sábado, 31 de dezembro de 2011

Curtas 2011 - Série VII


Underneath the Pine – Toro Y Moi (Fevereiro)
- Tendo sido um dos primeiros projectos de Chillwave a ganhar proeminência no mundo da música, com o seu disco de estreia Causers of This (2010), Chaz Bundick, mais conhecido por Toro Y Moi, decidiu mudar o registo para o seu segundo álbum, Underneath the Pine, e trazer-nos uma música muito mais próxima da Dream Pop convencional. Com grande utilização do Ambient e da Electronica, Underneath the Pine é bem sucedido na criação de temas bastante atmosféricos, calmos e intimistas, dignos de uma noite passada à beira da lareira. Perdendo-se um pouco em alguns momentos, Underneath the Pine falha em ser tão bom quanto o seu antecessor, mas não envergonha Bundick.
Pontos altos:
- New Beat
- Before I’m Done
- Light Black
Nota Final: 7,2/10

Building Waves – Glockenwise (Janeiro)
- Lançando o seu primeiro disco de originais no início deste 2011, Building Waves, este quarteto oriundo de Barcelos traz-nos um LP preenchido com uma sonoridade Garage Rock de grande inspiração Punk, com uma atitude deliciosamente juvenil e despreocupada. Com influências vindas de grandes clássicos como Ramones ou Sex Pistols, e pegando no legado deixado pelos malogrados The Vicious Five são mais uma prova de que, se soubermos procurar, iremos ver que existe um vasto leque de novos projectos a acontecer na música portuguesa neste momento, e de nos devemos orgulhar disso. Não sendo uma obra imaculada, Building Waves consegue, ainda assim, criar expectativas para um auspicioso futuro para os Glockenwise.
Pontos altos:
- Bardamu Girls
- Columbine (Out of this Town)
- It’s Not a Dead End But Most Certainly Looks Like One
Nota Final: 8,2/10

Torches – Foster the People (Maio)
- Ascendendo à ribalta com o seu viral primeiro single, Pumped Up Kicks, lançado ainda em Setembro do ano anterior, os Foster the People foram, sem dúvida, um dos fenómeno mais populares de 2011. Com o seu primeiro disco, Torches, este grupo californiano traz-nos um Indie Pop bem próximo da Electronica de dança, com claras influências da Neo-Psychedelia polvilharem, aqui e ali, o LP. Contudo, o problema com os Foster the People é que, por mais que eu tente gostar do disco, a verdade é que Torches soa-me a algo previsível, pouco consistente e bastante banal. É certo que há aqui um par de faixas que conseguem ser bastante apelativas, mas no geral, o LP de estreia dos Foster the People não me agradou de todo.
Pontos altos:
- Helena Beat
- Pumped Up Kicks
- Houdini
Nota Final: 3,3/10

Smother – Wild Beasts (Maio)
- Este terceiro LP dos Wild Beasts, grupo britânico de Alternative Pop, tem sido largamente aclamado pela crítica, considerado por alguns como o melhor disco de 2011. Contudo, eu não consigo concordar com este consenso da imprensa especializada. Apesar de achar interessante a fusão de sonoridades Dream Pop e Electronica, com influência de Soul nos vocais e estética Indie Rock, a verdade é que Smother falhou em cativar-me por completo, ficando num limbo entre ser um “bom álbum” e um “álbum bom”, pendendo mais para o segundo. As suas falhas, as suas inconsistências e os seus defeitos levam-me a achar que todo o hype foi exagerado, contudo este não deixa de ser um disco recomendável.
Pontos altos:
- Bed of Nails
- Plaything
- Albatross
Nota Final: 7,5/10

Rolling Blackouts The Go! Team (Janeiro)
- Ao terceiro disco de originais, o sexteto britânico que dá pelo nome de The Go! Team decidiu trazer-nos Rolling Blackouts, uma obra que continua a presentear-nos com a abordagem diferente e pouco usual do grupo de criar uma Indie Pop assente na mistura da estética Hip-Hop e Funk com a sonoridade Alternative Rock. Esta mescla de sons resulta num álbum fresco e animado, que prima pelos seus deliciosos pormenores, conferidos pelo toque Motown que a rica instrumentação e vasta utilização de metais. Apesar de haver momentos em que o álbum se perde e se torna um bocado aborrecido, Rolling Blackouts não deixa de ser uma obra bastante recomendável.
Pontos altos:
- Buy Nothing Day
- The Running Range
- Rolling Blackouts
Nota Final: 7,9/10

We Are Rising – Son Lux (Abril)
- Feito em apenas quatro semanas, o segundo disco de Ryan Lott aka Son Lux traz-nos uma delicada (e curta) colecção de 8 canções de Chamber Pop de fino recorte, onde a experimentação da Electronica, do Lo-Fi e da Psychedelic Pop se conseguem ouvir a cada instante. Toante e profundo, We Are Rising tem os seus momentos épicos, mas o tom geral do álbum prima pela claustrofobia (num bom sentido) que a sonoridade deste LP transmite. Infelizmente, neste álbum Lott perdeu-se a meio no seu experimentalismo, resultando numa obra pouco coesa e sólida. Contudo, é de louvar o arrojo e a inovação de Son Lux neste We Are Rising.
Pontos altos:
- Rising
- Let Go
- Rebuild
Nota Final: 7,0/10

LiveLoveA$AP – A$AP Rocky (Outubro)
- Primeira mixtape oficial deste rapper nova-iorquino, LiveLoveA$AP traz-nos um Alternative Hip-Hop muito fresco e bem produzido que, devido à sua estética negra e fria, suscita comparações aos OFWGKTA de Tyler, the Creator e Earl Sweatshirt. Contudo, se na sonoridade se conseguem encontrar semelhanças, na lírica não se pode dizer o mesmo; evitando explorar os temas mais macabros e bizarros dos Odd Future, A$AP Rocky prefere ser mais simples e repetitivo nas suas letras, e falar de erva, da vida de gangsta e dos seus homies, algo que me deixou definitivamente de pé atrás. Contudo, aquilo que sobressaí neste álbum, a sua boa sonoridade e produção bem conseguida, são realmente de admirar.
Pontos altos:
- Palace
- Leaf
- Demons
Nota Final: 8,0/10

The People’s Key – Bright Eyes (Fevereiro)
- Oitavo (e possivelmente último) disco da banda de Conor Oberst, The People’s Key mostra uma abordagem estilística diferente daquela a que os Bright Eyes nos têm habituado desde a sua estreia em 1998, com A Collection of Songs Written and Recorded 1995–1997. Deixando o Indie Folk que lhes é tão característico de lado, os Bright Eyes trazem-nos, neste The People’s Key, uma sonoridade muito próxima do Indie Rock, com uma presença mais pronunciada de guitarras eléctricas mais pujante, mas também com mais uso de sintetizadores. É certo que o grupo de Oberst já fez muito melhor anteriormente, e seria uma pena que o “canto do cisne” dos Bright Eyes fosse este, mas The People’s Key não deixa de ser um disco fácil de se disfrutar.
Pontos altos:
- Jejune Stars
- Triple Spiral
- One For You, One For Me
Nota Final: 7,6/10

Undun – The Roots (Dezembro)
- O décimo-primeiro disco dos The Roots é uma das provas que sustentam a minha teoria de que NÃO se devem fazer listas de final de ano ANTES do final de ano, e muito menos antes de Dezembro. Saído no início deste mês, Undun é um brilhante disco de Hip-Hop que cola influências vindas da Soul, R&B e Pop para criar esta obra calma, hipnótica e relaxante que muito bem me soou. Com um flow e uma mestria lírica irrepreensíveis, Undun mostra que este conjunto se mantém genial como sempre. De destacar também a pequena peça de quatro partes, ao piano, intitulada de Redford Suite, que se diferencia de tudo o resto presente no álbum. Ah, e One Time é capaz de ser uma das melhores canções de 2011, tenho dito.
Pontos altos:
- One Time
- The OtherSide
- I Remember
Nota Final: 8,8/10

PAUS – PAUS (Outubro)
- “Uma bateria siamesa, um baixo maior que a tua mãe e teclados que te fazem sentir coisas” – as palavras não são minhas, mas sim dos próprios PAUS, e apesar da fonte não ser imparcial, esta descrição não podia estar mais fiel à realidade. Depois do lançamento do (delicioso) EP É Uma Água no ano passado, Hélio Morais (Linda Martini, If Lucy Fell), Joaquim Albergaria (ex-Vicious Five), Makoto Yagyu (If Lucy Fell) e João “Shela” (If Lucy Fell) trazem-nos, neste ano de 2011, o seu primeiro LP, o homónimo PAUS, que traz um Math Rock que por vezes faz lembrar os Battles, mas com um cunho bem pessoal e um gostinho bem português. Com a influência dos drones do Krautrock de bandas como Neu! Ou Can, e com uma música composta de várias camadas de sons, que se vão entrelaçando entre si, PAUS é uma obra densa, poderosa e magnífica, que mostra algo verdadeiramente único no nosso país, e que por isso se arrisca a ser o melhor disco português do ano.
Pontos altos:
- Muito Mais Gente
- Deixa-me Ser
- Tronco Nú
Nota Final: 8,9/10

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