol e de Verão, que tem como ponto forte larga panóplia de instrumentos que usa nesta fusão de influências Jazz na Indie Pop acústica. Estes Julie & the Carjackers são um projecto bastante interessante, e este Parasol é um bom cartão de visita, que faz crescer água na boca.
Pontos altos:
- Wait by the Telephone
- One Thousand Stray Dogs
- Haystack
Nota Final: 7,9/10

Live Music – The Strange Boys (Outubro)
- 3º LP dos norte-americanos The Strange Boys, Live Music mostra-nos um Garage Rock Revival que tem como grandes influências o Country, o Blues e as paisagens do sul dos EUA. Cheio de pequenos detalhes que nos levam para uma garagem quente e suada do Texas, Live Music infelizmente não me conseguiu cativar com essa receita de Rock de pêlo na venta e suor em bica. Curiosamente, é quando os The Strange Boys saem dessa fórmula quadrada e abandonam as roupagens do Country e do Blues que conseguem realmente mostrar maior qualidade. Espero que para a próxima os The Strange Boys se encaminhem, pois este Live Music é muito, muito mediano.
Pontos altos:
- Punk’s Pajamas
- Omnia Boa
- Over the River and Through the Woulds
Nota Final: 5,6/10

Pés Frios – Doismileoito (Outubro)
- Depois da estreia em 2009, com o homónimo Doismileoito, este grupo nacional lança agora, três anos volvidos, Pés Frios, o seu segundo álbum, que nos traz mais 10 temas de Indie Rock em tons nacionais. Infelizmente, este segundo álbum dos Doismileoito sabe um pouco a desilusão, estando longe dos tempos áureos do seu antecessor. É verdade que este disco tem momentos fortes e canções muito bem desenvolvidas, mas produção mais polida e a orientação mais Pop do álbum deixam um pouco a desejar. Porém, este Pés Frios não é, de todo, um mau LP, e irá certamente deixar muitos fãs do grupo satisfeitos.
Pontos altos:
- Conta Contigo
- Pés Frios
- Cão
Nota Final: 7,3/10

Hello Sadness – Los Campesinos! (Novembro)
- Com um enganador título, Hello Sadness é o quarto disco dos galeses Los Campesinos! e prima pela Indie Pop de travo alegre e feliz que está presente nas 10 canções que preenchem o LP. Com uma produção mais polida e limpa que os seus antecessores, e com alguns sintetizadores a polvilharem, aqui e ali, o disco, Hello Sadness pode não ser uma obra perfeita, mas é um óptimo disco para quem está à procura de música Pop leve, fresca e viciante.
Pontos altos:
- Songs About Your Girlfriend
- The Black Bird, the Dark Slope
- Baby I Got the Death Rattle
Nota Final: 7,5/10

The Future is Medieval – Kaiser Chiefs (Junho)
- Com uma técnica de distribuição e marketing muito sui generis, que tentava subverter as regras no jogo no que toca à maneirca como compramos e consumimos a música, este The Future is Medieval é o quarto LP dos britânicos Kaiser Chiefs, surgindo três anos depois do seu antecessor, o polémico Off With Their Heads (2008). Porém, se a estratégia de vendas do quinteto inglês é ambiciosa, o mesmo não se pode dizer da sonoridade do álbum em si, que mostra uns Kaiser Chiefs que estagnaram numa Indie Pop muito batida e aborrecida. Apesar de algumas peças conseguirem quebrar a monotonia, e de se notar um possível experimentalismo com os sintetizadores e com a Electronica, este The Future is Medieval é a prova de que os Kaiser Chiefs precisam urgentemente de atinar.
Pontos altos:
- Long Way From Celebrating
- Dead or in Serious Trouble
- Kinda Girl You Are
Nota Final: 5,0/10

Days – Real Estate (Outubro)
- Depois da muita aclamada estreia em 2009, com o homónimo Real Estate, este quinteto norte-americano decidiu apostar na continuidade com Days, uma obra onde o Indie Rock de estética Lo-Fi  é rei, e onde as paisagens calmas e contemplativas, fruto do reverb, proliferam livremente. Contudo, nem tudo é rosas neste Days, e a verdade é que, ao fim de algum tempo, este álbum tende a tornar-se um bocado maçudo, devido à homogeneidade (quase) extrema deste LP. Porém, se há coisa que este registo mostra é que os Real Estate encontraram uma fórmula vencedora, que tem dado bons resultados.
Pontos altos:
- Green Aisles
- It’s Real
- Younger Than Yesterday
Nota Final: 7,8/10

Fala Mansa – Norberto Lobo (Maio)
- Apontado pela Blitz como o melhor disco português de 2011, Fala Mansa é o terceiro longa-duração do guitarrista Norberto Lobo, e mostra uma clara evolução do artista. Mantendo a estética simples e despida que caracterizou Mudar de Bina (2007) e Pata Lenta (2009), Lobo consegue ainda assim inovar, e trazer para este Fala Mansa instrumentos inéditos na sua obra, como pianos e sintetizadores, que ajudar a criar neste álbum magníficos cenários bucólicos, quase cinematográficos. Apesar de algumas vezes me ter perdido com o experimentalismo exacerbado de Norberto, a verdade é que a pura beleza deste Fala Mansa é mais que evidente. Não me arrisco a dizer já que é o melhor álbum nacional do ano, mas anda lá perto.
Pontos altos:
- Charleston Para Jack
- Balada Para Lhasa
- Aconchego Solar
 Nota Final: 8,7/10

Kiss Each Other Clean – Iron & Wine (Janeiro)
- Nascido Samuel Beam, este cantautor norte-americano vindo do estado do South Carolina tem produzido alguns dos discos mais aclamados pela crítica dos últimos anos, como é o caso de Our Endless Numbered Days (2004) ou The Sheperd’s Dog (2007), pelo que Iron & Wine  tinha uma tarefa difícil de superar com este Kiss Each Other Clean. Porém, se é verdade que este quarto LP do artista não está ao nível das magníficas obras que o antecedem, também é certo que as tendências Folk e as influências Jazz/Funk da Pop que Beam nos traz neste disco não deixam de encantar pela sua beleza e intimismo com que estão imbuída. Apesar de não ser perfeito, este Kiss Each Other Clean é um álbum que mostra bem a assinatura de Iron & Wine, e conseguirá agradar aos fãs ao mesmo que tempo que serve de porta de entrada para novos ouvintes.
Pontos altos:
- Monkeys Uptown
- Big Burned Hand
- Your Fake Name is Good Enough for Me
Nota Final: 8,0/10

The English Riviera – Metronomy (Abril)
- Tendo valido ao grupo uma nomeação aos mui prezados Mercury Prize deste ano, este The English Riviera é um corte quase completo com o trabalho anterior do grupo de Joseph Mount, que abandona a Electronica para uma Indie Pop virada para a New Wave dos anos 80, algo que beneficiou (e muito) a sonoridade do grupo. É certo que as tendências electrónicas permanecem, com os sintetizadores Electropop a marcar presença, mas aqui estão muito mais comedidas, e submetidas às ordens do baixo gingão e dançante Gbenga Adelekan. Contudo, depois de ouvir este The English Riviera fiquei com a impressão que os Metronomy podiam ter feito melhor, tendo aqui ideias que não foram, a meu ver, desenvolvidas ao máximo do seu potencial. No entanto, é deles uma das melhores faixas do ano, The Bay, simplesmente magnífica.
Pontos altos:
- Everything Goes My Way
- The Look
- The Bay
Nota Final: 7,0/10

2 comentários:

  1. Relativamente à apreciação do disco dos Doismileoito, dois reparos:
    O primeiro disco surgiu em Fevereiro de 2009 (e não em 2008), e nos "pontos altos", o nome da música é "conta contigo" e não "conta comigo".

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  2. Muito obrigado pela chamada de atenção, as correcções devidas já foram feitas.

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