Underneath the Pine – Toro Y Moi (Fevereiro)
- Tendo sido um dos primeiros projectos
de Chillwave a ganhar proeminência no
mundo da música, com o seu disco de estreia Causers of This (2010), Chaz Bundick, mais conhecido por Toro Y Moi, decidiu mudar o registo
para o seu segundo álbum, Underneath the Pine, e trazer-nos
uma música muito mais próxima da Dream
Pop convencional. Com grande utilização do Ambient e da Electronica,
Underneath
the Pine é bem sucedido na criação de temas bastante atmosféricos,
calmos e intimistas, dignos de uma noite passada à beira da lareira.
Perdendo-se um pouco em alguns momentos, Underneath the Pine falha em ser tão
bom quanto o seu antecessor, mas não envergonha Bundick.
Pontos
altos:
-
New Beat
-
Before I’m Done
-
Light Black
Nota
Final: 7,2/10
Building Waves –
Glockenwise (Janeiro)
- Lançando o seu primeiro disco de
originais no início deste 2011, Building Waves, este quarteto
oriundo de Barcelos traz-nos um LP preenchido com uma sonoridade Garage Rock de grande inspiração Punk, com uma atitude deliciosamente
juvenil e despreocupada. Com influências vindas de grandes clássicos como Ramones
ou Sex
Pistols, e pegando no legado deixado pelos malogrados The
Vicious Five são mais uma prova de que, se soubermos procurar, iremos
ver que existe um vasto leque de novos projectos a acontecer na música
portuguesa neste momento, e de nos devemos orgulhar disso. Não sendo uma obra
imaculada, Building Waves consegue, ainda assim, criar expectativas para
um auspicioso futuro para os Glockenwise.
Pontos
altos:
- Bardamu
Girls
-
Columbine (Out of this Town)
-
It’s Not a Dead End But Most Certainly Looks Like One
Nota
Final: 8,2/10
Torches – Foster the People
(Maio)
- Ascendendo à ribalta com o seu viral
primeiro single, Pumped Up Kicks, lançado ainda em Setembro do ano anterior, os Foster
the People foram, sem dúvida, um dos fenómeno mais populares de 2011.
Com o seu primeiro disco, Torches, este grupo californiano
traz-nos um Indie Pop bem próximo da Electronica de dança, com claras
influências da Neo-Psychedelia
polvilharem, aqui e ali, o LP. Contudo, o problema com os Foster the People é que,
por mais que eu tente gostar do disco, a verdade é que Torches soa-me a algo
previsível, pouco consistente e bastante banal. É certo que há aqui um par de
faixas que conseguem ser bastante apelativas, mas no geral, o LP de estreia dos
Foster
the People não me agradou de todo.
Pontos
altos:
-
Helena Beat
-
Pumped Up Kicks
-
Houdini
Nota
Final: 3,3/10
Smother – Wild Beasts (Maio)
- Este terceiro LP dos Wild
Beasts, grupo britânico de Alternative
Pop, tem sido largamente aclamado pela crítica, considerado por alguns como
o melhor disco de 2011. Contudo, eu não consigo concordar com este consenso da
imprensa especializada. Apesar de achar interessante a fusão de sonoridades Dream Pop e Electronica, com influência de Soul
nos vocais e estética Indie Rock, a
verdade é que Smother falhou em cativar-me por completo, ficando num limbo
entre ser um “bom álbum” e um “álbum bom”, pendendo mais para o segundo. As
suas falhas, as suas inconsistências e os seus defeitos levam-me a achar que
todo o hype foi exagerado, contudo este
não deixa de ser um disco recomendável.
Pontos
altos:
-
Bed of Nails
-
Plaything
-
Albatross
Nota
Final: 7,5/10
Rolling Blackouts – The Go! Team (Janeiro)
- Ao terceiro disco de originais, o
sexteto britânico que dá pelo nome de The Go! Team decidiu trazer-nos Rolling
Blackouts, uma obra que continua a presentear-nos com a abordagem
diferente e pouco usual do grupo de criar uma Indie Pop assente na mistura da estética Hip-Hop e Funk com a
sonoridade Alternative Rock. Esta
mescla de sons resulta num álbum fresco e animado, que prima pelos seus
deliciosos pormenores, conferidos pelo toque Motown que a rica instrumentação e vasta utilização de metais.
Apesar de haver momentos em que o álbum se perde e se torna um bocado
aborrecido, Rolling Blackouts não deixa de ser uma obra bastante
recomendável.
Pontos
altos:
-
Buy Nothing Day
-
The Running Range
-
Rolling Blackouts
Nota
Final: 7,9/10
We Are Rising – Son Lux (Abril)
- Feito em apenas quatro semanas, o
segundo disco de Ryan Lott aka Son
Lux traz-nos uma delicada (e curta) colecção de 8 canções de Chamber Pop de fino recorte, onde a
experimentação da Electronica, do Lo-Fi e da Psychedelic Pop se conseguem ouvir a cada instante. Toante e
profundo, We Are Rising tem os seus momentos épicos, mas o tom geral do
álbum prima pela claustrofobia (num bom sentido) que a sonoridade deste LP transmite.
Infelizmente, neste álbum Lott perdeu-se
a meio no seu experimentalismo, resultando numa obra pouco coesa e sólida.
Contudo, é de louvar o arrojo e a inovação de Son Lux neste We Are Rising.
Pontos
altos:
-
Rising
-
Let Go
-
Rebuild
Nota
Final: 7,0/10
LiveLoveA$AP – A$AP Rocky (Outubro)
- Primeira mixtape oficial deste rapper nova-iorquino,
LiveLoveA$AP
traz-nos um Alternative Hip-Hop muito
fresco e bem produzido que, devido à sua estética negra e fria, suscita
comparações aos OFWGKTA de Tyler, the
Creator e Earl Sweatshirt.
Contudo, se na sonoridade se conseguem encontrar semelhanças, na lírica não se
pode dizer o mesmo; evitando explorar os temas mais macabros e bizarros dos Odd
Future, A$AP Rocky prefere
ser mais simples e repetitivo nas suas letras, e falar de erva, da vida de gangsta e dos seus homies, algo que me deixou definitivamente de pé atrás. Contudo,
aquilo que sobressaí neste álbum, a sua boa sonoridade e produção bem
conseguida, são realmente de admirar.
Pontos
altos:
-
Palace
-
Leaf
-
Demons
Nota
Final: 8,0/10
The People’s Key – Bright
Eyes (Fevereiro)
- Oitavo (e possivelmente último) disco
da banda de Conor Oberst, The
People’s Key mostra uma abordagem estilística diferente daquela a que
os Bright
Eyes nos têm habituado desde a sua estreia em 1998, com A
Collection of Songs Written and Recorded 1995–1997.
Deixando o Indie Folk que lhes é tão
característico de lado, os Bright Eyes trazem-nos, neste The
People’s Key, uma sonoridade muito próxima do Indie Rock, com uma presença mais pronunciada de guitarras
eléctricas mais pujante, mas também com mais uso de sintetizadores. É certo que
o grupo de Oberst já fez muito
melhor anteriormente, e seria uma pena que o “canto do cisne” dos Bright
Eyes fosse este, mas The People’s Key não deixa de ser um
disco fácil de se disfrutar.
Pontos
altos:
-
Jejune Stars
-
Triple Spiral
-
One For You, One For Me
Nota
Final: 7,6/10
Undun – The Roots (Dezembro)
- O décimo-primeiro disco dos The Roots é uma das
provas que sustentam a minha teoria de que NÃO se devem fazer listas de final
de ano ANTES do final de ano, e muito menos antes de Dezembro. Saído no início
deste mês, Undun é um brilhante disco de Hip-Hop que cola influências vindas da Soul, R&B e Pop para criar esta obra calma, hipnótica
e relaxante que muito bem me soou. Com um flow
e uma mestria lírica irrepreensíveis, Undun mostra que este conjunto se
mantém genial como sempre. De destacar também a pequena peça de quatro partes,
ao piano, intitulada de Redford Suite,
que se diferencia de tudo o resto presente no álbum. Ah, e One Time é capaz de ser uma das melhores canções de 2011, tenho
dito.
Pontos
altos:
-
One Time
-
The OtherSide
-
I Remember
Nota
Final: 8,8/10
PAUS – PAUS (Outubro)
- “Uma bateria siamesa, um baixo maior que a tua mãe e teclados que te
fazem sentir coisas” – as palavras não são minhas, mas sim dos próprios PAUS,
e apesar da fonte não ser imparcial, esta descrição não podia estar mais fiel à realidade. Depois do lançamento do (delicioso) EP É Uma Água no ano
passado, Hélio Morais (Linda
Martini, If Lucy Fell), Joaquim
Albergaria (ex-Vicious Five), Makoto
Yagyu (If Lucy Fell) e João “Shela” (If Lucy Fell) trazem-nos,
neste ano de 2011, o seu primeiro LP, o homónimo PAUS, que traz um Math Rock que por vezes faz lembrar os Battles,
mas com um cunho bem pessoal e um gostinho bem português. Com a influência dos drones do Krautrock de bandas como Neu! Ou Can, e com uma música
composta de várias camadas de sons, que se vão entrelaçando entre si, PAUS
é uma obra densa, poderosa e magnífica, que mostra algo verdadeiramente único
no nosso país, e que por isso se arrisca a ser o melhor disco português do ano.
Pontos
altos:
- Muito
Mais Gente
-
Deixa-me Ser
-
Tronco Nú
Nota
Final: 8,9/10
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